
Gestantes poderão ser vacinadas contra coqueluche a partir de 2014
Wellington Carvalho
13/12/2013 às 15h31 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00
São Paulo, SP — O Instituto Butantan produzirá uma versão acelular da vacina contra a coqueluche para que mulheres grávidas possam ser imunizadas contra a doença a partir de 2014. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 milhões de mulheres deverão ser beneficiadas com a vacinação.
Atualmente, a vacina contra a coqueluche é disponibilizada somente para crianças, por meio do Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde. A cobertura contra a doença começa com a vacina pentavalente, administrada aos dois, aos quatro e aos seis meses de vida. Além da prevalente, a criança recebe dois reforços com a vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. O primeiro reforço deve ser administrado aos 15 meses e o segundo, aos quatro anos.
Segundo o Instituto Butantan, um acordo de transferência de tecnologia firmado com o laboratório GlaxoSmithKline (GSK) permitirá a fabricação da vacina acelular no Brasil. O médico e diretor do Butantan, Jorge Kalil, disse que a versão atual da vacina celular é aplicada apenas em crianças porque é tóxica para adultos. “Para evitar que as mulheres grávidas contraiam coqueluche e transmitam a doença aos filhos, o governo federal resolveu fazer a vacinação das gestantes sendo acelular”, explicou.
Causada pela bactéria Pertussis, a coqueluche tem como principal sintoma uma tosse desenfreada e incontrolável que, em casos graves, pode levar até mesmo à morte. “A vacina de Pertussis [a DTP] existe há muitos anos no Brasil. A vacina [atual] de Pertussis é feita com a bactéria inteira, o que é muito eficaz e dá uma imunidade muito longa”, disse o médico.
De acordo com Kalil, empresas multinacionais desenvolveram outra vacina de Pertussis, sem a célula e menos tóxica que a celular, para aplicação em adultos. “Essas empresas só pegaram alguns componentes da bactéria e fizeram uma vacina acelular, que imuniza menos e dá uma resposta mais fraca, mas menos tóxica. No Brasil, sempre se usou a DTP celular [em crianças] e, nos adultos, quando era preciso reforçar a imunização, dava-se a vacina de adulto, que é para difteria e tétano, mas sem a Pertussis." O médico explicou que, quando aplicada no adulto, a Pertussis celular "é muito tóxica, dá muita reação”.
Enquanto a nova vacina, acelular, estiver imunizando gestantes no Brasil, o Butantan estará em busca de uma versão celular, menos tóxica e mais barata, para também poder ser aplicada em adultos. “Fizemos um procedimento industrial, de baixíssimo custo, em que tiramos a toxicidade. Só que isso não está pronto." Por isso, acrescentou o médico, que foi feito o acordo com uma outra empresa, para que ela transfira ao Brasil a tecnologia da vacina acelular. "Ao mesmo tempo, vamos continuar desenvolvendo a nossa celular de baixa toxicidade”, ressaltou Kalil.