
OMS estima déficit de 12,9 milhões de profissionais de saúde até 2035
Agência Brasil
12/11/2013 às 14h34 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira, 12, que faltam 7,2 milhões de profissionais da saúde no mundo e que o déficit subirá para 12,9 milhões até 2035, com graves implicações para milhões de pessoas. As conclusões são do estudo Uma Verdade Universal: Não Há Saúde sem Profissionais, divulgado pela OMS durante o terceiro Fórum Global sobre os Recursos Humanos da Saúde.
Embora destaque melhorias desde o último estudo sobre o assunto, o documento indica que 83 dos 186 países com informação disponível ainda não atingiram o patamar mínimo definido pelo Relatório Mundial de Saúde de 2006, que prevê 22,8 profissionais de saúde qualificados por 10.000 habitantes. Outros 17 países ultrapassam o patamar mínimo, mas não atingem a meta da Organização Internacional de Trabalho (OIT), que aponta para 34,5 profissionais de saúde qualificados por 10.000 habitantes.

O motivo, segundo o relatório, está no envelhecimento dos profissionais da saúde, que se aposentam ou deixam a profissão por empregos mais bem pagos, bem como o fato de poucos jovens entrarem no setor ou receberem uma formação adequada. A situação é mais grave quando a tendência de queda dos trabalhadores que atuam na área coincide com um aumento da procura, não só porque a população mundial continua a aumentar, mas, também, porque é cada vez maior o risco de doenças não transmissíveis, como as cardiovasculares. Além disso, as migrações internas e internacionais tendem a aumentar as desigualdades regionais.
Embora a Ásia seja a região onde se preveem maiores falhas em termos numéricos, é na África Subsaariana que o déficit se fará sentir de forma mais aguda, aponta a OMS. A organização alerta que nos 47 países daquela subregião há apenas 168 escolas de medicina; há 11 países sem qualquer escola de medicina e 24 países têm apenas uma.
Na Américas, 70% dos países têm um número de funcionários suficiente para assegurar os serviços básicos de saúde, mas ainda têm dificuldades ligadas à distribuição destes profissionais, às migrações e à qualidade da formação deles. A OMS pede a todos as nações, incluindo os mais desenvolvidos, que estejam atentos aos sinais de alerta, sublinhando que 40% dos enfermeiros nos países ricos abandonarão o setor na próxima década.
“As fundações para uma força de trabalho forte e eficaz na saúde para o futuro estão se corroendo diante dos nossos olhos por não estarmos correspondendo a formação de profissionais com a procura das populações de amanhã", declarou a diretora-geral adjunta da OMS para os Sistemas de Saúde e a Inovação, Marie-Paule Kieny. Para evitar o pior, ela salientou que é preciso "repensar a forma como se ensina, como se forma, como se coloca e como se paga aos trabalhadores da saúde, para que o seu impacto seja maior".