Boletim Instituto Butantan — Próxima etapa do Projeto S vai esclarecer imunização alcançada e tempo de duração de anticorpos

Da redação

11/06/2021 às 21h40 - sexta-feira | Atualizado em 14/06/2021 às 16h58


 

O Projeto S, estudo clínico realizado pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, interior paulista, já comprovou a efetividade da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica Sinovac, mas ainda pretende trazer respostas importantes para entender o controle da pandemia no Brasil. Por pelo menos mais um ano, a pesquisa continuará fazendo a avaliação coletiva da eficácia do imunizante na população de Serrana, tanto em relação aos vacinados quanto aos não vacinados.

Dentre as respostas que serão buscadas a partir de agora, com a continuidade da pesquisa, estão: saber quanto tempo dura a imunização após a segunda dose da CoronaVac e se a vacinação precisará ser feita anualmente, assim como acontece com a vacina da influenza (gripe). Isso será possível ao observar a evolução dos casos positivos, internações e óbitos na cidade, comparando imunizados e não imunizados, e contrastando a situação de Serrana com cidades da microrregião de Ribeirão Preto.

“A pandemia tem um comportamento cíclico, então é necessário comparar com outros municípios para entender se os eventos são aleatórios ou se ocorreram devido à vacinação em Serrana”, explica o investigador principal do Projeto S e diretor do Hospital Estadual de Serrana, Marcos Borges.

Neste momento, os pesquisadores sequenciam as amostras positivas de testes para verificar a ocorrência de mutações e novas cepas do novo coronavírus na região. De acordo com Marcos, uma das preocupações do Projeto S era saber se a vacinação em toda a população adulta de Serrana induziria a novas mutações - o que não foi observado na pesquisa - e qual seria o comportamento do vírus em pessoas não vacinadas. 

Os estatísticos do Instituto Butantan já estão criando modelos matemáticos com variáveis para entender como os resultados atingidos foram possíveis, em uma nova parte da pesquisa, mais analítica.

Antes da vacinação na cidade, dados da Vigilância Epidemiológica de Serrana mostraram que aproximadamente 25% dos habitantes já haviam tido contato com o SARS-CoV-2. O investigador da pesquisa esclarece que o Projeto S responderá também se essas pessoas podem ou não ter um efeito adicional na imunidade.

O QUE JÁ SE SABE

O Projeto S trouxe respostas inéditas sobre a pandemia no Brasil. Com o estudo clínico, descobriu-se que, ao atingir uma cobertura vacinal de 75% da população adulta, é possível ter um bom controle da pandemia. “O número depende de fatores populacionais, mas conseguimos chegar a uma referência, um ponto de partida para atingirmos o objetivo da imunidade coletiva. É algo que não sabíamos antes”, ressalta o investigador principal da pesquisa, Marcos Borges.

 

 


*Nota publicada pelo site do Instituto Butantan (butantan.gov.br) em 10 de junho de 2021.