Febre chikungunya: doença com características semelhantes à dengue

Karine Salles

23/04/2014 às 18h05 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

portalrolandia.com.br

O nome é difícil e a doença é bastante perigosa. A febre chikungunya é transmitida pela picada de mosquitos infectados. O que torna o problema uma grande preocupação, principalmente ao governo brasileiro, é a semelhança com os sintomas da dengue.

Ainda não se sabe muito sobre a doença, mas o que se sabe — e assusta — é que um dos mosquitos transmissores é o Aedes aegypti. Outro mosquito que também passa a preocupar é o Aedes albopictus. Em entrevista ao Portal Boa Vontade, o infectologista Marcelo Simão Ferreira, afirmou que "o quadro clínico [dessa febre] é muito similar ao da dengue".

Após causar epidemias na Ásia, África, Europa e Caribe, o vírus chikungunya tem grande possibilidade de se espalhar pelo Brasil e por outros países das Américas, segundo um estudo desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Instituto Pasteur. A pesquisa, publicada no Journal of Virology, revela que em cidades populosas como o Rio de Janeiro, onde há grande infestação de mosquitos Aedes aegypti, um dos vetores da doença, o risco de disseminação é muito alto.

Assim como na dengue, os principais sinais e sintomas da febre chikungunya é a febre alta (39°C) acompanhada de dor nas articulações. O quadro inclui ainda dor muscular, dor de cabeça, fadiga, náuseas e manchas vermelhas na pele. O que a diferencia da dengue, no entanto, é a intensidade das dores articulares de pés e mãos — dedos, tornozelos e pulsos. Ela é tão intensa que faz que a pessoa doente fique curvada; por isso, o termo chikungunya, que significa "aqueles que se dobram". A origem do nome é de um dos idiomas da Tanzânia, país do leste da África, onde o vírus foi isolado em 1952.

Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) salientam que, após um intervalo de 20 anos, a febre chikungunya tem sido relatada em vários países, incluindo Índia, Indonésia, Maldivas, Tailândia e de várias ilhas do Oceano Índico. Atualmente, o vírus circula em alguns países da África e da Ásia. Ainda de acordo com a OMS desde 2004, o vírus já foi identificado em 19 países.

Se não fossem os dois homens que estiveram na Indonésia e a mulher que visitou a Índia, o Brasil possivelmente não estaria na rota da febre chikungunya. Os três casos "importados" foram confirmados pelo Ministério da Saúde, em 2011. O surgimento de casos em algumas ilhas do Caribe, e também na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Amapá, deixou os pesquisadores brasileiros em alerta. Para eles, o risco de transmissão da doença aqui é real. Não foi registrado nenhum caso da doença em solo brasileiro, mas a pesquisa recém concluída revela que há um risco real e é preciso agir para evitar uma epidemia grave, uma vez que os mosquitos transmissores são os mesmos da dengue.

Ao sinal de qualquer sintoma, a pessoa deve procurar uma Unidade de Saúde, onde são realizados exames laboratoriais que detectam o vírus. As técnicas já são utilizadas no Brasil por conta da endemia de dengue e estão disponíveis na rede pública de saúde.

O foco do tratamento é no alívio dos sintomas com os remédios ideais. O vírus pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade e do sexo, mas os sinais e sintomas são mais intensos em crianças e idosos. Outro detalhe em comum com a dengue é que a febre também não tem cura.

O Portal Boa Vontade reforça que de maneira alguma as pessoas infectadas devem fazer uso de remédios que tenham ácido acetilsalicílico (AAS), devido ao risco de hemorragias. A recuperação costuma demorar até dez dias e a letalidade é rara. Em alguns casos, as dores articulares podem persistir por meses.

O controle da doença depende do combate aos mosquitos transmissores. De acordo com os pesquisadores do Instituto Osvaldo Cruz, a prevenção é igual à da dengue: evitar água parada onde os mosquitos se reproduzem.