Butantan: dose extra da vacina contra a Covid-19 em idosos

Medida tem o objetivo de diminuir casos de infecções e óbitos

15/09/2021 às 09h06 - quarta-feira | Atualizado em 15/09/2021 às 09h16

Durante coletiva de imprensa do governo do estado de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, na última semana, a diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Eloisa Bonfá, explicou que todas as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são efetivas e podem ser usadas como dose de reforço.

“Qualquer vacina disponível é muito bem-vinda para a dose extra”, assinalou Eloisa. “A falta de evidência não pode ser utilizada a favor ou contra. Não existem evidências de qualidade para definir se é preciso usar dose da mesma vacina ou de vacina diferente para a dose de reforço”, argumentou a diretora clínica. 

Eloisa Bonfá lembrou que o foco do combate à Covid-19 deve continuar sendo a diminuição de casos de infecções e óbitos, como tem acontecido até o momento, inclusive em relação à população idosa, predominantemente vacinada com a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac.

A diretora clínica do HCFMUSP citou um artigo publicado no início do mês no The New England Journal of Medicine, que mostra a efetividade da CoronaVac em idosos. A vacina do Instituto Butantan mostrou proteção de 87,5% contra hospitalizações por conta do SARS-CoV-2 em um universo de 10,2 milhões de chilenos. “O efeito protetor da vacina ainda se mantém no nosso meio. A vacina funcionou e continua protegendo a população”, disse.

Os idosos possuem um sistema imune mais frágil devido ao envelhecimento natural do organismo, conhecido como imunossenescência. Outro grupo que também enfrenta deficiência no sistema de defesa são os imunossuprimidos (pessoas com baixa imunidade como transplantados, pacientes de doenças reumatológicas e com HIV). Eloisa explica que a baixa resposta imune nesse público não tem a ver com o SARS-CoV-2 ou a vacina utilizada, e sim com as medicações que eles tomam justamente para restringir a atuação do sistema imunológico. “Com isso, temos que nos reinventar, buscar alternativas para combater a Covid-19. E geralmente a alternativa para todos os tipos de vacina é a dose de reforço”, completa a diretora clínica.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda na coletiva, o médico e diretor superintendente do Hospital do Rim, José Osmar Medina, reforçou o uso da dose de reforço com qualquer imunizante para os imunossuprimidos. “Nós usamos a terceira dose da CoronaVac nos pacientes transplantados, antes mesmo do assunto de dose adicional ser abordado para a população geral. E a terceira dose aumentou para 53% a resposta dos pacientes transplantados em relação a soroconversão.”

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Notícia publicada no portal Butantan