Esperanto: Ideal de confraternização dos povos; saiba mais sobre a língua

Da redação

15/12/2014 às 10h34 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h01

A necessidade de eliminar a hostilidade entre os povos de uma região no antigo império russo levou o médico e linguista Lázaro Luiz Zamenhof (1859-1917), de Białystok — hoje pertencente à Polônia —, a criar uma língua de aprendizagem rápida, acessível ao povo. Com força de vontade para a divulgação de um ideal humanístico, Zamenhof concebeu a língua planejada mais falada no mundo atualmente: o Esperanto.

No dia 26 de julho de 1887, 127 anos atrás, a língua foi oficializada após o lançamento do primeiro livro gramatical com o título La internacia lingvo. Desde então, o número de esperantistas tem crescido. Percorrendo os continentes, no ano de 1954, o Esperanto passou a ser reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); e, em 1985, a mesma instituição recomendou aos países-membros a sua difusão.

Arquivo BV

Segundo a Associação Universal de Esperanto (UEA), o vocabulário provém principalmente das línguas da Europa Ocidental, enquanto os processos de formação de palavras e de frases mostram fortes influências eslavas. Há evidências de que estudar Esperanto antes de qualquer outra língua acelera e melhora a aprendizagem de idiomas, fenômeno conhecido como efeito propedêutico, o que atrai ainda mais a atenção de estudantes em busca do poliglotismo.

Seu símbolo de maior representação é a estrela verde: segundo a tradição, as cinco pontas simbolizam as Américas, a Europa, a África, a Ásia e a Oceania, e a cor significa a esperança. A bandeira é uma extensão da estrela verde, adicionando o branco para representar a paz e neutralidade.

O diversificado uso da língua também garante constante mudança, tornando-a viva e em contínua atividade, como todo código linguístico. Em viagens, intercâmbios culturais, convenções, na literatura, no ensino de línguas, na televisão, na internet e em transmissões de rádio, o Esperanto tem sido amplamente utilizado.

Desde a propagação dos ideais do idioma na mídia on-line, os esperantistas reconhecem nesse meio de comunicação a oportunidade de atingir cada vez mais gente. "A maior vantagem é que, na internet, as pessoas podem, de forma muito mais fácil, rápida e eficaz, se encontrar por meio e colaborar em favor do Esperanto do que antes", explica à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, internet e publicações) o sr. Jose Antonio Vergara, médico chileno e integrante da diretoria da UEA para assuntos da Ciência.

Estar conectado à rede mundial de computadores possibilita o acesso a milhares de conteúdos sem sair de casa, o que tem feito o Esperanto se disseminar pelo mundo, por meio de blogs, cursos on-line, sites de associações e clubes esperantistas. Segundo o dr. Ŝandor Monostori, médico australiano e editor da revista Esperanto sub la Suda Kruco, mesmo as pessoas que vivem em locais isolados "podem aprender a língua sem professor. Conheci jovens em Cuzco, no Peru, que aprenderam o esperanto somente pela Internet".

QUER SABER MAIS SOBRE A LÍNGUA?

Confira algumas curiosidades extraídas do blog Culturoscópio, do professor Pedro Jacintho Cavalheiro, ex-presidente da Liga Brasileira de Esperanto (BEL).

ESPERANTO É UMA LÍNGUA MORTA?

Não. Ao contrário: Esperanto é uma língua moderna e jovem. Tem apenas 127 anos, o que, para uma língua, seria a infância. Esperanto é uma língua viva, com vocabulário para toda e qualquer situação contemporânea, com dicionários técnicos sobre aviação, computação etc. Uma língua é considerada morta quando deixa de ser usada por um agrupamento humano, estaciona no tempo e não acompanha mais a evolução social, linguística e tecnológica.

EXISTE LITERATURA EM ESPERANTO?

Sim. E vasta! Existem livros tanto originalmente escritos em Esperanto quanto traduzidos para a língua, sobre todas as áreas do pensamento humano. A biblioteca Hector Hodler, da Associação Universal de Esperanto (UEA), possui algo em torno de 20.000 títulos de livros, além de jornais, periódicos, músicas etc. Você pode ler de Os Lusíadas, de Camões, aos quadrinhos do Asterix, em Esperanto. Livros infantis e adultos. Aliás, o Ministério Brasileiro da Educação mantém em seu portal na internet a página "Domínio Público", se você selecionar no menu a língua Esperanto, vai encontrar 221 títulos à disposição para baixar gratuitamente.

ESPERANTO É MUITO DIFÍCIL?

Não. É muito fácil se comparado a qualquer outra língua. Possui uma gramática lógica e sem exceções, com apenas 16 regras fundamentais. Essa gramática lógica faz com que você aprenda mais vocabulário em menos tempo. Você aprende uma palavra e pode criar muitas outras, expressar muitas ideias a partir dela, devido ao conjunto de prefixos e sufixos que funcionam como um jogo de montar. Esses afixos são regulares também e por isso o "jogo" é automaticamente compreendido por quem fala Esperanto. A revista NewsWeek publicou matéria em que afirmou que o Esperanto é pelo menos 10 vezes mais fácil de aprender do que o inglês. Mas Esperanto é língua. Não dá pra aprender dormindo. Requer menos esforço, menos tempo (…) mas requer dedicação, claro.

O ESPERANTO DAS RELIGIÕES

O saudoso fundador da Legião da Boa Vontade (LBV), Alziro Zarur (1914-1979), evidenciou o potencial de desenvolvimento do Esperanto de Zamenhof, aliando-o à prática da Instituição. Por isso, a LBV, desde sua fundação, prestigia a língua por todos os meios ao seu alcance, cumprindo uma de suas finalidades: "Pugnar pela mais ampla difusão do idioma internacional Esperanto, elemento precioso de confraternização dos povos, considerando que a LBV é o Esperanto das religiões, como o Esperanto é a LBV das línguas".

Criado nos primórdios da LBV, o Departamento de Esperanto tem por objetivo divulgar sua mensagem Irrestritamente Ecumênica para todo o globo terrestre, utilizando, para isso, a língua internacional como poderoso instrumento de união. Essa visão abrangente de Ecumenismo, a qual se sobrepõe ao noticiado "choque de culturas" — que pode arrastar as populações a uma guerra descomunal —, é do dirigente da LBV, José de Paiva Netto, que incentiva há décadas a propagação do idioma.

O presidente da Federação Italiana de Esperanto e membro do Comitê da Universala Esperanto-Asocio (UEA), Renato Corsetti, demonstra sua admiração por este ideal: "A LBV, assim como o Esperanto, trabalha para melhorar o mundo. Enquanto o Esperanto faz isso de maneira cultural e teórica, a LBV o faz na prática, de forma concreta, para auxílio às pessoas aqui e agora. Sucesso a vocês!".

A imagem une a bandeira do Esperanto à logomarca da LBV

Cumprindo seu propósito ecumênico e fraterno, diversas publicações com a mensagem da Instituição foram traduzidas para o Esperanto, tais como preces ecumênicas, páginas de literatura, passagens bíblicas, revistas, folders, jornais, folhetos, livros infantis, entre outras. Destaca-se o livro Meditadoj el la Animo*, versão em esperanto do best-seller Reflexões da Alma, de autoria do jornalista e escritor Paiva Netto, autor brasileiro com mais de 6 milhões de livros vendidos.

Também preocupada em incentivar a divulgação do Esperanto pela internet, alcançando principalmente os jovens, a Legião da Boa Vontade atualiza constantemente os perfis no Facebook e no YouTube, compartilhando, também por meio de newsletters e de e-mails, fotos e notícias das atividades esperantistas em todo o mundo.

Outra iniciativa do dirigente da LBV foi tornar disponível pela internet o Portal Bona Volo (www.bonavolo.com), que apresenta sempre o conteúdo de Espiritualidade Ecumênica, contemplando as mais diversas culturas e valorizando sua gente através da língua internacional. Sem ferir ou ignorar aquilo que cada povo já vivencia, o Portal Bona Volo tem o zelo de agregar a cada um suas experiências e valores, comunicando o Bem a todas as nações. Nesse mesmo endereço, internautas têm ainda a oportunidade de aprender Esperanto e participar desse ideal de Fraternidade entre os povos.

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* Para adquirir um exemplar em esperanto, entre em contato pelo e-mail: esperanto@bonavolo.com. O livro também está disponível em português pelo Clube Cultura de Paz: 0300 10 07 940.