Cão-guia: um grande amigo das pessoas com deficiência visual

Animal ajuda, e muito, cegos a se locomoverem e terem uma vida mais independente. No Brasil, 500 mil pessoas não enxergam, segundo censo 2010.

Wellington Carvalho

03/05/2016 às 09h01 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Arquivo pessoal

Anderson e seu fiel amigo, o labrador Yon.

Além da bengala, do olho biônico e de outras ferramentas criadas para ajudar na locomoção das pessoas com deficiência visual, o cão-guia é uma das formas mais tradicionais que um cego encontra para ter independência na hora de sair de casa. Graças à Lei 11.126/2005, a entrada e permanência do deficiente visual com o animal é permitida em qualquer lugar de uso coletivo, como transporte público, lojas e praças.

Foi assim que o professor de música Anderson da Mata sentiu “mais segurança e autonomia”, conforme explicou ao Portal Boa Vontade. O jovem, que possui uma doença degenerativa na retina, começou a contar com seu cão-guia no ano de 2013, graças ao apoio de uma ONG especializada nesse tipo de atendimento.

Foi em março de 2014 que Yon, o labrador de Anderson, começou o adestramento. Até o fim de 2013, o fiel companheiro ainda se dispersava, cheirando objetos e pessoas. Contudo, o professor de música afirma que já consegue ir a todos lugares com ele. “O Yon já conhece os trajetos das integrações entre trem e metrô que faço”, exemplifica.


E não é para menos que o cachorro já é considerado um amigão pelo dono. De acordo com Anderson, a expectativa que tinha sobre ter o animal, que já era boa, foi superada. “A partir de 2013, tive uma mudança muito grande com o Yon. Ele faz muita, mas muita diferença mesmo”.

Contudo, o jovem ressalta que ter o cão-guia não foi nada fácil. Depois de entrar em contato com a ONG, ainda teve de esperar dois anos até que, de fato, o processo todo fosse concluído. “Faltam investimentos, porque o custo de um cão-guia é muito alto”. No Brasil, além do atendimento de ONGs, que geralmente é gratuito, empresas especializadas também são uma alternativa.

Em média, o treinamento leva dois anos e custa o equivalente a R$ 25 mil. O professor de música pondera que essa disponibilidade do cão-guia para cegos — que contabilizam mais de meio milhão, segundo o mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —  “é algo extremamente necessário para o dia a dia da pessoa com deficiência visual”.