
Autismo: saiba mais sobre o transtorno que afeta 70 milhões de pessoas
Presidenta da Associação Brasileira de Autismo (ABRA), Marisa Furia da Silva, responde a dúvidas e esclarece que o tratamento é essencial tão logo o diagnóstico ocorra.
Wellington Carvalho
02/04/2015 às 18h45 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o número de autistas chegue a 70 milhões em todo o mundo. Dos cerca de 1 milhão de brasileiros diagnosticados com o transtorno, apenas 100 mil recebem algum tipo de atendimento, como aponta a Associação de Amigos do Autista (AMA).
O Autismo é um transtorno de desenvolvimento integral do ser humano com causa desconhecida. Cientistas supõem que fatores genéticos e biológicos possam contribuir para ele, marcando crianças e adultos por três caractecterísticas gerais: dificuldade para interagir socialmente; falta de domínio na linguagem para se comunicar; e padrão de comportamento incomum.

Esses sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida de um indivíduo, mas dificilmente são reconhecidos nesse período — o que é prejudicial. Mãe de um rapaz de 36 anos com a Síndrome de Asperger — comprometimento mais leve do transtorno —, a presidenta da Associação Brasileira de Autismo (ABRA), Marisa Furia da Silva, afirma que “temos muitos adultos comprometidos hoje e a esperança é que, no futuro, isso não aconteça. O prognóstico de uma criança é muito melhor. Estamos em um momento em que já se tem documentos e parâmetros para o diagnóstico. Agora, temos que ter tratamento”.
Recentemente, ela concedeu uma entrevista ao programa Viver é Melhor!*, da Super Rede Boa Vontade de Rádio, e trouxe outros esclarecimentos sobre o assunto. Confira!
Viver é Melhor! — Como o comportamento é interferido pelo autismo?
Marisa Furia — Há uma série de problemas de comportamento. Por exemplo, uma criança que não senta: como ensiná-la algumas atividades se ela não se aquieta para aprender? Existem crianças que os pais saem dando comida na boca delas enquanto elas estão andando. São vários outros comportamentos que as crianças com autismo têm e que devem ser compreendidos.
VM — Quais os níveis do autismo?
Marisa Furia — As pessoas com Síndrome de Asperger têm a inteligência preservada. Elas gostam de determinados assuntos e vão a fundo neles. Conseguem até mesmo cursar uma universidade. Porém, apresentam diferenças em suas habilidades: algumas gostam de pintar e copiar quadros, por exemplo, enquanto outras têm maior adequação com números, fazendo cálculos com muita facilidade.

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As crianças e adultos mais comprometidos são aqueles que o intelecto já não é tão preservado, apresentando até mesmo deficiência intelectual. Muitos deles entendem tudo o que se fala, mas não conseguem se comunicar — até mesmo os que falam; por exemplo: determinada criança fala, canta músicas, mas não consegue pedir um copo de leite. É muito complexo.
VM — Sabemos que o autismo não tem cura e causa descoberta. Mas como podemos amenizar suas consequências negativas?
Marisa Furia — Hoje, existem algumas metodologias que estão sendo utilizadas e podem ajudar a criança a se desenvolver muito mais rápido. [Mas existem técnicas que não funcionam]. Por isso, os pais têm que ir atrás de comprovações científicas, para não perder tempo, pois ele é precioso para essas crianças. Juntos aos profissionais da saúde, eles devem fazer com que as crianças com autismo tenham um programa específico de atendimento [de acordo com suas necessidades] e possam seguir com a vida dentro da normalidade.
VM — Como facilitar a comunicação com crianças autistas?
Marisa Furia — Os pais têm que saber como falar com a criança. Conversar sobre assuntos abstratos, por exemplo, é mais complicado. Falar de concretos é o mais interessante. Elas são mais literais. Então, se você falar: ‘senta na mesa, que o almoço está pronto’, a criança realmente vai sentar na mesa ao invés da cadeira. É preciso um profissional da saúde com especialização em autismo para falar com os pais e, em conjunto com a escola, todos ajudarem essa criança a compreender melhor as demais pessoas e se expressar melhor.
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*O programa Viver é Melhor! vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 14 horas, pela Super Rede Boa Vontade de Rádio — 1230 AM. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).
Com informações da Agência Brasil.