
Líderes mundiais discutem agenda global de desenvolvimento pós-2015
“(...) Somos capazes de cumprir nossa responsabilidade partilhada para eliminar a pobreza, criar um mundo melhor e não deixar ninguém para trás”, afirma Ban Ki-moon
Jéssica Botelho
10/07/2015 às 18h27 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) contribuíram para salvar e/ou melhorar as condições de vida de milhões de pessoas em nível global. Os dados e as análises apresentados no relatório final dessas Metas do Milênio, lançado esta semana pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, comprovam que, com intervenções específicas, estratégias sólidas, recursos adequados e apoio político, mesmo os países mais pobres podem alcançar progressos realmente significativos.
Os ODM foram estabelecidos por líderes mundiais, no início do milênio, para serem desenvolvidos até este ano, a fim de criar uma visão ampla de combate à pobreza nas suas múltiplas dimensões. Com a chegada do prazo final, a ONU está trabalhando com governos, sociedade civil e outros parceiros para aproveitar o impulso gerado pelos ODM e prosseguir com uma agenda ambiciosa de desenvolvimento pós-2015, agora com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

New York, EUA — Por videoconferência, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, discursa durante abertura do evento.
Uma dessas oportunidades foi da Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) das Nações Unidas, que ocorreu na última semana, entre os dias 6 e 10 de julho. A conferência discutiu o seguinte tema: “Administrando a transição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: o que é necessário”.
Em discurso proferido durante a abertura do evento, por videoconferência, Ban Ki-moon afirmou: “Não podemos permitir que os avanços conquistados com tanto esforço sejam revertidos. (...) Estou confiante de que somos capazes cumprir nossa responsabilidade partilhada para eliminar a pobreza, criar um mundo melhor e não deixar ninguém para trás” [tradução livre].
O embaixador Oh Joon, vice-presidente do Ecosoc, por sua vez, chamou a atenção para a mudança de consciência quanto ao cumprimento do novo conjunto de metas a serem alcançadas nos próximos 15 anos e além: "Se quisermos dar o toque final e implementar uma agenda universal, transformadora e centrada nos indivíduos, precisamos mudar nossas mentalidades. Não podemos continuar fazendo negócios da maneira habitual e esperar resultados diferentes".
E completou: “Uma agenda integrada exigirá uma visão integrada, particularmente ao nível conceitual de elaboração de políticas. (...) Estamos na iminência de elaborar um feito excepcional. Vamos fazê-lo de forma correta”.
Ao longo da conferência, foram feitas análises e compartilhadas as lições aprendidas com os últimos 15 anos. Apesar de avanços importantes terem sido feitos em muitas das metas do milênio em todo o mundo, o progresso tem sido desigual entre regiões e países, deixando lacunas significativas. Milhões de pessoas estão sendo deixadas para trás, especialmente as mais pobres e os desfavorecidos por causa de sexo, idade, deficiência física, etnia ou localização geográfica. Serão necessários esforços maiores e direcionados para alcançar as pessoas mais vulneráveis.

Nova York, EUA — Mural entre a Câmara do Ecosoc e a Câmara do Conselho de Tutela da ONU registra contagem regressiva dos dias para o prazo final dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O secretário-geral adjunto, Jan Eliasson, observou que uma das lições extraídas dos ODMs é de que o mundo não pode trabalhar com foco em uma meta, sem considerar os links para outras metas. Ao mesmo tempo, afirmou que 17 objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pelos países-membros são, de fato, transformadores e estabeleceram "uma visão holística do desenvolvimento centrada nos cidadãos".
Em Declaração Ministerial, o Ecosoc comprometeu-se em estabelecer um novo conjunto de metas de sustentabilidade que sejam inclusivas. “Nós, ministros, nos comprometemos a estabelecer uma agenda de desenvolvimento pós-2015 forte, universal, ambiciosa, abrangente e direcionada na população, que será elaborada a partir das bases estabelecidas e a experiência adquirida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, concluir as tarefas inacabadas e responder aos novos desafios”, diz a declaração que foi adotada pelo Ecosoc.

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O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL
Para o cumprimento da agenda de desenvolvimento, o Ecosoc conta com a participação efetiva das organizações não-governamentais (ONGs) que, na aplicação diária de grandes esforços para melhoria de suas regiões, reúnem contribuições específicas e de referência no tratamento e aplicabilidade das metas. A Legião da Boa Vontade (LBV) — organização da sociedade civil brasileira que possui status consultivo geral no Ecosoc desde 1999 — participa anualmente deste importante evento a fim compartilhar suas boas práticas educativas e sociais. Em quatro idiomas (espanhol, francês, inglês e português), a Instituição apresenta também a mensagem ecumênica e basilar de seu diretor-presidente, José de Paiva Netto, que fundamenta as recomendações em mais de 65 anos de atuação da LBV de 7 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai.

Nova York, EUA — A Legião da Boa Vontade apresenta suas recomendações de boas práticas sociais às delegações internacionais presentes no evento do Ecosoc, por meio da publicação da BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável 2015 (disponível em inglês, francês, espanhol e português).
Este ano, por meio da publicação Boa Vontade Desenvolvimento Sustentável, pode-se ver uma das visões da Instituição ser defendida por seu diretor-presidente, no artigo "Altruísmo — uma revolução": "A Economia que preconizamos é holística, porquanto nos convida a vislumbrar a nossa verdadeira origem, a espiritual. Somente assim haverá a humanização e a espiritualização do Estado, a começar pela própria criatura, ou seja, sob o banho lustral da Caridade Ecumênica, que não faz acepção de pessoas, pois considera que — acima de etnia, crença, descrença, visão política, orientação sexual, idade — estamos diante de seres terrenos e espirituais, que suplicam socorro e compreensão (...). Bem a propósito, declarou o heroico Nelson Mandela (1918-2013): 'A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta'."
PRÓXIMOS PASSOS
Durante os próximos meses, as Nações Unidas continuarão a promover encontros para consolidar todas as propostas e compilar os muitos pontos para a formulação da nova agenda. O momento aguardado ocorrerá em setembro deste ano, quando líderes estatais de todo o mundo estarão reunidos para o estabelecimento desse novo conjunto de metas a serem cumpridas até 2030: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Fiquemos de olho nestes próximos eventos que determinarão os futuros passos de progresso em todo o mundo!