
Dia Nacional do Braille: pioneirismo do Brasil e o desafio para a difusão do sistema
Wellington Carvalho
06/04/2015 às 13h17 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Em 1825 era criado, pelo jovem francês Louis Braille, o sistema que permitiu aos cegos o acesso ao universo da leitura e do conhecimento. Nesta quarta-feira, 8 de abril, é lembrado o Dia Nacional do Braille, o sistema natural de escrita e leitura das pessoas com deficiência visual. No Brasil, elas contabilizam mais de seis milhões, conforme estima o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Veja também
Para Regina Oliveira, coordenadora na Fundação Dorina Nowill para Cegos, o Braille teve papel muito importante na inclusão de cegos na sociedade. A falta de acesso à leitura e à educação formal fez que, por muitos tempo, essas pessoas ficassem confinadas em casa ou internadas em asilos para pessoas com problemas mentais.
Cega desde os sete anos, Regina aprendeu, na fundação, a ler e escrever, o que permitiu que frequentasse uma escola convencional e se profissionalizasse. Como resultado, começou a trabalhar na entidade como telefonista. Hoje, é a coordenadora de revisão dos livros em Braille.
De acordo com Regina, “o Brasil sempre foi pioneiro no que se refere ao Braille. O sistema foi criado em 1825 e já na década de 1850 era introduzido no País”. Hoje, ele tem larga aplicação no dia a dia das pessoas com deficiência visual: está presente em placas de elevadores, trens, embalagens de cosméticos e alimentos, cardápios de restaurantes e muitas outras situações.
Contudo, a especialista ressalta que ainda temos desafios para melhor difundir o sistema, que deixou de receber as devidas atenções ao passo que novas tecnologias passaram a surgir, a exemplo de audiolivros e outras evoluções, principalmente no campo da informática. Para isso, defende que “pelo menos nas séries iniciais, as crianças devem dispor de seus livros em Braille. O nosso grande problema, hoje em dia, é que nem todos os alunos recebem livros didáticos adequados — o que faz muita falta para um aluno cego”. A causa do problema, segundo ela, é a produção mais demorada e mais cara de livros em Braille, que pode ser aperfeiçoada.
Regina ainda defende que o sistema não pode ser substituído, salientando que “mesmo com todos os avanços, as pessoas ainda continuam utilizando a escrita normal para sua alfabetização. Ele é a maneira que as pessoas cegas têm de aprenderem ortografia, números, simbologia aritmética, fonética, musicografia”. Afinal, mesmo com todos os avanços da tecnologia, as crianças continuam sendo alfabetizadas na linguagem escrita, e o Braille é o equivalente ao escrito para as pessoas que não enxergam.
A data nacional foi escolhida em homenagem ao dia de nascimento de José Álvares de Azevedo, o primeiro professor brasileiro que não enxergava. Cego de nascença, ele estudou o método em Paris, na França. De volta ao Brasil, passou a ensiná-lo e a difundi-lo, recebendo o título honorífico de "Patrono da Educação dos Cegos no Brasil".
______________________________
*Com informações da Agência Brasil