
Levantamento aponta mudanças na emissão de gases poluentes no Brasil
Agência Brasil
07/11/2013 às 15h25 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

Levantamento divulgado nesta quinta-feira, 7, pelo Observatório do Clima, indicou uma mudança no perfil das emissões brasileiras de gases de efeito estufa de 1990 a 2012, e concluiu que o patamar da poluição gerada pelos setores de energia e agropecuária já está muito próximo ao dos poluentes emitidos pela utilização da terra — principal responsável pelas emissões.
"A redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos acaba tornando a emissão do setor de uso da terra menor em relação ao que era registrado anteriormente, quado tinhamos cerca de dois terços das emissões vindos desse setor", explica o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl. O especialista ainda afirma que "atualmente, temos uma participação muito maior da agropecuária e do setor de energia, nos quais as emissões estão crescendo significativamente, e isso representa uma mudança do perfil de lançamento dos poluentes".
Em 1990, o Brasil emitiu 1,39 bilhão de toneladas de gás carbônico, sendo 815,8 milhões por mudanças no uso do solo e 193,1 milhões de toneladas enviadas pelo setor de energia. Em 2012, foi enviado à atmosfera 1,48 bilhão de toneladas do poluente, sendo 476,5 milhões ligadas ao desmatamento e 436,7 milhões de toneladas geradas pelo setor de energia. Apesar do crescimento das emissões brutas durante o período ser de apenas 7%, a evolução da geração de poluentes foi irregular e chegou a registrar elevações expressivas, como os 2,85 bilhões de toneladas verificados em 1995.
Em relação ao setor agropecuário, Carlos Rittl atribui o crescimento das emissões principalmente ao aumento do rebanho bovino com práticas pouco eficientes. “Essa nossa pecuária pouco eficiente, com um animal por hectare, com práticas de manejo muito precárias, acaba nos levando a esse aumento significativo de emissões”, afirma.
O especialista ainda alerta que há a tendência de que o setor de energia aumente ainda mais a emissão de gases de efeito estufa. Ele destaca, por exemplo, que o plano colocado para consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia prevê prioridade nos investimentos em combustíveis fósseis nos próximos dez anos. “Ele indica 72% de investimentos em combustíveis fósseis, em todos os investimentos para a área de energia. Isso é preocupante”, declara, ao relembrar das expectativas em relação aos rendimentos do petróleo do pré-sal.
Por isso, o secretário executivo do Observatório Clima, Carlos Rittl, enfatiza que a intenção da divulgação dos dados é de que ajude a promover um debate mais objetivo e eficiente sobre as maneiras de reduzir a poluição em todos os setores avaliados. “Estamos disponibilizando esses dados para que toda a sociedade tenha ciência da trajetória de emissões nos últimos anos, já que os dados oficiais vão somente até 2010”, salientou.