'Igualdade para a mulher é progresso para todos', afirma diretora da ONU Mulheres

LBV participa de conferência sobre a valorização da mulher e apresenta sua ampla contribuição na luta pela erradicação das desigualdades sociais e de gênero.

Jéssica Botelho

10/03/2014 às 15h26 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

UN Women/Ryan Brown

A luta pelo empoderamento da mulher tem mais de 100 anos, de acordo com a subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, mas ainda há muito a ser feito. “Precisamos, o quanto antes, dar importantes saltos, não passos pequenos, para alcançar a igualdade entre mulheres e homens. Precisamos de medidas ousadas”, declarou durante cerimônia de abertura da 58ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW, na sigla em inglês), que encerra nesta sexta-feira, 21 de março, na sede das Nações Unidas em Nova York/EUA.

+ Leia a publicação especial da LBV

O evento reuniu, desde 10 de março, mais de 6 mil representantes dos 193 Estados-membros das Nações Unidas e de aproximadamente 860 organizações da sociedade civil. Durante toda a conferência, foram organizados cerca de 130 eventos por agências da ONU, além de mais de 300 eventos paralelos, para discutir os desafios e conquistas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para mulheres e meninas.

Sâmara Malaman

NOVA YORK, EUA — A representante da LBV no evento, Adriana Rocha (D), entrega as recomendações da Legião da Boa Vontade, no idioma inglês, à subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva da ONU Mulheres, sra. Phumzile Mlambo-Ngcuka.

A Legião da Boa Vontade (LBV) participa ativamente, desde 1995, de eventos organizados pela ONU que têm como foco o empoderamento feminino. Por causa da abrangência de seus programas e de suas ações e da excelência de seu trabalho, foi a primeira organização brasileira do Terceiro Setor a associar-se, um ano antes, ao Departamento de Informação Pública (DPI) da ONU. A Instituição possui ainda status consultivo geral no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), desde 1999.

Com seus 64 anos de existência, a LBV mantém 87 unidades socioeducacionais em todo o Brasil e em outros seis países com bases autônomas (Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai). Em 2013, proporcionou mais de 11 milhões de atendimentos e benefícios à população em vulnerabilidade ou risco social (73% dos quais em favor das mulheres), impactando com o seu trabalho 221.872 pessoas.

ONU Mulheres faz o lançamento da campanha HeforShe, um convite para que homens e meninos se engajem na luta pelos direitos das mulheres e meninas conscientes de que este não é apenas um problema para que as mulheres resolvam, mas que diz respeito a toda a humanidade. 

Por isso, na edição do evento deste ano, a Legião da Boa Vontade pôde apresentar a autoridades e delegações internacionais suas recomendações e boas práticas na promoção da educação e da reeducação como estratégia de maior eficácia na igualdade de gênero e no combate à violência contra mulheres e meninas, por meio da revista BOA VONTADE Mulher, editada em quatro idiomas (português, espanhol, francês e inglês). A publicação foi amplamente difundida na conferência e muito bem recebida pelos participantes. 

Ela traz a mensagem fraterna do diretor-presidente da LBV, o educador José de Paiva Netto, inclusive alguns de seus discursos históricos, a exemplo do que proferiu há 27 anos acerca do valor de abandonarmos, em definitivo, as barreiras sexistas, que ainda prejudicam a evolução da Humanidade:

“Pelo nosso prisma, a mulher tem direito a ser Presidente da República, condutora de religiões, capitã de indústria, de aviões e navios transatlânticos; tem direito de ser médica, engenheira, professora... No trabalho, há um justo conceito de valor entre homens e mulheres: o da competência. Então, os sexos nisto estarão harmonizados. Que brilhe o homem, que brilhe a mulher, conforme a competência de cada um. Isto não quer dizer que homens e mulheres são totalmente iguais. Aí está pelo menos, de início, a anatomia para desmentir. O que quero dizer é que não se devem sustentar antigas barreiras e levantar novas, firmadas em tabus, preconceitos e interesses espúrios para impedir maior influência da Mulher sobre o destino do mundo. Homem e mulher dependem um do outro. Completam-se”*.


Ao longo do evento, buscou-se avaliar a situação da mulher pelo mundo, ao abordar temas tais como: a igualdade de gênero na educação, no mercado de trabalho e nos parlamentos; os direitos da mulher quanto à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos; o acesso à tecnologia; a erradicação da pobreza entre mulheres com deficiência; a feminização da pobreza nas áreas rurais; a autonomia econômica e o combate à violência e ao tráfico de mulheres; entre outros.

Os debates contribuíram também para definir itens da agenda de desenvolvimento pós-2015 que assegurem o empoderamento da mulher a igualdade de gênero como uma prioridade global. Para a diretora-executiva da ONU Mulheres, “nenhuma solução para os desafios mais urgentes no mundo — como eliminar a pobreza, reduzir a desigualdade, trazer a paz sustentável e combater as alterações climáticas — pode ser alcançada sem a participação plena e equitativa das mulheres”.

EDUCAÇÃO COMO ESTRATÉGIA
Com menos de um ano para o prazo final dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a ONU Mulheres afirma que os ODM deixaram a desejar no que diz respeito a mulheres e meninas. Análises mostraram que as meninas ainda sofrem grandes desvantagens em diversas áreas, a exemplo da Educação, fortemente debatida na conferência. “A educação é o princípio e o fim no alcance à igualdade de gênero”, afirmou Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, e salientou ainda a necessidade de uma meta autônoma em educação no novo conjunto de metas pós-2015.

A Legião da Boa Vontade acredita que a adoção de um novo quadro de desenvolvimento sustentável não será alcançado a menos que todas as meninas tenham acesso à educação de qualidade. Sobre o pioneirismo da LBV na área educacional, a vice-diretora executiva da ONU Mulheres, Lakshmi Puri, destacou em entrevista exclusiva à equipe da BOA VONTADE Mulher: “Reconhecemos que a ênfase da LBV na educação é uma estratégia-chave de prevenção, fundamental para gerar mudança de mentalidade, para transformar a cultura do machismo, da desigualdade. Por isso, nós aplaudimos vocês por escolherem esse tema como estratégia”. Conheça mais a proposta pedagógica da LBV.

LBV COM PARTICIPAÇÃO ATIVA NA CONFERÊNCIA

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+ Ouça na íntegra a entrevista que a LBV concedeu entrevista à Rádio ONU português.

Reprodução
A página oficial do UN DPI/NGO (Departamento das Nações Unidas de Informações Públicas para ONGs) no Facebook divulgou nesta quinta-feira, 20, a revista BOA VONTADE Mulher. Na página, o departamento da ONU disponibiliza para leitura os links das quatro versões da publicação e destaca o seu conteúdo: "Além de uma declaração por escrito, compartilhando as boas práticas educacionais da organização, em nome das mulheres da América Latina, a revista apresenta também uma entrevista exclusiva com a vice-diretora-executiva da ONU Mulheres, a sra. Lakshimi Puri, bem como um artigo do escritor e presidente da LBV, Paiva Netto, intitulado 'Solidariedade e Direitos Humanos'".

Outras informações a respeito da participação da LBV na 58ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher e/ou do trabalho que ela empreende podem ser obtidas no site www.lbv.org. A Legião da Boa Vontade também está no Facebook (LBVBrasil) e no Twitter (@lbvbrasil).

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* Trecho extraído do livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade, publicado em 1987, e destacado pela revista BOA VONTADE Mulher.