COP26 abre com expectativas de ação imediata pelo planeta

A pandemia da Covid-19 não interrompeu o aquecimento global. Apesar da queda momentânea nas emissões de gás carbônico em países que adotaram medidas de lockdown, o ano de 2020 terminou com as emissões em alta.

01/11/2021 às 00h34 - segunda-feira | Atualizado em 01/11/2021 às 17h58

Unsplash/Stephen O'Donnell

ONU espera que Glasgow seja “um ponto de virada” para um mundo mais seguro e verde para futuras gerações

Teve início neste domingo, 31, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) em Glasgow, na Escócia. O encontro vai até o próximo dia 12.

No discurso de abertura, Alok Sharma, que assumiu a presidência da COP26, pediu que os líderes dos mais diversos países trabalhem juntos e disse que a reunião de cúpula será mais difícil que o encontro de Paris, em 2015. Isso porque o encontro tem como objetivo detalhar regras que haviam sido estabelecidas como marco-geral na reunião na capital francesa.

A pandemia da Covid-19 não interrompeu o aquecimento global. Apesar da queda momentânea nas emissões de gás carbônico em países que adotaram medidas de lockdown, o ano de 2020 terminou com as emissões em alta. “A mudança climática não tirou férias. Todas as luzes estão vermelhas no painel climático”, declarou.

PROFUNDAS REDUÇÕES 

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) recomenda que o mundo aposte em profundas reduções de emissões para atingir um aquecimento da temperatura de 1,5°C até o final do século como prometido no Acordo de Paris. “O rápido processo de mudança climática está acendendo um alarme para o mundo aumentar o ritmo de adaptação, para enfrentar perdas e danos e agir agora para manter viva [a meta de] 1,5ºC”, disse Sharma, na abertura do encontro.

A ONU quer solidariedade global para apoiar mudanças em países menos avançados. Antes, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, disse que Glasgow pode ser “um ponto de virada” para um mundo mais seguro e verde para futuras gerações, mas que é preciso uma ação imediata para isso. 

Uma das recomendações é reduzir as emissões globais em 45% até 2030. O pedido feito a economias desenvolvidas e de rendimento médio é que acelerem a ação em favor da meta de 1,5°C, por serem as maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa. 

A capital escocesa será o centro da mobilização de financiamento público e privado para apoiar os mais vulneráveis na crise climática. Com as alterações do clima outro alvo é enfatizar que é preciso apoiar comunidades e seus habitats. 

ALERTA 

Ações nesse sentido incluem apoio à adaptação visando proteger e restaurar os ecossistemas, construindo mecanismos de defesa, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente. 

Glasgow deve ainda mobilizar finanças de acordo com promessas das nações ricas de canalizar US$ 100 bilhões por ano para se mitigar o aumento da temperatura. Outra grande meta é mobilizar a atuação conjunta para ajudar a cumprir os propósitos globais, reforçando as colaborações entre governos, empresas e sociedade civil. 

Para além de negociações formais que iniciam este domingo, a COP26 deve anunciar novas iniciativas e coalizões para impulsionar ações climáticas. O presidente da COP-26 disse que as divergências geopolíticas estão mais intensas do que no encontro de Paris. Ele conclamou os líderes a superar questões do passado para preservar o planeta. “Minha mensagem para todos os líderes é clara: deixem para trás os fantasmas do passado e fiquem unidos em torno desta questão que afeta a todos nós, protejam nosso precioso planeta”, pediu.

NOVOS RECORDES 

Foi publicado um novo relatório destacando que as concentrações de gases de efeito estufa atingiram novos recordes. Enquanto os níveis de dióxido de carbono, CO2, foram de 413,2 partes por milhão, os de metano, CH4, chegaram a 1889 partes por bilhão e do óxido nitroso, N2O, alcançaram a marca de 333,2 ppb. 

Os novos máximos equivalem a 149%, 262% e 123% acima dos níveis pré-industriais. O aumento continuou em 2021, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. 

As concentrações recordes de gases de efeito estufa e o calor acumulado associado empurram o planeta para um território desconhecido, com repercussões de longo alcance para as gerações atuais e futuras.  

Um resfriamento temporário do fenômeno “La Niña”, que aconteceu no início do ano, colocará 2021 entre o quinto ao sétimo ano mais quente já registrado. Mas a situação não reverte a tendência de longo prazo de aumento das temperaturas. 

METANO NA ATMOSFERA 

Em relação ao metano, o Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), alerta que o gás lançado diretamente na atmosfera é mais de 80 vezes mais potente do que o CO2 em um horizonte de 20 anos. Mas a diferença é a vida útil na atmosfera que é relativamente curta: entre 10 a 12 anos. 

A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, diz que reduções de metano devem acompanhar ações globais para descarbonizar o sistema de energia para limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme o estipulado no Acordo de Paris. 

As ações para cortar as emissões de metano podem baixar de forma mais imediata a taxa de aquecimento e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade do ar.  

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Com informações das Nações Unidas e Agência Brasil