MICROCEFALIA: há relação entre a doença e o zika vírus?

Cris Haidar

06/09/2016 às 08h56 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h08

A microcefalia é uma rara condição neurológica em que o cérebro e a cabeça não crescem de maneira adequada, ocasionando um atraso no desenvolvimento motor e mental. Nos últimos meses, a doença voltou a chamar a atenção das autoridades brasileiras e internacionais por conta do elevado número de casos registrados. Para muitos especialistas, a alta incidência tem relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo da dengue e da febre chikungunya.

Diversas pesquisas reforçam a teoria de que o desenvolvimento da doença esteja ligado ao vírus e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, num relatório , que "há forte consenso científico" sobre essa relação. Segundo o especialista em neuropediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, dr. José Salomão Schwartzman, dependendo do grau de comprometimento, a ação do vírus é impetuosa no sistema nervoso do bebê, podendo causar um processo inflamatório na retina, levando à cegueira, além de destruir os receptores responsáveis pelo estímulo da audição.

Ministério da Saúde

Ao afetar o sistema nervoso, o zika vírus causa um comprometimento motor severo a ponto de o recém-nascido não conseguir se mexer. As crianças ainda sofrem de choro incontrolável, proveniente de grande irritabilidade, e convulsões, em alguns casos 150 por dia. Em certos casos, a epilepsia se torna tão grave que é necessária medicação muito forte, deixando a criança mais suscetível a infecções.

Cuidados

Para que a criança se desenvolva e tenha uma boa qualidade de vida, é importante que haja um acompanhamento multidisciplinar com psicólogos, fisioterapeutas, neurologista, fonoaudiólogo e nutricionista. O Ministério da Saúde aconselha que todas as crianças com esta má-formação sejam inseridas no Programa de Estimulação Precoce do Nascimento, lançado em razão do cenário de urgência criado pelo significativo aumento de casos de microcefalia. Este programa visa a maximização do potencial de cada criança no crescimento físico e maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva.

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A epidemia existe e a doença também. Portanto, temos que impedir a proliferação do mosquito! Ações como não deixar água em vasos de planta, tampar caixas d’água, verificar se as calhas estão livres para escoamento da água da chuva e fechar bem os lixos e lixeiras, são suficientes para frear o avanço do vírus. No caso das gestantes, o importante é usar repelente, usar telas nas janelas, usar roupas que cubram a pele, evitar locais com jardins e matos, evitar sair no começo da manhã e final de tarde, usar roupas claras, evitar perfumes fortes que atraem o mosquito.

Números da microcefalia

No Informe Epidemiológico de Microcefalia, divulgado pelo Ministério da Saúde, e referente até a 20ª semana do ano, ou seja, até 21 de maio, foram confirmados 1.434 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita em todo o país. O boletim reúne informações encaminhadas semanalmente pelas secretarias estaduais de saúde.

Os diagnósticos foram registrados em 517 municípios, localizados em 25 unidades da federação. Desses casos, 208 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o zika. O Ministério da Saúde, no entanto, ressalta que esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao vírus. 

A pasta ressalta ainda que está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central informados pelos estados e a possível relação com o vírus e outras infecções congênitas. A doença neurológica pode ter como causa outros agentes infecciosos, como a sífilis, yoxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes viral.

Sem desanimar

Ao receberem o diagnóstico de um filho com alguma limitação, muitas gestantes se veem diante da opção de interromper a gravidez. Nós aconselhamos que os pais repensem a decisão, como fez a funcionária pública manauara Viviane Lima, mãe de duas adolescentes com microcefalia. Ela compartilhou com o Portal Boa Vontade a sua história, enviando ao coração de todas as mulheres que enfrentam essa situação palavras de conforto e incentivo, reiterando o brado à vida.

Bruno Kelly
Ana Victória, Viviane, Carlos, Maria Luiza e Júlia.

"Eu diria para elas terem Fé, primeiramente! E elas têm que aprender a viver um dia de cada vez, pois quando eu aprendi a viver um dia de cada vez, as coisas melhoraram pra mim. Quando a gente tem essas crianças [com microcefalia], a gente quer saber o que vai ser lá na frente", disse.

A Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, com sua permanente campanha a favor da Vida, ajuda a compreender onde começa a existência e quais são as graves consequências espirituais para quem comete o aborto. Em seu artigo Pela Vida, o jornalista, escritor e radialista Paiva Netto traz à reflexão de todos: "Em Mãezinha, deixe-me viver! (1987), argumentei: os que, por desconhecimento de certos fatores espirituais, infelizmente ainda defendem o aborto, alegando que a mulher é dona do seu corpo, esquecem-se de que, pelo mesmo raciocínio, o corpo do bebê é do bebê...".