5 impactos das mudanças climáticas nos oceanos

Segundo relatório divulgado pela ONU, os oceanos estão com as temperaturas mais altas e com menos oxigênio.

Gabriele de Barros

28/10/2019 às 09h21 - segunda-feira | Atualizado em 30/10/2019 às 12h24

Não é novidade para ninguém que as desenfreadas ações humanas são responsáveis por diversas consequências negativas ao planeta Terra. Dentre tantas, vale ressaltar aquela que já estamos cansados de saber: o aquecimento global

Os resultados do aumento da temperatura terrestre já podem ser notados em diferentes partes do globo. O derretimento das geleiras e eventos climáticos como ondas de calor, seca, furacões, tsunamis, nevascas e inundações podem ocasionar a extinção de espécies animais e de plantas, além de prejudicar cidades e ilhas litorâneas densamente povoadas.

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O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), criado pelas Nações Unidas (ONU), apresentou um preocupante relatório dedicado aos efeitos das alterações climáticas nos oceanos e nas massas de gelo permanentes da Terra.

De acordo com o documento, os oceanos poderão sofrer alterações sem precedentes, com temperaturas mais altas —a temperatura global já atingiu 1°C acima do nível pré-industrial—, água mais ácida, menos oxigênio e condições alteradas de produção de recursos.

Vale ressaltar que a redução de oxigênio nos mares leva ao aumento da produção de óxido nitroso, um potente gás agravador do efeito estufa. Consequentemente, essa reação gera o derretimento do gelo das regiões frias, como o Ártico, e o aumento do nível dos oceanos.

O problema é que com o degelo e a diminuição permanente das massas geladas, uma maior quantidade de dióxido de carbono passa a ser liberada e, assim, se acelera a devastação dos oceanos e da criosfera — todo o gelo e neve existente na superfície terrestre.

Além desses resultados negativos, citamos mais 5 impactos que as mudanças climáticas ocasionam nos oceanos. Confira!

1. AQUECIMENTO DO MAR 

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Com o aquecimento do planeta Terra, os oceanos diminuem as consequências das mudanças climáticas, absorvendo 93% do calor aprisionado pelos gases do efeito estufa. Quanto maior a temperatura terrestre, maior o aquecimento marítimo.

As altas temperaturas já estão matando os ecossistemas marinhos, elevando o nível do mar e tornando os furacões mais destrutivos. Além disso, as populações que dependem dos recursos marítimos podem ser seriamente prejudicadas. 

2. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR 

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O aumento do nível do mar é causado, principalmente, por dois fatores: o aquecimento global, que provoca a expansão térmica da água nos oceanos, e o derretimento das geleiras e calotas polares.

Se a temperatura global subir 2°C, o nível dos oceanos aumentará 43 centímetros até aproximadamente 2100. Porém, se aumentar 3°C ou 4°C — como indica a tendência atual —, o aumento será de 84 cm. Parece ser um número pequeno, mas já é o suficiente para afetar milhões de pessoas.

3. AUMENTO DAS ZONAS MORTAS NOS OCEANOS 

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À medida que os oceanos se aquecem, o oxigênio tem mais dificuldade em atingir as profundezas dos mesmos, ocasionando nas chamadas zonas mortas, que são grandes extensões de água que contêm pouco ou nenhum oxigênio.

Elas são chamadas de "mortas" porque existem poucos organismos que conseguem sobreviver no local.

De acordo com um estudo publicado na revista Science, o tamanho das áreas sem oxigênio nas águas abertas do oceano quadruplicou desde meados do século 20. E as zonas com muito pouco oxigênio perto das costas se multiplicaram por dez.

A falta de oxigênio nos oceanos pode causar a extinção em massa de espécies marítimas, colocando em risco a vida de milhões de pessoas que dependem do mar como fonte de sobrevivência.

4. DERRETIMENTO DAS GELEIRAS E DAS CALOTAS POLARES 

Marco Gaiotto

Um dos graves problemas das mudanças climáticas é o derretimento das geleiras e calotas polares. E de acordo com cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, houve um crescimento de 0,6°C na temperatura terrestre nos últimos 100 anos e essa continuidade não teve fim, o que é preocupante, uma vez que o derretimento provoca a elevação do nível do mar que pode causar grandes destruições nas cidades baixas do mundo.

As duas calotas polares do planeta, na Antártica e na Groenlândia, já perderam uma média de 430 bilhões de toneladas desde 2006.

E um dos maiores perigos do derretimento é a liberação dos imensos depósitos de metano — gás de efeito estufa com resultado vinte vezes maior do que o gás carbônico (CO2) —  que se encontram embaixo do Oceano Ártico.

5. PERMAFROST 

CC BY-SA 3.0 Brocken Inaglory

O derretimento da camada de gelo permanente no solo da região do Ártico, cientificamente chamado de permafrost, pode trazer graves consequências ao planeta. Com o aquecimento global, no entanto, ele tem derretido de forma rápida, ocasionando instabilidades no solo, desmoronamentos e erosões.

Mas como o permafrost descongela?

Quando a camada ativa para de congelar no inverno, as coisas aceleram. Ou seja, o calor acrescentado permite que micróbios consumam material orgânico no solo — e emitam dióxido de carbono ou metano — o ano todo, em vez de apenas durante alguns curtos meses a cada verão. E o calor do inverno se espalha pelo próprio permafrost, descongelando-o mais rápido.

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Descongelamento do permafrost.

E o seu derretimento, apesar de não ser tratado como o principal desafio frente ao aumento da temperatura terrestre, contribui no processo de mudanças climáticas, ameaçando liberar bilhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Portanto, dentro de algumas décadas, se não reduzirmos o uso de combustíveis fósseis, o permafrost poderá ser uma fonte de gases de efeito estufa tão grande quanto a China — o maior emissor mundial.

Possíveis soluções

Segundo os cientistas do IPCC, uma redução urgente das emissões de gases de efeito estufa pode limitar e desacelerar as transformações nos oceanos, assim como possivelmente preservar os ecossistemas que dependem das águas para a sobrevivência.

+ O reflorestamento como solução para o aquecimento global

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Já seria grande ajuda se os países industrializados reduzirem suas emissões de dióxido de carbono, tornando-se independentes dos combustíveis fósseis e caminhando para um modelo diferenciado de energias renováveis e limpas.

Além disso, é fundamental que cada cidadão adote comportamentos mais sustentáveis, uma vez que as mudanças climáticas impactam a vida de todos e as ações individuais, praticadas agora, influenciarão diretamente no planeta nas próximas décadas.

Sendo assim, cabe a nós decidirmos se as transformações ao redor do globo serão boas ou ruins.  

Para finalizar, deixamos aqui uma afirmativa do diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), José de Paiva Netto, em seu artigo Não temos outra morada física senão a Terra: “Andamos alegremente esquecidos de que somos criaturas dependentes da Mãe Natureza; portanto, devemos cuidar muito bem dela. (...) As predições são alertamentos de Deus a respeito deste fato: se prosseguirmos como vamos indo, usando mal o nosso livre-arbítrio, as consequências serão tais, tais e tais. As admoestações dos Profetas, pois, não são para atemorizar ou mesmo “visões” de quaisquer doidivanas. Na verdade, debiloide é a ação de gente considerada prática, e que de prática não tem nada, mas, sim, de gananciosa e suicida, porquanto não temos outra morada a não ser este sofrido planeta, cuja paciência vai-se flagrantemente esgotando”


*Com informações dos sites Agência Brasil, BBC, Revista Galileu, Uol e Isto é.