
Apesar de alta no nível do Cantareira, especialista alerta que ainda é preciso poupar água
A situação continua preocupante e a população de São Paulo precisa prosseguir se esforçando, e muito, para economizar
Karine Salles
24/02/2015 às 00h38 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Toda vez que você gasta mais do que ganha, o famoso limite é acionado e você está no ‘vermelho’. Caso você não pague essa dívida e use mais dinheiro, juros e mais juros serão cobrados e você estará ainda mais endividado. Isso foi o que aconteceu com o Sistema Cantareira. Quer ver? Retiradas e mais retiradas de água foram feitas para uso da população. Até aí, normal né? Só que eles não foram devolvidos, porque não choveu o suficiente para repor todo o estoque. Já usamos do volume-morto, ou, para manter a analogia, já estamos fazendo retiradas do cheque-especial. E quem já precisou pegar dinheiro de lá sabe que os juros — ou seja, as consequências — são altos. É o que acontece agora com o Sistema Cantareira. Ele já está no limite. Bem no limite.

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Essa foi a comparação feita por Vladimir Caramori, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, e retrata a situação que muita gente na Região Sudeste do Brasil está vivendo: a crise da falta de água. Mas uma boa notícia divulgada essa semana mostra que aos poucos essa conta pode 'voltar pro azul'. É que, desde o dia 1º de fevereiro, o nível do Sistema Cantareira vem apresentando estabilidade e elevação. Além das chuvas mais frequentes no período, que resultam em um acumulado bem acima da média histórica, as ações de redução no consumo com o bônus para quem gasta menos água e de multa em caso de desperdícios também contribuem com a alta.
Especialistas alertam que ainda é cedo para determinar uma mudança climática para a região, e destacam o retorno de dias quentes e secos. De acordo com o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério de Ciência e Tecnologia, haverá chuvas abaixo da média no Norte e Nordeste e acima da média no Sul do País. Vladimir explica que “tanto a estiagem quanto a cheias são cíclicas, o que nós não conseguimos prever com precisão quando elas vão acontecer. Não dá pra dizer com tanta antecedência de que nos vamos ter estiagem para 2016”.
E, ao que tudo indica, se não chover o suficiente e o consumo não for reduzido, os reservatórios podem voltar a secar mesmo. A previsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é de que as chuvas não ultrapassem a média em março, último mês da estação chuvosa em São Paulo. Ainda segundo a previsão, haverá um declínio das chuvas no Sudeste no decorrer do período de março a maio.
Por isso que “a população tem que estar preparada para saber que a situação será difícil. Teremos problemas de escassez mais severos do que foi em 2014. Portanto a contribuição de todos é importante”. E Vladimir recordou “sem água nós não temos condições de manter, minimamente, a nossa sobrevivência”.
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