33 milhões de pessoas passam fome no Brasil

Levantamento divulgado nesta quarta-feira, 8, mostra que 60% da população sofrem algum tipo de insegurança alimentar

Da redação

08/06/2022 às 09h58 - quarta-feira | Atualizado em 13/06/2022 às 15h59

Shutterstock

Pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 8, revela que 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil. Em pouco mais de um ano, foram 14 milhões de brasileiros que entraram para o mapa da fome. O levantamento, realizado pelo instituto Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mostra, ainda, que 58,7% da população vivem com insegurança alimentar.

Infelizmente, a falta de acesso regular à alimentação ainda é uma realidade para multidões espalhadas pelo Brasil e pelo Mundo. A extensa duração da crise da pandemia, que extenua a todos e gera implicações econômicas, emocionais e para a saúde da população, ganha contornos extras para os mais pobres. 

Por incrível que pareça, a escolha do que comer não é condição acessível a todos. Ainda há muitos brasileiros que mal garantem as refeições diárias, nem mesmo o tradicional arroz com feijão. A nova pesquisa mostra que a fome atinge as regiões do País de forma muito desigual. Em média, 15% dos brasileiros estão abaixo da linha da pobreza. O porcentual, entretanto, chega a 25% e 21% no Norte e no Nordeste. A situação também é pior entre os negros e as mulheres. 

Problemas além da fome

Para as camadas mais pobres da população, que, mesmo antes da pandemia, mal garantiam as refeições básicas, a situação está ainda mais difícil. Cerca de metade das famílias que deixaram de comprar arroz, feijão, vegetais e frutas nos últimos três meses, convivem com insegurança alimentar moderada ou grave. Comprar itens de hortifrúti então, para muitos, é um luxo, embora se saiba que é preferível consumi-los em lugar de comidas industrializadas, geralmente prejudiciais à saúde. Vale lembrar que com baixo valor nutritivo, vários conservantes e altas calorias, estes podem, a médio prazo, deixar seus consumidores mais vulneráveis a desenvolver doenças como a obesidade, o diabetes e a hipertensão.

Ao enumerar outros sérios estudos, percebe-se ainda que as consequências da fome no organismo são agravadas pelo estresse crônico decorrente da pobreza. O estudo “Poverty impedes cognitive function” (“Pobreza impede a função cognitiva”, em tradução livre), publicado na prestigiada revista Science, revela que a pobreza causa um prejuízo cognitivo enorme sobre quem a enfrenta, fazendo com que o organismo destine poucos recursos cognitivos às atividades que poderiam modificar a situação de vulnerabilidade dessas pessoas, como estudar e trabalhar. "A escassez de comida não afeta só a saúde física futura, mas como essas crianças vão se sair na escola, como conseguirão contribuir para o mercado de trabalho”, alertou Tessa Roseboom, professora de Desenvolvimento e Saúde na Primeira Infância na Universidade de Amsterdã.

Banco Mundial/Maria Fleischmann

ODS 12 que pede que o desperdício e perda de alimentos seja reduzido pela metade até 2030

Consumo consciente dos alimentos

Ao programa Viver é Melhor!*, da Boa Vontade TV, o dr. Gustavo Chianca, representante adjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), alertou que o desperdício e as crises ambientais e político-econômicas, estão como os principais culpados na manutenção desse problema mundial.

Para ele, o consumo consciente por parte da população e a Solidariedade em “compartilhar o pão** com quem tem menos são ações indispensáveis para o fortalecimento da segurança alimentar. "Desperdiça-se quase um terço do que é produzido no mundo. Com isso, daria para alimentar toda a população que passa fome. Desemprego e crise econômica causam um impacto enorme na segurança alimentar. E estamos vendo crise econômica e índices de desemprego alarmantes. A pandemia tem agravado isso, impactando na quantidade de pessoas que passam fome. É uma situação grave. Aqueles que podem ser solidários devem ajudar da forma que for possível. Precisamos fazer a nossa parte para atenuar essa situação tão grave que estamos vivendo neste momento", disse.

Itala Kelly

LBV na luta contra a fome

A fim de aliviar o sofrimento dos que enfrentam a fome, a Legião da Boa Vontade (LBV) continua a mobilização social, por meio de suas campanhas emergenciais que visam angariar donativos para entregar itens essenciais, a exemplo do leite, que compõe a cesta de alimentos, tão necessário para reforçar a alimentação da família e ajudar no desenvolvimento de crianças para garantir que milhares de famílias em situação de risco social e insegurança alimentar tenham o que comer neste difícil momento.

Por isso, a LBV precisa da SUA AJUDA para continuar prestando o atendimento a milhares de famílias em risco alimentar. A sua doação é esperança na vida de milhares de famílias, pois ela possibilita com que o trabalho humanitário continue e seja intensificado, proporcionando um fundamental amparo a crianças, adolescentes e adultos que vivem em situação de vulnerabilidade em todo o Brasil.

Como ajudar?

Via Pix: LBV — E-mail: pix@lbv.org.br

Contas bancárias:
CNPJ: 33.915.604/0001-17
Bradesco: Agência: 0292-5 — C/C: 92830-5
Itaú: Agência: 0237 — C/C: 73700-2
Banco do Brasil: Agência: 3344-8 — C/C: 205010-2
Caixa Econômica Federal: Agência: 1231 — operação: 003 — C/C: 100-0
Santander: Agência: 0239 — C/C: 13.002754-6

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* Viver é Melhor! — O programa pode ser acompanhado na Boa Vontade TV (de segunda a sexta-feira, das 15 às 16 horas) pela Claro/Net 196 e 696; pela TV digital aberta: canal 45.1 (São Paulo/SP e na região metropolitana); pelo YouTube e site da emissora: www.boavontade.com/pt/tv.

** “Compartilhar o pão” — Título de artigo do diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, que, há décadas, alerta para a importância da Solidariedade entre os seres humanos. Para lê-lo, clique aqui