
Cuidar bem dos alimentos evita a morte de mais de 2 milhões de pessoas
Karine Salles
06/04/2015 às 20h31 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

O acesso a alimentos seguros e nutritivos em quantidade suficiente é essencial para sustentar a vida e promover a boa saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) os alimentos não seguros estão ligados à morte de cerca de 2 milhões de pessoas por ano, muitas delas crianças. Eles podem conter bactérias nocivas, vírus, parasitas ou substâncias químicas, responsáveis por mais de duzentas doenças, que vão da diarreia ao câncer.

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Ao Portal Boa Vontade, a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, dra. Ana Maria Bartels Rezende, também integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), da Presidência da República, afirmou que para prevenir essas mortes são necessárias 5 ações que todos podem colocar em prática, pois são bem simples:
— Manter limpo o local onde os alimentos são manipulados;
— Separar os alimentos crus dos cozidos;
— Conservar os alimentos numa temperatura segura;
— Usar água potável e matéria-prima de qualidade;
— Saber a origem de cada alimento.
Novas ameaças à segurança alimentar surgem constantemente. Alterações na produção, distribuição e consumo de alimentos; alterações no ambiente; novos e emergentes agentes infecciosos; resistência antimicrobiana – isso tudo constitui desafios aos sistemas nacionais de segurança alimentar. As viagens aéreas e o comércio aumentam a probabilidade da contaminação se espalhar internacionalmente. Por isso, a especialista enfatiza que os alimentos têm que trazer segurança "desde sua produção".
Para isso, ela cita a produção de alimentos livre de agrotóxicos, já que a procura cada vez maior por esse tipo de alimentos tem incentivado a produção mundial, o que faz do mercado orgânico uma excelente oportunidade de negócio. De acordo com o Sebrae, o Brasil está se consolidando como um grande produtor e exportador de orgânicos, com mais de 15 mil propriedades certificadas e em processo de transição de uma agricultura de subsistência para alvo da indústria. Atualmente, 75% dessas terras pertencem a agricultores familiares.
"Uma das ações de trabalho do Consea é a luta contra os agrotóxicos, que é importante para a prevenção de doenças. A partir do momento em que tivermos um controle maior do uso deles no nosso País, com certeza estaremos prevenindo uma série de doenças". Ainda segundo a especialista, outra frente de atuação é na rotulagem dos alimentos, pois essa é a forma de informar a população para que possa fazer escolhas mais saudáveis.

Exemplos de alimentos não seguros incluem os de origem animal, frutas e vegetais contaminados com fezes, e marisco, que contém biotoxinas marinhas, em especial quando mal cozido. "Para cada tipo de contaminação existem sintomas definidos, que podem ser: diarreia, febre, vômito, são os mais comuns da contaminação biológica". Dra. Ana Maria salienta que, em caso de contaminação por microoganismos, os sintomas podem levar de 30 minutos a 48 horas para se manifestarem. E há ainda as contaminações químicas que os sinais e sintomas só vão aparecer, segundo a nutricionista, com o tempo. "Essa é uma das grandes preocupações, pois são as doenças que mais acometem a população, por conta dos agrotóxicos nos alimentos".
DIA MUNDIAL DA SAÚDE
Celebrado nesta terça-feira, 7, o Dia Mundial da Saúde é uma oportunidade para alertar as pessoas que trabalham em diferentes setores do governo, agricultores, fabricantes, varejistas, profissionais de saúde - bem como os consumidores – sobre a importância da segurança alimentar, e a parte que cada um pode desempenhar para garantir que todos possam se sentir confiantes de que a comida em seu prato é segura para consumo.
Em sua mensagem para a data, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou: "Embora a indústria e sistemas reguladores sejam as principais responsáveis pela segurança dos alimentos, todos nós temos um papel fundamental na segurança. Mesmo os alimentos preparados em nossas casas podem ser uma fonte de doença, se eles não estão preparados adequadamente. Devemos aderir aos mesmos padrões de segurança alimentar em casa, esperamos implementar todas as partes interessadas na cadeia alimentar".