Primeira vacina contra a malária passa em testes com resultado “seguro e eficaz”

06/10/2021 às 14h54 - quarta-feira | Atualizado em 07/10/2021 às 08h59

Unicef/Andrew Esiebo

Bebê é testado para malária no estado de Adamawa, na Nigéria

Um programa piloto da primeira vacina contra malária do mundo mostrou que o produto é “seguro e eficaz”. A conclusão foi anunciada nesta quarta-feira,6, em Genebra, após a aplicação de mais de 2 milhões de doses da chamada RTS,S/AS01 a 800 mil crianças em Gana, no Quênia e no Malauí. 

ALCANCE
Em nota, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendou o imunizante para uso em larga escala, disse que a pesquisa levou a uma redução de 30% nas hospitalizações por malária grave em menores de idade, desde que a iniciativa iniciou em 2019.  

O Programa de Implementação da Vacina contra a Malária destaca ainda que com a distribuição do imunizante através de campanhas de rotina, os estudos pilotos foram capazes de estender o alcance da vacina de forma rápida e equitativa. 

As principais conclusões da pesquisa destacam uma contribuição importante da análise adotada pelos órgãos consultivos globais para imunização para malária reunidos em 6 de outubro. 

Neste momento, a iniciativa testará a implementação em larga escala da vacina RTS,S/AS01 por meio de programas de imunização de rotina nos três países. O processo deve acontecer até 2023. 

MEDICAMENTOS
De acordo o projeto coordenado pela OMS, a próxima fase envolve a distribuição de dados sobre como otimizar o uso da vacina, o impacto e a redução na mortalidade infantil. Nesta etapa também serão avaliados os benefícios da quarta dose da vacina. 

A eficácia da vacina contra a malária tinha sido comprovada pelo ensaio clínico de Fase 3 na sequência teve um parecer científico favorável da Agência Europeia de Medicamentos, EMA. 

Depois, foi lançado o Programa de Implementação de Vacina contra a Malária para avaliar a viabilidade de se administrar as 4 doses da RTS, S no terreno, além de estudar seu potencial para reduzir mortes infantis e o uso seguro do produto.

Cerca de US$ 70 milhões foram investidos na iniciativa envolvendo a agência da OMS Unitaid, a Aliança de Vacinas Gavi e o Fundo Global. Entidades como o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, PATH e GSK apoiam a pesquisa. 

CASOS
Em relação ao impacto da vacina no combate à malária, a agência ressalta que em 15 anos houve ganhos significativos seguidos pelo atual momento de estagnação. A África Subsaariana tem 90% das infecções e mortes por malária e ilustra a situação. 

Crianças menores de cinco anos correm o maior risco de morte pela doença, que chega a causar mais de 260 mil óbitos infantis a cada ano. 

Em momento de pandemia marcado por atrasos, paralisações e sistemas de saúde sobrecarregados devido à Covid-19 “são necessárias novas ferramentas de combate à malária”. 

Para a agência da ONU, a vacina e a prevenção combinados podem reduzir casos de doenças e mortes de uma forma significativa em crianças em toda a África. 

A DOENÇA

A malária é causada por parasitos do gênero Plasmodium, que são transmitidos às pessoas pela picada de mosquitos fêmeas infectadas do gênero Anopheles, chamados de “vetores da malária”. Existem cinco espécies de parasitos que causam malária em humanos e duas delas – P. falciparum e P. vivax – apresentam a maior ameaça.

Em 2017, P. falciparum foi responsável por 99,7% dos casos estimados da doença na região Africana da OMS, assim como pela maioria dos casos nas regiões da OMS do Sudeste Asiático (62,8%), Mediterrâneo Oriental (69%) e Pacífico Ocidental (71,9%).

P. vivax é o parasito predominante na região das Américas da OMS, representando 74,1% dos casos.

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Com informações das Nações Unidas e da Opas