Especialista reforça a necessidade de tratamentos eficazes para transtornos mentais e a prevenção ao suicídio

Jéssica Botelho

17/11/2023 às 13h51 - sexta-feira | Atualizado em 28/11/2023 às 09h51

Com a pandemia da Covid-19 impondo, até os dias atuais, desafios sem precedentes à sociedade, é essencial reconhecermos que cada indivíduo é um ser complexo, que necessita de cuidados que vão além do bem-estar físico. O equilíbrio entre mente e Espírito pode ser um salva-vidas em meio à tempestade, proporcionando conforto e Esperança quando as nuvens das adversidades parecem não dissipar.

Seja onde for e em que circunstância aconteça, o suicídio representa uma triste realidade, clamando por medidas efetivas e urgentes. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, quase um bilhão de pessoas — incluindo 14% dos adolescentes do orbe — viviam com um transtorno mental. A cada 40 segundos, alguém se suicida no planeta. Desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais globais à saúde mental. O diagnóstico de depressão e de ansiedade aumentou mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.

Estatísticas como essas foram apresentadas e discorridas com profundidade pelo dr. Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), responsável por trazer e difundir no Brasil a campanha internacional Setembro Amarelo em 2013, época na qual o país registrou em torno de nove mil indivíduos que tiraram a própria vida. No mês dedicado à prevenção ao suicídio, confira trechos da palestra ministrada pelo dr. Antônio Geraldo, em 2022, durante live promovida pelo canal do YouTube do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da Legião da Boa Vontade, destacando a importância do tratamento desse grave problema de saúde pública. “Hoje as taxas de suicídio no Brasil chegam a cerca de 14 mil ao ano. Mais pessoas morrem por suicídio do que de malária, HIV, câncer de mama ou guerra no mundo. Entre o grupo de adolescentes de 15 a 19 anos, a taxa aumentou em 81%”, alertou.

Para o dr. Antônio Geraldo, “o transtorno mental é uma doença como qualquer outra, que pode acometer qualquer pessoa em qualquer época da vida” e, a fim de que os índices de suicídio diminuam, deve ser tratado como uma emergência médica. Segundo ele, o prontuário de 96,8% de pacientes que se suicidaram dizia que eles passavam por algum transtorno mental. Portanto, quando não tratado, pode levar a uma grande ameaça de a pessoa atentar contra sua vida.

Em todos os povos, são os menos favorecidos que correm maior risco de problemas de saúde mental e são os menos propensos a receber os serviços adequados. “A maioria dos adolescentes que morreu por suicídio, por exemplo, era de países de baixa e média renda, entre 15 e 29 anos. É a quarta principal causa de morte em jovens de ambos os sexos. Fica atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. (...) Mais da metade dos suicídios globais, 58%, ocorreram antes dos 50 anos, quando se está completamente produtivo.”

Conforme explicou em sua palestra, os principais fatores que levam à ideação suicida são a perda de emprego, o estresse financeiro e isolamento social — ainda bastante presentes na sociedade. Enfatizou que a questão requer cuidados médicos imediatos para proteger o indivíduo, especialmente quando ele está passando por um estreitamento cognitivo, o que o faz enxergar essa opção como única saída por causa da doença.

MEDIDAS EFETIVAS DE PREVENÇÃO

De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), apesar da complexidade e dos desafios variados envolvendo o suicídio, ele pode ser evitado com intervenções individuais e coletivas de diagnóstico, atenção, tratamento dos transtornos mentais, ações de conscientização, promoção de apoio socioemocional, limitação de acesso a meios letais, entre outras. Conhecer e estudar o fenômeno é primordial para a elaboração de políticas públicas que permitam o correto enfrentamento do problema. “Para se ter medida efetiva de prevenção ao suicídio, é importante fazer o tratamento dos transtornos mentais, ter acesso a tratamentos de qualidade, fazer intervenções psicoterapêuticas. Fomentar habilidades socioemocionais nos adolescentes é importantíssimo”, defendeu o palestrante.

ESPIRITUALIDADE: UMA ALIADA INDISPENSÁVEL

Ao ser perguntado pela audiência sobre como a Espiritualidade pode evitar o suicídio, o dr. Antônio Geraldo respondeu: “Espiritualidade, Religiosidade é você ter fé, entender que viver é a melhor escolha que temos. E que, quando vier o pensamento suicida na cabeça, ele está errado, pois a pessoa está doente. E se você tem Religiosidade, tem um compromisso com o Ser Supremo, com você mesmo. Significa cuidar, acreditar, orar, pedir a Deus e ir atrás daquilo que acredita. Mesmo os ateus ou os agnósticos podem chamar por Deus. A Religiosidade é fator de proteção. Está provado a cada dia. (...)”. Com base em evidências científicas e abordagens humanizadas, a integração da saúde mental com a Espiritualidade abre portas para salvar vidas. Além do tratamento médico especializado, o diálogo e apoio mútuo, a prática da meditação, oração ou mesmo momentos de reflexão pessoal podem fortalecer os recursos de enfrentamento. Ao aliar esses aspectos, é possível construir e/ou intensificar uma rede de apoio que se estenda para além dos consultórios e se enraíze nas relações humanas, tornando-se um verdadeiro escudo protetor na luta contra o suicídio.

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Olhar atento que salva vidas

Paula Soares Lopes, 31 anos, residente em São Paulo/SP, passou por momentos difíceis
que a levaram a considerar tirar sua própria vida. Após vivenciar o término de um casamento, relacionamentos conturbados e a perda do emprego, “já estava decidida a acabar com aquele sofrimento”, relatou.

No auge de sua angústia, Paula resolveu procurar respostas na internet sobre o que acontece após o suicídio e encontrou links da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo. Foi então redirecionada ao atendimento on-line Pela Vida, da Religião Divina, no qual se deparou com o acolhimento de que precisava: “Foi tudo muito perfeito, porque a pregadora me mandou orações, músicas elevadas e ficou o tempo todo conversando comigo, me ligou (...)”. Além do apoio espiritual, a equipe a conduziu a buscar ajuda profissional no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Nos diálogos com pregadores da Religião Divina, foi incentivada a não se culpar pelos desafios que enfrentava, mas encontrar forças para lutar e vencê-los. “Tenho uma gratidão imensa por tudo o que aconteceu, pelos Irmãos que foram em casa orar. Ganhei um livro de presente e minha filha também. Foi lindo o que fizeram comigo, foi emocionante. Na época, eu pensava: Essas pessoas nem me conhecem, nem sabem quem sou e vieram até a minha casa para orar, para levar uma palavra de conforto, para me ver bem. Isso é compaixão. Isso é o Amor de Deus agindo.”

Superando os pensamentos suicidas, conseguiu encontrar uma nova perspectiva para sua vida, incluindo a busca por emprego e a construção de um relacionamento mais saudável com sua família. Hoje, Paula é capaz de falar abertamente sobre suas experiências e oferece Esperança a outras pessoas que passam por situações semelhantes.

ATENDIMENTO PELA VIDA

Desde 2018, a Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo oferece o atendimento on-line Pela Vida por meio do chat do Facebook. Totalmente gratuito, seguro e sigiloso, o serviço acolhe pessoas de diferentes faixas etárias (independentemente da tradição religiosa que professem ou não), que necessitam de apoio para alcançar equilíbrio, paz, conforto e esclarecimento espiritual em momentos de grande desespero.

A iniciativa contempla outros desafios trazidos pelos que o procuram, como o luto, conflitos familiares e dificuldades financeiras. Somente em 2022, 8.899 pessoas foram amparadas por essa ação. Se você está passando por desafios em qualquer área de sua vida ou conhece alguém que precise de ajuda, fale no chat da Religião Divina, no Facebook @Religião de
Deus e no WhatsApp do atendimento Pela Vida tel.: (11) 3225-4703.