Renomado médico explica as principais causas da perda auditiva

O Portal Boa Vontade esclarece dúvidas sobre as causas da surdez, sintomas e o tratamento.

Simone Barreto

28/05/2018 às 17h20 - segunda-feira | Atualizado em 30/05/2018 às 18h02

O Brasil tem, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística*, o IBGE, 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva — severa ou moderada. Em números exatos, 2 milhões com surdez profunda e 8 milhões com surdez variável.

A perda de audição gera grande impacto nas habilidades comunicativas das pessoas, afetando suas capacidades sociais e de aprendizagem, por exemplo. E muitos são os fatores que levam à deficiência auditiva ou surdez. Daí fica a pergunta: existe uma maneira de prevenir estes problemas auditivos?

Andreia Fontenele
O dr. Jair de Carvalho e Castro (E), um dos mais conceituados otorrinolaringologistas da medicina brasileira, conversa com Alan Lincoln, da Boa Vontade TV.

O assunto foi abordado em uma entrevista feita pela Boa Vontade TV (canal 196 e 696 da NET e da Claro TV e 212 da Oi TV) com o dr. Jair de Carvalho e Castro, um dos mais conceituados otorrinolaringologistas da medicina brasileira. Professor adjunto do Departamento de Otorrino e Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o amigo de longa data da Legião da Boa Vontade (LBV) explicou, dentre outros tópicos, o que é surdez.

Confira alguns trechos da entrevista:

Definição

“Poderíamos definir a surdez como um grau de perda auditiva. De acordo com o grau, a surdez pode trazer impactos maiores ou menores para o paciente."

Tipos de Surdez 

“Temos uma divisão acadêmica em dois tipos: a surdez de condução e a surdez neurossensorial. No modelo do ouvido, no pavilhão auricular do conduto, membrana timpânica, o que a gente chama de ouvido externo e ouvido médio, tudo que existe aqui é condutivo. E dentro é neurossensorial. É uma questão didática para compreender onde está ocorrendo o motivo da surdez. Para cada local do aparelho auditivo temos uma maneira de diagnosticar e uma possibilidade de tratamento.”

Sintomas de surdez

“A criança começa a ter um rendimento escolar ruim, dificuldade de adquirir a linguagem falada, com erros de pronúncia, dificuldade para aprender a ler e escrever, fica um pouco mais agitada. (...) O adulto começa a ter problemas, principalmente, no ambiente familiar e no trabalho, entender alguma informação.”

"Com o passar dos anos, a partir dos 65, 70 anos, começa a haver uma diminuição natural da audição. Ela se estabelece de maneira lenta e gradual, por vezes demora que isso se perceba, mas é natural. E uma vez estabelecido o problema, a gente recomenda sempre que se procure um especialista em otorrinolaringologista para ver se isso é verdade, qual o grau de intensidade e o que fazer.”

Prevenção  e diagnóstico na infância

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a metade dos casos de surdez poderia ser prevenida. No caso das crianças, 60% deles. “A criança, ao ingressar na vida acadêmica, tem como rotina de matrícula o exame de audição. Isso já é um passo importantíssimo para observar que algumas delas terão algum grau de perda auditiva e devem ser tratadas. Pelo menos já temos esse filtro. Mas o mais importante que isso é o recém-nascido. Nós temos no País a triagem auditiva pré-natal. Significa que o bebê, ao nascer, tem que ser submetido a um teste para ver se ele tem audição ou não", disse o doutor.

"Vale a pena ressaltar que até pouco tempo atrás, não havia nada a ser feito com a criança que nascia com perda de audição total, estaria condenada a não ouvir. Hoje, felizmente, temos um sistema de ajuda a esse paciente, se chama implante coclear. Após exames de tomografia, ressonância, teste de funcionamento da orelha interna, eletrofisiologia de audição, fechando o diagnóstico, temos até os 24 meses de idade para fazer o implante coclear. Com isso, há uma chance elevadíssima de restabelecer a audição nessa criança. Esse fato faz com que haja uma mudança profunda na qualidade de vida dessa criança, da família e da sociedade.”  

A entrevista completa você confere, em breve, no programa Viver é Melhor, da Boa Vontade TV (canal 196 e 696 da NET e da Claro TV e 212 da Oi TV.

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* Os dados foram retirados do Censo 2010.