Hemofilia: tratamento preventivo auxilia na qualidade de vida do paciente

Você sabe o que é a doença? Tire suas dúvidas e entenda por que é preciso ficar em alerta quando um machucadinho, por menor que seja, vira 'sangria desatada' que não estanca.

Karine Salles

15/04/2015 às 15h53 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

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Sabe quando você se machuca e quando percebe o sangue está seco? Esse processo é conhecido como coagulação. Porém, há casos em que demora muito para esse sangue estancar. Aí é preciso ficar em alerta. Isso porque essa 'sangria desatada' pode sugerir o diagnóstico de hemofilia, um distúrbio genético e hereditário que afeta a coagulação do sangue. Em todo o mundo, mais de 400 mil pessoas vivem com a doença. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, são cerca de 12 mil. Em mulheres, os casos de hemofilia são muito raros.

O sintoma mais comum da hemofilia é o sangramento prolongado, que pode ser externo, os cortes na pele, por exemplo, ou internos, quando o sangramento ocorre dentro das articulações, dentro dos músculos ou em outras partes internas do corpo. ​Quem tem hemofilia faz um tratamento constante, recebendo os fatores de coagulação faltantes. Os mais conhecidos são o VIII e IX.

Mulheres e gravidez

Uma dúvida que muita gente tem é em relação às mulheres hemofílicas e à gravidez. Afinal de contas, será que na hora do parto tem algum tipo de problema? Ao Portal Boa Vontade, a dra. Mariana Battazza, vice-presidente da Federação Brasileira de Hemofilia, explicou que apesar de a mulher hemofílica ter dificuldade na coagulação, é possível sim ter filhos e sem problemas de hemorragia no parto. Ainda segundo ela, "a gestação ocorre dentro da normalidade, mas ela precisa ser acompanhada por um hematologista, além do obstetra, pois é preciso ser feita a dosagem do fator de coagulação faltante".

A escolha entre cesárea e parto normal fica a critério da mãe e do obstetra, porém a especialista observa que "o mais indicado é a cesárea. Não é indicado um parto natural ou com fórceps, que pode machucar, pois existe o risco da criança nascer portadora da hemofilia". Ela lembra que não é regra. E reforça, "como o acompanhamento deve ser feito de maneira muito próxima, as intercorrências podem ser raras. [As mães] podem ficar muito seguras".

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Ainda segundo a dra. Mariana, há casos de mulheres que não sabem se são portadoras ou têm o gene da doença. Normalmente, elas têm hemorragias muito grandes na hora do parto e que são difíceis de serem controladas, podendo voltar depois de alguns dias. 

O tratamento de reposição com fatores mantém o hemofílico em condições de levar uma vida perfeitamente normal. No Brasil, todos os hemofílicos têm direito a receber de graça do Sistema Único de Saúde (SUS) os medicamentos e o tratamento. Alguns  estão treinados para fazer a reposição do fator deficitário com a auto-aplicação, por via endovenosa. Também é possível fazer a reposição em um centro hematológico. De acordo com a dra. Mariana, o País possui mais de 180 unidades.

A dra. Mariana lembra que "qualquer pessoa com hemofilia pode passar por qualquer cirurgia, mas ela é preparada pelo fator de coagulação faltante. Para cada procedimento você precisa de uma quantidade de infusão de fator por determinado tempo. Tudo isso é previsto. Tudo acontece de maneira muito tranquila".

DIA MUNDIAL DA HEMOFILIA

17 de abril foi escolhido como o Dia Mundial da Hemofilia em homenagem a Frank Schnabel, fundador da Federação Mundial de Hemofilia, que era portador da doença. Nascido em 1926, ele lutou incansavelmente em prol da melhoria da qualidade de vida dos hemofílicos. A data marca a busca, em todo o mundo, pela melhoria da qualidade de vida dos portadores desta grave enfermidade.