Mulheres na área de TI

Na escola da LBV, a Educação solidária e sem sexismo derrubou barreiras para minha carreira profissional

06/03/2018 às 20h00 - terça-feira | Atualizado em 07/03/2018 às 20h21

Vivian R. Ferreira

Dayane Bortolin é programadora de Sistemas de Telecomunicações na LBV. É graduada em Sistemas da Informação pela Universidade Paulista (Unip) e pós-graduada em Projeto e Desenvolvimento de Sistemas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Por Dayane Bortolin

Quando sou levada a refletir acerca da importância da Educação para o empoderamento feminino, é impossível não me deter na sólida formação que tive no Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP. Nessa escola, além do ensino de excelência, pude vivenciar o respeito e libertar-me de qualquer tipo de preconceito: de gênero, cultura, credo, etnia ou social.

Assim como nas demais unidades socioeducacionais da Legião da Boa Vontade, os estudantes, além de desenvolverem o intelecto, têm despertados os sentimentos mais elevados, de forma que todo o conhecimento adquirido é fraternalmente utilizado na formação acadêmica que eles almejarem seguir. Não é à toa ser este o lema do colégio, fundado pelo educador e diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto: “Aqui se estuda. Formam-se cérebro e coração”.

Estudei nessa escola da Instituição até concluir o Ensino Médio, em 2003. Ingressei na faculdade no ano seguinte. Em 2008, graduei-me em Sistemas da Informação, na Universidade Paulista (Unip), e, em 2013, fiz a pós-graduação em Projeto e Desenvolvimento de Sistemas, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Hoje, trabalho no departamento de Tecnologia da Informação (TI) da Legião da Boa Vontade, contribuindo com soluções inovadoras nessa área para ampliar o impacto da Organização.

“É preciso acreditar que não há profissão ‘X’ para homens e ‘Y’ para mulheres, e sim que todo ofício pode ser exercido, independentemente de qual seja o gênero do ser humano.”

Minha carreira profissional dependeu muito do incentivo e das orientações que recebi no estabeleci­mento de ensino da LBV, pois jamais ouvi frases sexistas durante as aulas, como “Áreas de exatas, tecnológicas e científicas não são para meninas”. Pelo contrário. Os educadores sempre diziam que podíamos ser tudo aquilo que desejássemos, desde que houvesse bastante empenho e determinação, encorajando as garotas a acreditar em seus sonhos, fossem eles quais fossem — até mesmo atuar em profissões cuja presença da mulher é pequena, como a da área que escolhi.

Arquivo pessoal

Dayane Bortolin (E) aparece ao lado da colega de classe Jamile Caroni dos Santos, ambas à época com 12 anos. Na ocasião, participavam de uma feira de ciências na escola da LBV na capital paulista.

Lembro que, na época em que entrei na faculdade, as brasileiras representavam apenas 16% dos postos de trabalho nesse ramo (Catho). Hoje, esse número subiu muito pouco. Em 2016, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostrou a participação feminina de 20% entre os 580 mil profissionais de TI no Brasil. Um cenário bastante aquém do que poderia ser.

 Para se ter ideia, minha turma no curso de Sistemas da Informação começou com mais de 50 rapazes e apenas cinco alunas. A desproporção era tão grande, que qualquer uma poderia sentir-se em território incômodo pela diferença absurda na quantidade de homens e mulheres. No início, até na formação de grupos de trabalho, percebia-se que a maioria tinha preferência pela parceria com colegas do sexo masculino. Mas, demonstrando capacidade ao longo do tempo, ganha-se a confiança da classe, e é possível ser uma das primeiras pessoas a ser chamadas para formar uma equipe de estudo e, até mesmo, ser representante da turma.

Para mim, essas experiências evidenciaram quanto realmente se tem de desigualdade de gênero no ingresso em determinadas áreas. Contudo, é preciso acreditar que não há profissão “X” para homens e “Y” para mulheres, e sim que todo ofício pode ser exercido, independentemente de qual seja o gênero do ser humano. E mais: que é possível utilizar nossas ocupações para impactar beneficamente os nossos semelhantes. Aprendi com o educador Paiva Netto: “De que valerá ao ser humano tornar-se um bom profissional se desconhecer a ética de erguer-se como um profissional bom?”

Por tudo o que me tornei, sou muito grata pelo ensino de alta qualidade da LBV, sustentado pela Pedagogia do Afeto (destinada a crianças de até os 10 anos de idade) e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico (direcionada a indivíduos a partir dos 11 anos), que compõem a vanguardeira linha educacional criada por Paiva Netto. Tenho plena certeza de minhas capacidades e sei que tudo é possível de se alcançar, seja qual for o gênero da pessoa. Basta querer e realizar!