Igualdade de gênero no topo da agenda internacional

Em conferência global, LBV apresenta sua ampla contribuição na luta pela erradicação das desigualdades de gênero e da violência contra a mulher.

Jéssica Botelho

20/03/2015 às 18h20 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Para as Nações Unidas, o ano de 2015 apresenta um marco: o 20º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres e a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, tema central da 59ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW59, sigla em inglês), que ocorreu entre os dias 9 e 20 de março. Ao longo das duas últimas semanas, representantes de governos, da sociedade civil e da ONU estiveram na sede da organização debatendo diversas questões relacionadas à igualdade de gênero e combate à violência contra mulheres e meninas, com a marca recorde de mais de 1.100 ONGs e um total de 8.600 representantes de países, segundo o site da ONU Mulheres. 

Eliana Gonçalves

NOVA YORK, EUA — Público acompanha as palavras do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na abertura do evento, que discute, até dia 20 de março, os avanços e retrocessos havidos no campo da igualdade de gênero e da discriminação de mulheres e meninas desde 1995, quando ocorreu a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Pequim (China). 

O secretário-geral Ban Ki-moon abriu os discursos dizendo que este é um ano vital para avanços na igualdade de gênero. Destacou que as mulheres continuam sofrendo de forma desproporcional com a crise econômica, com os impactos da mudança climática e com deslocamentos causados por conflitos. Na ocasião, ele apresentou documento com a conclusão da revisão global sobre o progresso da igualdade de gênero, o qual declara que o progresso para as mulheres nos últimos 20 anos tem sido “inaceitavelmente lento”, com áreas de estagnação e retrocesso.

"A Plataforma de Ação de Pequim é uma promessa não cumprida para mulheres e meninas", afirmou a diretora-executiva da ONU Mulheres, sra. Phumzile Mlambo-Ngcuka, durante o lançamento da campanha “Empoderar Mulheres. Empoderar a Humanidade. Imagine!”. "O nosso objetivo é simples: compromisso renovado, ação fortalecida e aumento dos recursos para se alcançar a igualdade de gênero, o empoderamento das mulheres e os direitos humanos de mulheres e meninas."

A Legião da Boa Vontade (LBV) participa ativamente, desde 1995, dos eventos organizados pela ONU que têm como foco o empoderamento feminino. Por causa da abrangência e excelência de seu trabalho, foi a primeira organização brasileira do Terceiro Setor a associar-se, um ano antes, ao Departamento de Informação Pública (DPI) da ONU. A Instituição possui ainda status consultivo geral no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), desde 1999.




 

Durante a conferência, a LBV pôde apresentar a autoridades e delegações internacionais suas recomendações e boas práticas, por meio da revista BOA VONTADE Mulher, editada em quatro idiomas (português, espanhol, francês e inglês), tendo sido amplamente difundida pelos participantes. A urgência por maiores avanços estimula a Legião da Boa Vontade, na qualidade de organização da sociedade civil, a desenvolver programas educacionais e de assistência social em prol de famílias e comunidades em extrema pobreza. Neles, repensa e discute os padrões culturais existentes, para serem mais inclusivos sob uma perspectiva de gênero e etnia, conforme declara em relatório encaminhado especialmente para este evento.

"Para a LBV, a manutenção desse quadro de desigualdade ocorre porque as raízes da situação ainda não foram eliminadas: o despreparo de milhões de pessoas para o autoconhecimento e o convívio com a diversidade. (...) Por isso, é necessário reeducar os indivíduos para incluí-los, e, assim, transformar e confraternizar a sociedade como um todo. É o que buscamos desenvolver em 150 cidades que contam com a atuação da LBV do Brasil, da Argentina, da Bolívia, dos Estados Unidos, do Paraguai, de Portugal e do Uruguai", registra o documento.

Ao longo do evento, buscou-se avaliar a situação da mulher pelo mundo, ao abordar temas tais como: a igualdade de gênero na educação, nas leis nacionais, no mercado de trabalho e no esporte; os direitos da mulher quanto à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos; a feminização da pobreza entre os povos indígenas; a autonomia econômica e o combate à violência e ao tráfico de mulheres; entre outros.

A chefe da ONU Mulheres declarou que a violência contra a mulher, por exemplo, é a “pior manifestação da desigualdade de gênero”. Ela disse que violência e práticas nocivas contra mulheres e meninas tomam muitas formas. Entre as citadas estão feminicídio, o homicídio de mulheres, violência doméstica, violência sexual em áreas de conflito, tráfico de mulheres e meninas, casamento precoce forçado, tortura psicológica e mutilação genital feminina.

Na oportunidade, o governo brasileiro reafirmou o compromisso do País com a plena implementação da Declaração e da Plataforma de Pequim e pediu foco no futuro. A secretária-executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Linda Goulart, comemorou a importância dos avanços obtidos em Pequim e destacou o progresso obtido pelo Brasil no período. “Nós, brasileiros, conduzimos uma mulher à Presidência da República pela segunda vez”, disse, “um feito sem precedentes na história de nosso País”. Citou também as várias conquistas das mulheres brasileiras a partir da criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, há dez anos. Mais recentemente, a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de lei que tipifica o feminicídio como crime hediondo, e declarou: “Não haverá desenvolvimento se metade da humanidade [os países em desenvolvimento] for deixada para trás”.

LBV COM PARTICIPAÇÃO ATIVA NA CONFERÊNCIA
 

 

Outras informações a respeito da participação da LBV na 59ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher e/ou do trabalho que ela empreende podem ser obtidas no site www.lbv.org. A Legião da Boa Vontade também está no Facebook (LBVBrasil) e no Twitter (@lbvbrasil).

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Com informações do site da ONU Mulheres e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República do Brasil