'Almofada de coração' alivia dor física e emocional de quem retirou a mama

Conheça a emocionante história de Odete Silva, que confecciona almofadas especiais para mulheres que passaram por cirurgia por conta do câncer de mama.

Nathan Rodrigues

08/10/2019 às 14h35 - terça-feira | Atualizado em 10/10/2019 às 15h00

O câncer de mama responde a cerca de 28% dos casos novos da doença em mulheres.

Causada pela multiplicação desordenada de células da mama, gerando anomalias, a doença afeta a mulher em níveis físicos e emocionais.

O diagnóstico traz consigo incertezas e medos, já que o tratamento provoca efeitos colaterais como a ganho ou perda de peso, queda dos cabelos, problemas na pele, enfraquecimento das unhas, ressecamento da boca, entre outros.

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Essas mudanças na aparência abalam a autoestima da paciente, causando graves quadros emocionais, como a depressão.

Por isso, já destacamos a importância da família no tratamento do câncer de mama.

Contar com a solidariedade dos entes querido e amigos é fundamental para que a mulher não se desanime e aprenda a lidar com as possíveis mudanças físicas durante o tratamento.

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(Vale lembrar que o câncer de mama também acomete homens, embora represente apenas 1% dos casos.)

Convidamos você a conhecer a história de Odete Moreira Silva, de 85 anos, moradora de Brasília/DF.

Ela confecciona almofadas de coração para mulheres que retiraram os seios por conta do câncer de mama, como forma de elevar a autoestima das pacientes.

RESPONDENDO A UM PEDIDO

Dona Odete tomou conhecimento da ação solidária promovida por Denise, amiga da filha Valéria, em favor das pacientes com câncer de mama.

Estas almofadas, ainda que pareçam simples, ajudam no alívio da dor, na redução do inchaço e diminuição da tensão nos ombros.

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Além disso, pode ser utilizada debaixo do cinto de segurança do carro para proteger contra eventuais golpes.

"A almofada de coração tem um significado muito importante, porque, além de trazer o conforto para o paciente, traz um acolhimento emocional. O câncer de mama não traz só uma dor física, mas também uma dor emocional. É um ato generoso, de amor, ver que foi feito com toda a delicadeza, com todo o cuidado para você", explica a dra. Raquel Rosa, fisioterapeuta oncológica.

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Questionada se podia contribuir com o projeto, Odete não fez cerimônia.

Se não podia colaborar na entrega das almofadas, serviria de mão de obra para a idealizadora da proposta.

Costurar, ela sabia — e muito bem.

"Morava muito longe [da casa de Denise] e não tinha carro para levar aos hospitais. Fazer, eu podia", contou à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, Internet e publicações).

Com as instruções de Denise, começou a confeccionar, com muito zelo e carinho, as almofadas de coração.

E não parou mais.

DE CORAÇÃO PARA CORAÇÃO

Sonia Clariano

Dona Odete posa ao lado do marido, o sr. Delcio Thomaz da Silva.

Esta é uma atividade que dona Odete realiza, com muita satisfação, há mais de dez anos. Nesse período, ela já se perdeu nas contas de quantas almofadas confeccionou.

Cada almofada de coração é uma ajuda à autoestima de quem recebe e de quem faz.

"Eu já distribuí mais de mil! Eu me sinto muito bem, gosto de fazer, quero ajudar. Começo a fazer e não paro mais", comenta.

Uma atividade que, segundo dona Odete, é feita por amor e não pode ser revertida em ganhos financeiros.

Ela se nega a receber qualquer quantia em dinheiro, mesmo quando a solicitante pretende pagá-la. E aceita apenas um tipo de troca.

"Quando me pedem, dou com maior prazer. Às vezes as pessoas querem me pagar, mas eu não recebo. Eu posso receber material, mas não aceito dinheiro."

Nada cobre o sentimento de felicidade em ajudar o próximo.

"Eu me sinto realizada. Uma mulher falou para mim que não deixa suas duas almofadas por nada, leva até para dirigir. Ela teve câncer nos dois seios e isso serve para não inchar ou doer", conta.

FEITA COM CARINHO

Estas almofadas de coração são feitas exclusivamente para mulheres que passaram por cirurgia por causa do câncer de mama.

A almofada é acomodada debaixo do braço, na axila, de modo a neutralizar a dor da ferida cirúrgica.

Por conta disso, é preciso confeccioná-las com materiais especiais: o tecido deve ser 100% algodão e o enchimento é feito com manta siliconada antialérgica.

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Medidas seguidas à risca no processo de fabricação em grande escala de dona Odete.

"A Denise me mandou um molde do coração e explicou que teria que ser feito com tecido de algodão, fibra siliconada, não pode ser outra."

E completa: "Corto logo 50 almofadas. Começo a bordar o coração e a colar, no ferro elétrico. Depois, encho e peso, não pode passar de 150 gramas. Tampo e costuro a mão, colocando este plástico e um cartão. Boto uma fita, porque é um presente que a gente dá para pessoa, né?".

CORRENTE DA BOA VONTADE

Assim como aprendeu com Denise, a amiga da filha Valéria, dona Odete faz questão de ensinar a técnica para quem quiser aprender, aumentando a corrente da Boa Vontade.

Dessa maneira, acredita que é possível auxiliar mais pessoas que sofrem com o câncer de mama.

"Ensinei para uma sobrinha minha que levou para um hospital em Curvelo, em Minas Gerais. Lá, as mulheres se unem para fazer. Em Goiânia também fazem. Em Natal, a pessoa que ensinei não pode parar, tem muitos pedidos. Ela leva as almofadas para algumas igrejas", conta, orgulhosa, a costureira.

É a força da Solidariedade operando milagres na vida de muitas pacientes.

COMBATE AO CÂNCER DE MAMA

Este solidário e importante trabalho fez com que dona Odete unisse forças com outras pessoas que atuam na prevenção ao câncer de mama e no amparo às pacientes.

A dra. Raquel Rosa, fisioterapeuta oncológica, é uma delas.

Ela já conversou com a Comunicação 100% Jesus e tirou dúvidas sobre o câncer de mama.

O contato veio em 2013, por intermédio de uma paciente. "Ela foi presenteada com uma almofada de coração. Perguntei quem deu e ela falou que foi uma amiga e conseguiu o telefone da dona Odete. No mesmo dia, liguei e já estávamos tomando um café", relembra.

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Comovida com a nobre ação, colocou-se à disposição para ajudar.

Ao lançar, no ano de 2015, o livro "Câncer de Mama — Entre uma e outra primavera", durante o Outubro Rosa*, a dra. Raquel resolveu doar a renda arrecada no evento ao projeto de dona Odete.

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"Foi tão bom! A gente vendeu tanto livro no dia do lançamento que conseguiu comprar muito material. Deu em torno de 700 almofadas."

É isso aí, dona Odete! Ajudar ao próximo é ajudar a si mesmo! =)


* A campanha internacional Outubro Rosa visa alertar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.