Mundo tem recordes históricos de calor na terra e nos mares

Entenda os fatores que causam os recordes de temperatura no planeta Terra

Da redação

11/07/2023 às 12h47 - terça-feira | Atualizado em 11/07/2023 às 16h42

O mundo acaba de ter dias mais quentes já registrados, de acordo com dados preliminares divulgados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O levantamento também aponta o junho mais quente já registrado, com temperaturas sem precedentes na superfície dos oceanos e a menor extensão de gelo já vista no mar da Antártida.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse, recentemente, que as alterações climáticas estão fora de controle. "Se persistirmos em adiar medidas fundamentais, penso que estamos caminhando para uma situação catastrófica, como demonstram os últimos recordes de temperatura”. 

Unsplash/John Towner

2020 foi a década mais quente já registrada, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial

Aumento sem precedentes no Oceano Atlântico

Essas temperaturas recordes na terra e no oceano representam risco de impactos elevados nos ecossistemas e no meio ambiente. Segundo o chefe de monitoramento climático da OMM, Omar Badour, o Oceano Atlântico também quebrou recordes de calor. 

Ele afirmou que a temperatura na superfície do Atlântico Norte subiu 1,5°C acima da média histórica, um aquecimento considerado “sem precedentes”. Badour contou ainda que a semana de 4 a 7 de julho poderia ser considerada a mais quente já registrada. 

El Niño em evolução

O recorde deste ano deve-se, em grande parte, às temperaturas muito altas da superfície dos oceanos, não só por causa das alterações climáticas, mas também por culpa do fenômeno climático El Niño, que afeta o clima regional e global. É responsável por anos considerados secos ou muito secos.

"Reconhecemos que estamos num período quente devido às alterações climáticas e, combinado com o El Niño e as condições quentes do verão, observamos temperaturas recordes em muitos locais do mundo”, disse a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).

O fenômeno climático El Niño, agora nos estágios iniciais de desenvolvimento, deve aumentar ainda mais o calor, tanto na superfície terrestre quanto nos mares, gerando temperaturas mais extremas e ondas de calor marinhas.

Um relatório do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, colaborador da OMM, mostrou que este junho ficou pouco mais de 0,5°C acima da média de 1991-2020, quebrando o recorde anterior de junho de 2019. 

De acordo com dados provisórios de reanálise da Agência Meteorológica do Japão, a temperatura média global em 7 de julho foi de 0,3°C acima do recorde anterior registrado em 16 de agosto de 2016, um ano marcado por um forte El Niño.

Consistência entre os dados

As informações japonesas, embora não confirmadas ainda, já são consistentes com dados preliminares de outros órgãos. Segundo Badour, os números compilados precisam passar por um “rigoroso processo de controle de qualidade”, como faz a OMM para seus relatórios sobre o Estado Global do Clima. 

No entanto, ele afirma que esses registros provisórios fornecem mais uma evidência das mudanças no padrão climático global devido “ao episódio El Niño em evolução".

A OMM destaca também que o calor é resultado de alterações profundas que estão acontecendo no sistema do planeta como resultado da mudança climática causada pelos seres humanos. 

Países precisam se preparar para calor extremo gerado pelo El Niño

O chefe do Serviço Regional de Previsão Climática da OMM, Wilfram Okia, disse que o Caribe, a América Central e a região norte da América do Sul estão entre os que serão mais afetados. 

O El Niño surge em intervalos de dois a sete anos e dura de nove meses a um ano. A mais recente atualização da OMM prevê que este episódio tem 90% de probabilidade de continuar na segunda metade de 2023. 

De acordo com o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, o início do El Niño “aumentará muito a probabilidade de o mundo bater recordes de temperatura.” A previsão é de calor extremo em várias partes do mundo e nos oceanos. 

Em maio, a OMM já havia indicado que há 98% de chance de que pelo menos um dos próximos cinco anos, e o período de cinco anos como um todo, seja o mais quente já registrado. Isso significa que o recorde atingido em 2016, quando houve um El Niño excepcionalmente forte, seria superado. 

Antecipação para salvar vidas

Taalas enfatizou que a declaração de um El Niño pela OMM é “o sinal para os governos de todo o mundo mobilizarem os preparativos para limitar os impactos na saúde, nos ecossistemas e nas economias.”

Ele disse que alertas precoces e ações de antecipação de eventos climáticos extremos “são vitais para salvar vidas e meios de subsistência.”

Os eventos do El Niño são normalmente associados ao aumento das chuvas em partes da América do Sul, dos Estados Unidos, do Chifre da África e da Ásia central. Por outro lado, o El Niño também pode causar secas severas na Austrália, Indonésia, áreas do sul da Ásia, América Central e no norte da América do Sul.

Durante o verão boreal, a água quente resultante do El Niño pode impulsionar furacões no centro/leste do Oceano Pacífico, mas pode impedir também a formação de furacões na Bacia do Atlântico.

Impactos de saúde

A diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Neira, disse que a provável ocorrência do El Niño em 2023 e 2024 terá “efeitos graves nos principais determinantes da saúde.”

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Como principais riscos, ela mencionou o aumento de doenças transmitidas pela água, como a cólera, e potenciais surtos de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e febre do Vale do Rift.

Para apoiar a preparação nos países, a OMM passou a emitir Atualizações Climáticas Sazonais Globais (em inglês), que incorporam influências de outros eventos climáticos, como a Oscilação do Atlântico Norte, a Oscilação do Ártico e o Dipolo do Oceano Índico.

BRASIL TEM IMPORTANTE PAPEL NA REDUÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Fim do desmatamento e do uso de combustíveis fósseis 

Sobre o tema, a revista BOA VONTADE (ed. 284) ouviu a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), especialista em fogo nos biomas Amazônia e Cerrado, a paraense Ane Auxiliadora Costa Alencar, que é graduada em Geografia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), tem mestrado em Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação Geográfica pela Universidade de Boston e doutorado em Recursos Florestais e Conservação pela Universidade da Flórida, ambas nos Estados Unidos. 

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Na entrevista, a cientista aponta as medidas que urgem ser implementadas para evitar um cenário pior, bem como chama a atenção para a participação de toda a sociedade no incremento dessa nova mentalidade. 

"Estamos sentindo já todos os males das mudanças climáticas globais. Esse último trabalho só vem a referendar isso. Entretanto, ainda temos esperança de mudar o nosso consumo. A emissão de combustíveis fósseis é um elemento importante; então, a descarbonização das economias é o ponto central para que realmente se consiga dar uma virada nesse contexto de emergência. Outro ponto ressaltado é que isso tem de ser feito de maneira justa. O que significa que aqueles países que estão sofrendo mais com as mudanças climáticas, as pessoas mais vulneráveis, têm de ter oportunidades de sair dessa situação. (...) Hoje, no Brasil, temos visto que muitos problemas com enchentes, deslizamentos, secas, isso tudo tem afetado mais os vulneráveis".  

Clique aqui e leia a entrevista na íntegra.

O PLANETA PRECISA DE TODOS

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Outros estudos e esforços da área científica somam-se a este estudo da ONU, para mostrar que a situação do planeta é grave e inspira muitos cuidados. Nesse sentido, dentro da campanha “A destruição da Natureza é a extinção da raça humana”, o presidente da LBV, José de Paiva Netto, já vem alertando sobre esses trágicos acontecimentos desde a década de 1980. Inspire-se sobre o tema com o artigo Solidariedade com a Terra, no qual o escritor reitera nosso papel fundamental no cuidado com o meio ambiente.

É necessário que a consciência socioambiental seja propagada, unindo a preservação do meio ambiente ao desenvolvimento do Ser Humano e seu Espírito Eterno, na resolução de uma estratégia de sobrevivência, como ensina a Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo.

Com ações simples, mas eficazes, podemos contribuir para não piorar o mundo. Confira:

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Reforçamos que todos têm a necessidade de desfrutar de um ecossistema equilibrado, o esforço tanto dos cidadãos como do Poder Público é imprescindível. Ainda mais porque a situação crítica, pede esforços cada vez mais intensos. Façamos a nossa parte.

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Com informações das Nações Unidas