Epilepsia: tratamento garante vida sem crises a 70% dos atingidos pela doença

A desordem crônica no cérebro pode afetar pessoas de todas as idades, veja como agir em casos de convulsões

Karine Salles

11/02/2015 às 17h09 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Sciencedaily
A desordem crônica no cérebro causa convulsões e pode afetar pessoas de todas as idades

Mais de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem de epilepsia, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). A desordem crônica no cérebro causa convulsões e pode afetar pessoas de todas as idades. Para ajudar a combater a doença, a entidade criou um programa para ampliar as oportunidades de tratamento e diagnóstico. A iniciativa está sendo implementada em quatro países: Gana, Mianmar, Moçambique e Vietnã. Segundo a OMS, cerca de três quartos das pessoas nos países em desenvolvimento não recebem o tratamento de que precisam.

A epilepsia é um dos distúrbios neurológicos mais comuns, causada por uma excessiva e desorganizada estimulação elétrica dos neurônios do cérebro. Ela pode acontecer em qualquer idade, porém é mais comum entre as crianças. Quando acontece na fase adulta, é preciso averiguar, fazendo uma “investigação mais rigorosa para procurar uma causa associada que pode ser um tumor ou sangramento”, explicou o dr. Luiz Daniel Cetl, neurocirurgião especialista em epilepsia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao Portal Boa Vontade. Contudo, nada que impeça a pessoa de seguir normalmente com a vida. Estima-se que 70% das pessoas com epilepsia vivem livres das crises, graças ao tratamento medicamentoso, a principal forma de controlar a doença.

Na maioria dos casos, a epilepsia não tem causas conhecidas. “Nós não conseguimos chegar a uma origem exata. Geralmente, estão associadas a infecções no sistema nervoso central, meningites, abcessos, traumas de acidentes, lesões intracerebrais, sangramentos, isquemias. Tudo isso pode levar a um quadro secundário de epilepsia”, ressalta Luiz Daniel.

As convulsões são causads por descargas elétricas dos neurônios, que tanto podem ser em alguns focos, como podem acometer o cérebro todo. O especialista explica que as crises da doença podem ser divididas em parciais, que atingem apenas uma parte do cérebro, ou generalizadas, que afetam todo o órgão. As generalizadas são as mais conhecidas da população, por causa das contrações musculares involuntárias e bruscas. O dr. Luiz Daniel esclarece que “nessas as descargas acometem o cérebro todo. E nesse caso o paciente não se recorda do que aconteceu”.

O médico ainda subdivide as crises parciais em “simples, onde pode acometer a área motora, ele não tem controle do braço ou da perna, mas não perde a consciência. E a completa, que implica em algum tipo de comprometimento da cognição, ou seja, o paciente não perde a consciência, porém ele fica com a consciência meio turva. Ele ouve, mas não consegue responder adequadamente”.

COMO AGIR EM CASO DE CRISE? 

As crises podem durar alguns segundos ou minutos e podem ser acompanhadas por contrações musculares, mordedura da língua, salivação intensa, movimentos automáticos e involuntários do corpo, percepções visuais ou auditivas estranhas e alterações da memória. Diante de uma situação como essa, jamais tente abrir a boca da pessoa na hora da convulsão, pois a mandíbula é muito forte.

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Especialistas orientam manter a calma, virar a cabeça da pessoa de lado para que ela não aspire saliva, afastar os móveis e ligar para a emergência, caso a pessoa demore mais de cinco minutos para acordar. E jamais jogue água ou ofereça algo para cheirar durante a crise. O apoio da família e dos amigos é essencial no tratamento desta e de outras enfermidades.

PURPLE DAY

Com o objetivo de divulgar informações e combater o preconceito contra as pessoas que convivem com a epilepsia, associações de pacientes trouxeram para o Brasil a campanha mundial Purple Day, o Dia Lilás, celebrado neste dia 26 de março.

A campanha, de origem canadense, está iluminando prédios importantes em vários Estados brasileiros. Segundo o embaixador da campanha no Brasil, Eduardo Caminada, a mobilização é uma forma de chamar a atenção para a causa e informar a população sobre a epilepsia. “É um trabalho de formiguinha contra o preconceito. Com informação, as pessoas vão entender o que é a epilepsia, o preconceito só existe por falta de informação”, disse Caminada.