5 efeitos negativos causados pela exposição ao calor extremo

Segundo estudo internacional, feito em parceria com a OMS, o número de pessoas que enfrentam uma onda de calor aumentou em 157 milhões.

Gabriele de Barros

21/01/2019 às 10h03 - segunda-feira | Atualizado em 23/01/2019 às 11h12

As consequências do aquecimento global — como o calor intenso, as secas e as enchentes — já são sentidas em diferentes partes do mundo, ocasionando graves problemas para os indivíduos e ecossistemas naturais, podendo, inclusive, provocar a extinção de espécies de animais e de plantas.

E a confirmação do aumento da exposição de populações vulneráveis a ondas de calor extremo, fenômeno caracterizado como a elevação da temperatura, acima da média normal, por um período de tempo, em todas as regiões ao redor do globo, prova quão preocupante é este cenário.

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A informação foi validada em um estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas feito por especialistas de vinte e sete instituições internacionais em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa foi divulgada na revista médica The Lancet, em Londres (você pode ler a matéria, em inglês, AQUI).

De acordo com o documento, pessoas que possuem condições médicas pré-existentes, como doenças neurológicas, cardiovasculares, pulmonares, renais e diabetes, além de idosos (principalmente em áreas urbanas), profissionais que trabalham expostos na agricultura, na área de construção e trabalhadores manuais, apresentam vulnerabilidade às variações climáticas.

Um dos efeitos que as mudanças climáticas causam à saúde é o estresse por calor. Quando expostos a altas temperaturas, os mecanismos de defesa do corpo se alteram, com a dilatação das veias para aumentar o fluxo de sangue e o aumento do suor para equilibrar a temperatura, causando estresse na função de alguns órgãos.

Os médicos explicam que o corpo humano precisa manter uma temperatura média de 37° para o organismo funcionar normalmente.

O relatório também destaca que o aumento da temperatura fora de época eleva as chances de propagação da cólera e da dengue em áreas endêmicas, além, é claro, de muitas outras reações ao corpo humano, entre elas:

1. Insolação

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Essa situação ocorre quando o organismo, devido ao excesso à exposição solar, deixa de produzir suor para proporcionar o resfriamento do corpo. Nessas ocasiões, a temperatura corporal pode chegar, em um tempo de 10 a 15 minutos, aos 39°C, provocando deficiências cerebrais ou até mesmo morte se o indivíduo não for socorrido de forma rápida.

Os sintomas podem incluir febre alta, pele vermelha, quente, seca e sem produção de suor, pulso rápido e forte, dor de cabeça, tonturas, náuseas, confusão e perda parcial ou total de consciência.

2. Esgotamento devido ao calor

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É caracterizado pela alteração do metabolismo hidroeletrolítico, provocada pela perda excessiva de água e de eletrólitos pela sudação. Esta ocorrência pode ser especialmente grave para os idosos e pessoas com hipertensão arterial.

Sede intensa, palidez, cãibras musculares, cansaço e fraqueza, dor de cabeça, náuseas, vômitos e desmaio podem estar inclusos nos sintomas.

3. Cãibras

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As cãibras podem resultar da simples exposição ao calor intenso. Elas surgem quando se transpira muito após períodos de exercício físico e quando há uma hidratação inadequada.

Embora seja menos grave, esta situação também pode necessitar de tratamento médico. As cãibras são especialmente perigosas em pessoas com problemas cardíacos ou com dietas “pobres em sal”. Os sintomas se manifestam por espasmos musculares dolorosos no abdómen e nas extremidades do corpo (pernas e braços).

4. Problemas vasculares e de pele

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As altas temperaturas aumentam o risco de alergias e erisipela, infecção na derme e no tecido subcutâneo, ocasionada pela proliferação de bactérias e que pode provocar alterações dos vasos linfáticos. O calor intenso ainda pode causar a vasodilatação, principalmente nas pessoas que já possuem histórico de varizes, trombose e insuficiência venosa. Isso pode desencadear edemas (inchaços) nas pernas, devido ao acúmulo de líquido fora dos vasos, bem como dores, sensação de peso, ardência e coceiras.

Outra preocupação é o câncer de pele, doença que, pelos dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, representa um terço de todos os diagnósticos de câncer no Brasil.

5. Doenças transmitidas por mosquitos transmissores

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Diversas enfermidades — como dengue, chikungunya, zika e febre amarela — transmitidas por mosquitos vetores estão presentes na presença de uma alta temperatura.

De acordo com um dado publicado no estudo, a capacidade de transmissão do vírus da dengue global, em 2016, levando em conta que ela é influenciada por umidade, chuva e temperatura, foi a mais alta já registrada: subiu 9,1% para o Aedes aegypti e 11,1% para o Aedes albopictus (tipo silvestre), em relação ao ano anterior.

Prevenção

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A pesquisa identificou que 2018 foi um ano ainda mais quente em partes do mundo em que a mortalidade por exposição ao calor extremo já é uma realidade. Segundo a publicação, o número de pessoas consideradas vulneráveis e que foram submetidas a uma alta temperatura aumentou em 157 milhões em comparação com o ano 2000 e em 18 milhões comparado a 2016.

Por isso, vale ressaltar alguns hábitos que podem ser praticados para prevenir os efeitos negativos que as ondas de calor provocam no organismo, como:

- Aumentar a ingestão de água e o consumo de frutas. Nos dias muito quentes, transpiramos mais e consequentemente o organismo precisa de mais água;
- Fazer refeições leves, evitando alimentos muito condimentados;
- Evitar a exposição direta ao sol;
- Diminuir, sempre que possível, os esforços físicos durante os períodos de calor e repousar em locais protegidos do sol, frescos e arejados;
- Idosos e bebês não devem ir à praia nos dias de grande calor. As radiações solares podem provocar queimaduras na pele, mesmo sob a proteção de um chapéu de sol.

Soluções

Os autores do estudo sugerem o fortalecimento de regulamentos trabalhistas para proteger os trabalhadores, além da melhoria nas condições de hospitais e sistemas de saúde e aumento dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Nós, do Portal Boa Vontade, já abordamos sobre este assunto e reiteramos algumas ações sustentáveis para reduzir a poluição: 

+ Poluição do ar: o que fazer e quais as consequências para a saúde

+ 5 maneiras de combater a poluição do ar

Os especialistas ainda alertaram que os gastos para adaptação aos efeitos do aquecimento global para a saúde ainda são inadequados. Eles equivalem a 11,68 bilhões de libras, o que representa apenas 4,8% de tudo o que é investido no mundo em ações de adequação para mudanças climáticas.
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* Com informações dos sites Agência Brasil, BBC e Direção-Geral da Saúde.