SEXTING: Pesquisa revela danos causados as mulheres que são expostas na internet

Automutilação, depressão, fobias, ideações e tentativas de suicídio, transtorno alimentar, alcoolismo, dificuldades de se relacionar socialmente e problemas de autoestima.

Karine Salles

24/03/2022 às 08h15 - quinta-feira | Atualizado em 24/03/2022 às 11h50

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A internet é um meio incrível. Aqui viajamos, compramos, estudamos, pagamos contas, conhecemos lugares e até pessoas. Com ela nos reaproximamos de parentes distantes, fazemos amigos. E graças ao avanço da tecnologia, com poucos movimentos, podemos registrar os momentos e expô-los aos nossos amigos e ao mundo inteiro pelas redes sociais. São inegáveis os benefícios e avanços proporcionados pela internet, mas não se pode fechar os olhos para os riscos provocados por quem utiliza a ferramenta. 

Um ponto que sempre merece atenção é quanto a exposição nas redes, pois muitas pessoas são especializadas em aplicar golpes através da internet, e muitos deles ocorrem pela ingenuidade da vítima. Portanto, cuidado com a superexposição para não ser mais uma vítima de sexting, que representa a veiculação de mensagens de conotação sexual, sejam elas transmitidas por fotos, textos e vídeos. 

O drama de quem sofre com o cyberbullying ou riscos emocionais do sexting podem ir muito além das telas do computador. A superexposição desnecessária, feita muitas vezes sem a intenção de causar constrangimentos a si mesmo, pode levar a sérias consequências que, segundo o diretor de prevenção da Safernet, Rodrigo Nejm, "são muito reais e chegam ao extremo de suicídios".

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Os casos dos adolescentes que não suportam as 'perseguições' e que não resistiram a vergonha e a humilhação de verem suas fotos íntimas circulando nas mídias sociais viram temas nos jornais, infelizmente. Isso leva a um momento muito difícil da vida da pessoa. "É um fantasma que vai muito além da escola. Tem começo, mas não tem fim", pondera Nejm. 

O assunto é tão grave, que recentemente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou dados de uma pesquisa feita pelo Grupo de Violência, Gênero e Saúde da Fiocruz Minas, por meio do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, que avaliou os danos causados as mulheres que são expostas na internet e ainda como se dão os cuidados em saúde necessários nessas situações. 

Automutilação, depressão, fobias, ideações e tentativas de suicídio, transtorno alimentar, alcoolismo, dificuldades de se relacionar socialmente e problemas de autoestima. Essas são algumas das sequelas relatadas por mulheres que tiveram imagens íntimas divulgadas sem autorização, segundo a pesquisa.

Ainda segundo a pesquisa, os danos gerados para a saúde mental das mulheres depois de serem expostas são diversos, incluindo desde um abalo na autoestima até tentativas de tirar a própria vida. A forma como cada pessoa vai ser afetada está diretamente relacionada à sua história de vida e estrutura familiar. Além disso, a exposição da intimidade agrava fragilidades pré-existentes.

“É o caso de distúrbios alimentares e estados depressivos; quem já tinha predisposições desenvolveu. Outra consequência importante é o sentimento de culpa, relatado tanto pelas vítimas como pelos profissionais. É uma culpabilização externa que acaba virando interna e vai minando a autoestima. Isso interfere em todo o processo, porque a mulher deixa de procurar ajuda porque se sente culpada, acha que, de alguma forma, contribuiu para a situação”, diz Laís. “Além disso, o dano se dá sobretudo nas relações. Muitas das entrevistadas relataram que o que mais machuca não é a vergonha da exposição, mas o fato de não serem apoiadas por familiares e amigos”, afirma.

PROTEÇÃO

Caso você conheça alguém que esteja passando por situação semelhante, o psicólogo Rodrigo Nejm orienta que, juntamente com sua família, procure ajuda. A Safernet possui um canal de ajuda no qual crianças e adolescentes recebem orientações. "Pode entrar em contato com a equipe especializada, que vai orientar o passo a passo sobre como denunciar, pois depende de qual ferramenta foi usada e qual o procedimento a ser tomado, que basicamente envolve em denunciar o conteúdo e comunicar as autoridades". O endereço do site é: www.canaldeajuda.org.br.

Sabemos que tem muita coisa boa no mundo virtual. Não estamos dizendo para você parar de tirar fotos, conhecer pessoas ou fazer compras, mas é preciso tomar alguns cuidados com os excessos. Por isso, utilize os canais para compartilhar boas notícias e informações que sejam relevantes para ajudar a construir um mundo melhor. 

 

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Com informações da FioCruz