Pesquisa aponta que os quatro tipos de vírus da dengue se concentram em SP

Agência Brasil

30/05/2014 às 18h54 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h01

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

São Paulo, SP — Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da Universidade de São Paulo (USP), aponta que os quatro tipos do vírus da dengue circulam na região metropolitana de São Paulo e em cidades vizinhas.

De acordo com Paolo Zanotto, professor do Departamento de Microbiologia da entidade, é a primeira vez que o Estado enfrenta essa condição. Entre os riscos envolvidos, está a mudança do perfil epidemiológico da doença, com manifestações mais graves e aumento das infecções em crianças.

“Em termos de epidemiologia, é a mesma situação da dengue na Ásia, quando você tem a circulação de todos os sorotipos. Percebe-se uma mudança no padrão de doença”, explicou. Ainda segundo ele, diante dessa condição, países do Continente Asiático passaram a registrar casos mais graves, como a dengue hemorrágica. Além disso, devido ao acúmulo de imunidade contra o vírus em pessoas mais velhas, os jovens podem se tornar a faixa etária que mais manifestará a doença.

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Para identificar os vírus, a equipe coordenada por Zanotto recolheu amostras de sangue de 1,3 mil pacientes com suspeita de dengue nos municípios do Guarujá, no litoral sul, e Jundiaí, na região de Campinas. A partir desse número inicial, foi feito o sequenciamento genético de aproximadamente 800 amostras. “Os vírus encontrados em Jundiaí eram muito parecidos com os do Guarujá. Ficou claro que ele está passando de um lugar para outro. A rota mais plausível é a Grande São Paulo”, explicou.

De acordo com o pesquisador, embora tenha sido verificada cientificamente em São Paulo, também pode estar ocorrendo em outros Estados brasileiros. “Já sabíamos da existência do sorotipo 4 na Amazônia. Sem dúvida, [esse vírus] existe em outras cidades”, estimou. Ele defende que haja a identificação e documentação desse quadro, assim como ocorreu na capital paulista.
 

Valter Campanato/ABr
No combate à dengue, é imprescindível que os cidadãos permitam a vistoria dos vigilantes ambientais em saúde, para que estes detectem possíveis focos nas residências.

Neste ano, os casos de dengue na capital paulista mais que triplicaram em relação ao registrado no mesmo período de 2013. Segundo levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o total de casos de dengue registrados na cidade, em 2014, chegou a 6.896. Os números são os maiores observados nos últimos cinco anos, quando as ocorrências chegaram a 3.046, em 2009 .

Cinco municípios paulistas concentram a maior parte (61,8%) dos diagnósticos. Além de Campinas, Americana (5.550), Jaú (2.801), Votuporanga (1.834) e São Paulo lideram o ranking da doença em todo o Estado. Dos 645 municípios, 267 não registraram nenhum caso este ano, segundo o Governo Estadual.

O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, com dados até a 18ª semana deste ano, aponta 394.614 casos em todo o país. O maior índice de incidência está concentrado na região Sudeste, com 225.401, que representa 57,1%. Em seguida, aparecem as regiões Centro-Oeste (79.998), Nordeste (35.625), Sul (31.291) e Norte (22.299). Na comparação com 2014, observa-se uma redução de 67,6% dos casos no Brasil.

AÇÕES SIMPLES PARA COMBATER A PROLIFERAÇÃO DO MOSQUITO DA DENGUE

— Encha de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta;
— Lave por dentro com água e sabão os tanques e os utensílios usados para guardar água, como jarras, garrafas e baldes; 
— Jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como latas, potes, pneus, etc;
— Mantenha bem tampados os tonéis, barris d’água e a caixa d’água;
— Se você tiver vasos de plantas aquáticas, troque a água e lave ele principalmente por dentro com escova, água e sabão semanalmente;
— Mantenha o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento do serviço de limpeza urbana;
— De preferência, o saco de lixo deve ser armazenado numa lixeira bem fechada. Não jogue resíduos em terrenos baldios.