OMS alerta: fone de ouvido alto pode causar perda auditiva a mais de 1 bilhão

Uso inseguro de dispositivos de áudio é o principal motivo, exposição a sons muito altos e lugares barulhentos também podem causar deficiência auditiva

Karine Salles

04/03/2015 às 03h13 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

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Uso inseguro de dispositivos de áudio é o principal motivo, exposição a sons muito altos e lugares barulhentos também podem causar deficiência auditiva

Sabe aquela história que alguém mais velho sempre diz que ouvir música muito alta faz mal? Pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) concorda com eles! Segundo o órgão, mais de 1 bilhão de jovens podem perder a audição por causa do uso inseguro de dispositivos de áudio — ou seja, por deixar o fone de ouvido alto demais — e também pela exposição a sons muito altos ou lugares barulhentos. Por causa disso, a OMS lançou um alerta nesta quarta-feira,3, para mostrar à população os cuidados a serem tomados com a saúde dos ouvidos e sensibilizar que é possível se divertir sem provocar problemas auditivos.

O estudo, realizado pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com adolescentes e jovens entre 12 e 35 anos, revelou que cerca de metade deles são expostos a volumes prejudiciais para a saúde por meio de aparelhos de áudio; 40% do público é submetido a níveis de som potencialmente perigosos em ambientes diversos. Por isso, o otorrinolaringologia Diderot Parreira, salienta que "provavelmente, vamos ter mais velhinhos com problemas de audição na nossa geração do que na anterior, dos nossos pais, justamente por causa da exposição a ruídos intensos".

Para ilustrar a dimensão do problema: a agência recomenda 85 decibéis como o máximo nível de exposição permitido em um lugar de trabalho, por um período total de oito horas por dia. No entanto, muitas locais têm o volume acima desse patamar, em torno dos 100 decibéis; este índice é seguro apenas por 15 minutos.

Visando evitar problemas futuros de audição, a OMS propõe uma série de medidas. Algumas são bem simples, como manter o volume dos aparelhos baixo, usar fones de ouvido apropriados e restringir o uso de dispositivos de áudio a menos de uma hora diária. Sobre os fones de ouvido, uma orientação dos especialistas é preferir o de tipo concha, já que os inseridos no canal auditivo levam o som diretamente à membrana timpânica, sem nenhuma barreira de proteção às delicadas estruturas que compõem a orelha interna.

O otorrino lembra o volume ideal para ouvir música "[com os fones de ouvido] é aquele que, enquanto você está ouvindo uma música, uma notícia, você também escuta outra pessoa falando com você normalmente". Para o especialista, a prevenção também é "a melhor arma para lutar contra a perda auditiva. A audição perdida não volta mais. Prevenir é a melhor opção", recomenda. 

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Em todo o mundo, existem hoje 360 milhões de pessoas com perda de moderada a profunda de audição por diferentes razões, como o barulho, condições genéticas, complicações de nascimento, certas doenças infecciosas, uso de drogas e velhice. Todos os anos, em 4 de março, a OMS celebra o Dia Internacional do Cuidado da Audição e usa a data para lembrar a população de medidas simples que podem prevenir a perda precoce desse sentido humano.

Parreira lembra que os ruídos do cotidiano também podem alterar o lado emocional das pessoas. "A parte emotiva da pessoa vai ficar alterada. Chegando em casa, isso vai aflorar um pouquinho e pode fazer a pessoa ter diminuição de concentração, nervosismo, estresse, dificuldade pra dormir. Tudo isso pode estar relacionado à poluição sonora que a gente vive no cotidiano".

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Com informações das Agências Brasil e ONU