Economista Edmar Lisboa Bacha toma posse na Academia Brasileira de Letras

O novo imortal passa a ocupar a Cadeira 40, sucedendo o acadêmico e jurista Evaristo de Moraes Filho

Simone Barreto

10/04/2017 às 14h05 - segunda-feira | Atualizado em 10/04/2017 às 19h01

O economista e escritor mineiro Edmar Lisboa Bacha é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele tomou posse, na última sexta-feira, 7, da Cadeira 40, em solenidade realizada no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo acadêmico foi eleito no dia 3 de novembro do ano passado, na sucessão do jurista Evaristo de Moraes Filho, falecido no dia 22 de julho de 2016.

André Fernandes
Em seu discurso de posse, Bacha recitou um poema de sua tia, a poeta Henriqueta Lisboa.

Em seu discurso de posse, ele recitou um poema de sua tia, a poeta Henriqueta Lisboa, publicada no livro Caraça: montanha viva. Sobre sua eleição, afirmou que chegava à Casa de Machado “com a mesma emoção que ela expressava face ao Caraça, com o mesmo fascínio, a atitude de interrogação e de admiração, procurando descobrir por sintonia a resposta ao mistério do que é se tornar um Acadêmico." Ele ainda lembrou que quatro de seus tios foram membros da Academia Mineira de Letras e estava feliz por se juntar a Roberto Simonsen, Celso Furtado e Roberto Campos, outros economistas na Academia.

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O economista e escritor mineiro Edmar Lisboa Bacha

À Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV e Internet), Bacha descreveu sua emoção em fazer parte da ABL: “Eu me sinto muito honrado. Meu antecessor era Evaristo de Moraes, que era socialista democrático, e estou me sentindo muito à vontade, porque boa parte da minha obra é dedicada à questão da distribuição de renda, inclusive a contribuição que pude dar para acabar com a inflação no Brasil, com o Plano Real”, disse.

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Professor Domício Proença Filho, presidente da ABL.

“A Academia tem uma tradição de ter economistas entre os notáveis que a integram. [Edmar Lisboa Bacha] traz o talento, o conhecimento de um economista consagrado, não sem razão, pai do Plano Real, e, além disso, ele alia a essa condição o domínio de um discurso elegante, profundo e leve. Ele tem o mérito literário aliado ao economista que ele é. Está de parabéns”, comentou o Presidente da ABL, professor Domício Proença Filho.

RECONHECIMENTO

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O amigo de Boa Vontade, professor, escritor e acadêmico Arnaldo Niskier.

A cerimônia foi acompanhada por amigos, familiares de Bacha e outros acadêmicos, como o professor Arnaldo Niskier.  “A academia tem tido, ao longo da vida, alguns acadêmicos que participaram da sua vida, como é o caso do Celso Furtado, Roberto Campos. Hoje entra um outro economista de muita competência, um homem importante para a vida do nosso País. Ele é recebido de braços abertos e, certamente, prestará uma contribuição muito valiosa ao futuro da Academia Brasileira de Letras”, afirmou.

O amigo de Boa Vontade ainda retribuiu o abraço do diretor-presidente da LBV: “ Dê um abraço nele por mim. Ele é muito meu amigo e eu gosto muito dele”. 

O escritor Marcos Vinícios Vilaça destacou que a eleição de Bacha significa manter a qualidade da nossa bancada de economistas. "Bacha é um intelectual refinado, substituindo um outro grande nome da sociologia brasileira. Estamos orgulhosos de tê-lo conosco.”

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O acadêmico Merval Pereira

O comentarista da Globonews e da CBN e colunista do jornal O Globo, o acadêmico Merval Pereira comentou sobre a eleição do economista: “É um intelectual que dedicou a vida e os estudos para as soluções do país. Teve oportunidade de participar do plano real. O Edmar entra para a academia como uma tradição de receber economistas como Roberto Simonsen, Celso Furtado e Roberto Campos”.

“A presença do Edmar é muito importante na academia, mas ele é um economista com visão humanista que ultrapassa as fronteiras limitadas da economia. Ele é um cidadão humanista e por isso, a academia se regozija de tê-lo aqui como membro mais efetivo, trazendo sua biografia reconstituída, rica, do ponto de vista sobretudo social e humano”, destacou Eduardo Portella.

Sobre o novo imortal

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Acadêmico Eduardo Portella

Economista, fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, um centro de pesquisas e debates no Rio de Janeiro, Edmar Bacha nasceu em Lambari, Minas Gerais, de uma família de escritores, políticos e comerciantes. Casado com a antropóloga Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, tem dois filhos e duas enteadas, além de cinco netos.

Concluiu a Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e, em seguida, obteve o Ph.D. em Economia na Universidade de Yale, EUA. É autor de inúmeros livros e artigos em revistas acadêmicas brasileiras e internacionais. Seu último livro é Belíndia 2.0: Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes (Civilização Brasileira, 2013). Atualmente, está organizando um novo livro com o título O Fisco e a Moeda: Ensaios sobre o Tesouro Nacional e o Banco Central, que será publicado ainda este ano. Foi professor de economia em diversas universidades no Brasil e no exterior. No setor público, foi pesquisador no IPEA, presidente do IBGE e presidente do BNDES. No setor privado, foi consultor sênior do Banco Itaú BBA e presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos.
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Colaboração: Lícia Curvello.