Gestantes devem redobrar a atenção com a dengue

O Portal Boa Vontade lembra que a doença representa um perigo para a sociedade, de uma forma geral, mas para as grávidas a situação requer mais atenção.

Karine Salles

25/03/2015 às 23h16 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

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Diante da possibilidade de uma epidemia de dengue em alguns estados brasileiros, é preciso que a população reforce as medidas para combater o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. O Portal Boa Vontade lembra que a doença representa um perigo para a sociedade, de uma forma geral, mas para as grávidas a situação requer mais atenção. Isso porque nesse período a mulher fica naturalmente com a imunidade mais baixa e as complicações da doença podem ser mais graves.

O infectologista Kleber Luz salienta que é preciso que os médicos considerem as particularidades do período de gestação, pois "é mais difícil identificar os sinais de gravidade da doença; e ela pode se confundir com algumas outras intercorrências que comprometem as grávidas”, disse ao Portal Boa Vontade.

Ainda segundo ele, os sintomas da doença são parecidos para todos os grupos de risco. Porém, "algumas pessoas podem apresentar o sangramento pelo nariz, nas gengivas ou pelas partes íntimas, o que pode confundir o médico que pode pensar que ela está sofrendo algum tipo de aborto ou sofrendo um parto prematuro. Além disso, a mulher que está grávida e tem dengue pode ter uma queda na contagem das plaquetas". 

A possibilidade de um aborto foi descartada pelo especialista. Contudo, ele reforça, que se a mulher tiver a forma grave da dengue, ela pode ter um comprometimento importante de algum órgão, como infecções no fígado, no coração ou na pleura, por exemplo, e que esses casos mais graves podem levar a um parto prematuro ou anomalias fetais. Por isso, o infectologista reforça que "o ideal é um acompanhamento mais de perto".

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Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
A transmissão vertical, ou seja, da mãe para o bebê, ainda está sendo estudada, entretanto o dr. Kleber Luz ponderou que "se a grávida tiver dengue na última semana de gestação, ela pode passar a doença para criança. E quando esse recém-nascido tem dengue, ele tem a forma gravíssima da doença, que pode levar ao óbito". 

A hidratação, principal tratamento da dengue, torna-se ainda mais fundamental para as grávidas, que retêm mais líquidos que o habitual e os sinais de desidratação podem ser encobertos. A reposição intravenosa de líquidos, porém, deve ser cautelosa para não haver hiper-hidratação, quando não há tempo de o organismo expelir o excesso.

O tratamento da gestante é o mesmo usado para qualquer paciente: bastante repouso e ingestão de muito liquido para se hidratar. O profissional de saúde poderá prescrever algum medicamento antitérmico quando necessário. O Portal Boa Vontade reforça que de maneira alguma as pessoas infectadas devem fazer uso de remédios que tenham ácido acetilsalicílico (AAS), devido ao risco de hemorragias. A recuperação costuma demorar até dez dias e a letalidade é rara. Em alguns casos, as dores articulares podem persistir por meses.

PREVENÇÃO

A ação preventiva mais simples é evitar o nascimento do mosquito, já que não existem vacinas ou medicamentos que combatam a contaminação. O diretor do Instituto Brasileiro de Auditoria em Vigilância Sanitária, Rui Dammenhain, alertou que “é importante não deixar superfícies que possam acumular água, pois o mosquito usa essa água para se reproduzir”. Portanto, é imprescindível remover todo e qualquer tipo de utensílio que possa acumular água. "Os pratos de vasos de plantas devem ser virados, assim ele não vai reter a água. Além de fazer uma boa limpeza no entorno da sua casa”.