Entenda o que é a fome emocional

A fome emocional é um sinal preocupante de que os seus sentimentos andam à flor da pele. Conheça esse problema e saiba como tratá-lo.

Nathan Rodrigues

31/10/2019 às 15h18 - quinta-feira | Atualizado em 04/11/2019 às 18h29

A fome emocional, como o próprio nome indica, é um sinal preocupante de que os seus sentimentos andam à flor da pele. Neste texto, conheça um pouco mais sobre esse problema e como tratá-lo.

Manter uma alimentação saudável e equilibrada é um dos pré-requisitos para evitar uma série de problemas de saúde. Às vezes, contudo, uma refeição inadequada pode ser um sintoma de que as coisas não andam bem no campo emocional.

Você já reparou se já comeu mais ou menos do que o de costume em algum dia em que estava muito ansioso ou estressado?

A esse 'descompasso' se dá o nome de fome emocional.

A Super Rede Boa Vontade de Rádio tratou o assunto em uma conversa com a nutricionista Lara Natacci. Trazemos aqui alguns tópicos desse esclarecedor bate-papo.

O que é fome emocional?

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A fome emocional pode ser entendida como o hábito de comer para 'descontar' a ansiedade, a tristeza, o estresse e até a euforia — em geral, alimentos calóricos (com muito açúcar, sal e carboidrato).

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Dessa maneira, explica a medicina, 'treina-se' o cérebro para associar a comida como alívio para os problemas.

"Quem come por emoções, quando está estressado, ansioso ou com qualquer outra emoção negativa, acaba tendo mais descontrole na alimentação", explica a dra. Lara.

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Tal comportamento faz com que a pessoa ganhe e perca peso frequentemente, entrando no chamado 'efeito sanfona.'

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A nutricionista cita consequências psicológicas da fome emocional:

"Esse indivíduo come mesmo estando saciado e tem sensações ruins por ter comido sem haver necessidade. Ele fica frustrado, com aquela sensação de fracasso, de quem fez besteira mesmo."

Fome emocional x fome fisiológica

Antes de explicar os desdobramentos da fome emocional, é preciso entender a alimentação fisiológica, aquela que é considerada comum.

Arquivo BV

Segundo a nutricionista, a "fome fisiológica vai aparecendo aos poucos, é gradativa, normalmente se busca uma refeição mais equilibrada para se satisfazer, tem uma sensação boa de prazer depois de comer. Ela não é esquecida ao fazer uma outra atividade."

Ao estabelecer esses 'parâmetros', a dra. Lara destaca como a fome emocional se desenvolve:

"A alimentação emocional é aquela que aparece de repente, quando buscamos algum tipo de alimento específico, que parece confortante, urgente, que não dá para esperar para comer."

A fome emocional é um distúrbio alimentar?

A resposta — curta e simples — para essa pergunta é: não.

Descontar emoções em comida não significa necessariamente que a pessoa tenha compulsão alimentar, prevista no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

É válido pontuar, no entanto, que a fome emocional pode, sim, ser um sintoma ou gatilho para um comportamento compulsivo.

Eis a diferença: a compulsão alimentar é periódica, com fatores genéticos envolvidos e sintomas específicos. A pessoa come tudo o que está pela frente e não sente saciedade.

Geralmente, está relacionada a outros transtornos psiquiátricos, como bipolaridade, ansiedade e depressão.

A bulimia e a anorexia são exemplos de compulsão alimentar.

Já a fome emocional está ligada a um alimento desejado. E, ao satisfazer esse desejo, a pessoa não tem mais vontade de comer.

Como identificar a fome emocional

Os principais sintomas da fome emocional são:

⇒ Comer para aliviar sentimentos ruins, celebrar ou como forma de recompensa;
⇒ Vontade de comer alimentos específicos;
⇒ Fome repentina diante de uma situação tensa;
⇒ Sentimento de culpa após a comida.

Como se livrar da fome emocional

Separamos algumas dicas preciosas para você 'driblar' esse problema e manter uma boa saúde mental, emocional e física.

"Quando identificamos a alimentação emocional, podemos desenvolver uma lista de atividades para checar quando sentir isso", comentou a dra. Lara Natacci.

Anote e, o mais importante, coloque em prática:

1. Procure ajuda profissional

Reprodução BV

A fome emocional está ligada a fatores psicológicos e ao estado emocional da pessoa. Por isso, neste caso, é importante recorrer a um acompanhamento profissional.

Um psicólogo vai ajudar você a compreender e lidar com suas emoções e demandas (pessoais e profissionais), expectativas e frustrações.

Em casos mais graves, um psiquiatra pode colaborar para o tratamento da fome emocional, prescrevendo alguns medicamentos.

2. Promova uma reeducação alimentar

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Pessoas com este problema costumam ter uma alimentação bem desequilibrada — apelando, com frequência, para fast foods ou comidas industrializadas.

Já tratamos por aqui dos prejuízos dos fast foods e industrializados à saúde.

Desta maneira, recomenda-se uma reeducação alimentar. Inclua, em seu cardápio, alimentos mais saudáveis e nutritivos, que garantem maior sensação de saciedade e não deixem você com fome tão cedo.

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3. Faça exercícios físicos

Essa é uma dica muito comum em listas de hábitos para uma vida saudável. No que se refere à fome emocional, a prática de exercícios físicos surge como uma boa fonte de prazer.

Ao encontrar atividades que também trazem felicidade e satisfação, a pessoa tem seu tempo ocupado de maneira saudável e fica longe da geladeira e de qualquer 'tentação' alimentar.

"Quando a pessoa se distrai, a fome emocional desaparece", ressalta a nutricionista clínica.

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4. Coma de forma mais consciente

Quem recorre à comida quando está estressado, ansioso ou eufórico, tem mais chance de ter uma dieta descontrolada.

E as escolhas, como a dra. Lara informou, costumam ser bem ruins: alimentos altamente calóricos.

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Imagine o prejuízo: alimentos com índices altos de glicemia liberam muita insulina, que dá uma saciedade temporária.

Depois de um tempo, a fome volta. Entende por que é fundamental segurar o ímpeto e frear a alimentação emocional?

5. Tente relaxar

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Em situações de estresse, verifica-se um aumento na produção de cortisol. Este hormônio também cresce quando dormimos pouco.

"Alguns estudos relacionam a falta de sono com uma tendência à descontrole alimentar, principalmente no que diz respeito aos carboidratos", explica a nutricionista.

Para evitar 'assaltos' à geladeira, e não encontre conforto na comida, recomenda-se relaxar. ;)

"Isso diminui um pouco a influência das emoções na hora de escolher os alimentos e a pessoa se alimentar", completa.

Se você tem sinais de que anda muito estressado, lembre-se desta dica.

Conclusão

A fome emocional ocorre quando uma pessoa desconta suas frustrações ou expectativas na comida.

Diferentemente da compulsão alimentar, não está relacionada a transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão.

Embora não possa ser classificada como um distúrbio, merece toda atenção, pois é capaz de 'treinar' o cérebro para associar a comida como alívio para os problemas.

Alguns cuidados podem ser tomados para que esse comportamento seja freado e a pessoa tenha uma vida saudável.