O perigo do sal: ‘A maioria de nós nem sabe o quanto de sódio consome’

Karine Salles

19/03/2015 às 02h32 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

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Você sabe quando come de sódio por dia? Não vale contar só o sal que você vê: o que coloca na salada, ao preparar o almoço ou algo assim. Um alerta recentemente ecoado pela Organização Mundial da Saúde é para que as famílias fujam do sódio escondido, aquele presente nos alimentos industrializados, escolhendo mais as refeições preparadas em casa e com ingredientes frescos. 

“A maioria de nós nem sequer sabe o quanto de sódio consome, isto porque a maior parte do que consumimos está escondido em alimentos processados. Para mudar este cenário, parte da solução deve partir da indústria produtora de alimentos, que deve reduzir o sódio nos seus produtos”, disse Branka Legetic, consultora da Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) para Doenças Crônicas Não Transmissíveis.

As crianças são especialmente vulneráveis à publicidade e ao marketing de alimentos e, ao mesmo tempo, estão desenvolvendo seus hábitos alimentares nesta fase, o que terá um forte impacto sobre o padrão de consumo alimentar quando adultos. O alto consumo de sal durante a infância pode predispor os pequenos a doenças como a hipertensão, osteoporose, asma e outros problemas respiratórios, obesidade e câncer de estômago. Até por isso, a entidade pede o fim da publicidade voltada ao público infantil de alimentos com elevadas quantidades de sódio.

O fato de que crianças e adolescentes estão em estágio de desenvolvimento é uma ótima oportunidade, pois isso reflete também no seu paladar, que está em formação. “O sabor salgado é uma preferência adquirida, por isso é possível que os pais e cuidadores tomem medidas que evitem que as crianças tenham preferências por alimentos excessivamente salgados desde a primeira infância”, destacou Legetic. “Outra estratégia é envolver as crianças e adolescentes na preparação das refeições em casa, para que eles possam estabelecer bons hábitos alimentares para toda a vida.”

HIPERTENSÃO: UM PROBLEMA MUNDIAL

Adultos que consomem diariamente mais de 2 mil miligramas de sódio – equivalente a 5 gramas de sal por dia – têm maior risco de desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, bem como insuficiência renal. As diretrizes oficiais da OMS recomendam que estes limites sejam ajustados para baixo quando consideramos o consumo de crianças e adolescentes, que geralmente consomem menos calorias diárias do que os adultos.

A OMS aponta que a hipertensão afeta cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Considerada silenciosa, por não ter sintomas, é também um importante fator de risco para outras doenças, como infartos e acidentes vasculares cerebrais.

De acordo com o nefrologista Décio Mion, especialista em hipertensão arterial e responsável pelo Serviço de Monitoração Ambulatorial da Pressão Arterial do Hospital Albert Einstein, a pressão alta tem consequências muito graves, como o derrame, o infarto e a paralização dos rins. "O que acontece é o endurecimento das artérias, que podem entupir ou romper. No infarto, elas entopem. No derrame, elas podem entupir ou romper, causando o derrame que a gente chama isquêmico hemorrágico", explica. Essas complicações são responsáveis por mais de nove milhões de mortes em todo o mundo.

Por isso, é preciso conhecer os números ideais da tensão do sangue nas artérias. "Recomendamos que os adultos meçam a pressão pelo menos uma vez por ano. E, se existem casos na família, pode ser a cada seis meses, porque o mais importante é o diagnóstico precoce", ressaltou o especialista. A Sociedade Brasileira de Hipertensão indica que a pressão considerada normal é aquela que, na média, é igual ou inferior a 12 por 8 mmHg.

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A enfermidade não tem cura, mas é de fácil diagnóstico e o paciente tem a chance de seguir com a vida tranquilamente ao incluir novos hábitos em seu cotidiano. "A pessoa deve estar dentro do peso correto, praticar atividades físicas, não exagerar no sal e evitar o estresse", salienta o nefrologista. Ele ainda reforça: "as pessoas obesas e sedentárias que exageram no sal e no álcool têm mais chances de ter pressão alta".

“A dica para diminuir o uso do sal é utilizar temperos à base de ervas aromáticas, que realçam o sabor sem precisar do uso exagerado do sal, e não deixar o saleiro à disposição em cima da mesa. Quanto ao açúcar, preferir alimentos com pouca ou sem adição de açúcar, doces à base de frutas e substituir o açúcar (ou pelo menos parte dele) no cafezinho, suco, por adoçantes dietéticos”, sugere a nutricionista Carolina Godoy. “Todos devem ficar de olho nas embalagens dos produtos e ler a tabela nutricional.”

Colocar o respeito à saúde como prioridade é fundamental. Além do cuidado material com o corpo físico, deve-se ter a consciência de que cada um é responsável pelas consequências que o descuido com a saúde implica ao Espírito, pois se forem relapsos com o organismo o tempo de vida na Terra pode ser comprometido e, com isso, prejudicar a própria trajetória de evolução espiritual. 

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Com informações da ONU Brasil