
Novo exame para detectar tuberculose pode ser feito em dois minutos
Agência Brasil
23/02/2015 às 15h23 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

O exame para diagnosticar a tuberculose ficou 240 vezes mais rápido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP, graças a uma técnica que permite a identificação praticamente imediata da microbactéria que causa a doença. O tempo de análise passou de oito horas para apenas dois minutos por meio da tecnologia Point of Care Test (Poct).
O método tem a mesma lógica dos testes feitos para verificação do vírus HIV com o uso da saliva. No caso da tuberculose, no entanto, a amostra usada na testagem rápida é colhida de uma cultura bacteriológica — por isso ainda há a necessidade do exame ser feito em laboratório.
De acordo com Valdes Bollela, professor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Tropicais do Departamento de Clínica Médica, pesquisadores asiáticos e brasileiros ainda estudam meios para que o exame seja feito diretamente com outros fluidos do paciente. “É a ideia de ter um teste que seja feito com o menor recurso tecnológico e o mais rápido possível. O exemplo clássico disso são exames de malária e HIV, que podem ser feitos fora até do próprio hospital. O da tuberculose ainda não está assim”, explicou. Ele destaca que, por ser uma doença infecciosa, o diagnóstico torna-se ainda mais importante. “É a chave de interromper a cadeia de transmissão da tuberculose”, declarou.
O teste rápido está sendo usado no hospital de Ribeirão Preto há um ano e meio. “Queríamos avaliar o quanto ele agregaria do ponto de vista do custo, da efetividade e na rotina do diagnóstico”, explicou Bollela. Na avaliação dele, o teste mostrou-se eficaz em todos os aspectos. “Consigo fazer com tempo muito menor. O custo dele por teste é mais ou menos R$ 10”, apontou. Além disso, ele destaca que o atual teste molecular, traz maior risco de contaminação. “Ele requer uma série de cuidados, então não se consegue fazer esse exame todos os dias. Conseguimos fazer duas vezes por semana”.

Veja também
A cultura, que é feita na maioria dos casos com amostra de escarro, demora entre 10 e 14 dias para indicar se estão crescendo microbactérias. O problema é que, além disso, é preciso aguardar mais dois ou três dias para atestar a tuberculose por meio do teste molecular. “Na dúvida, o médico, sabendo que cresceu uma microbactéria, trata o paciente como se ele estivesse com tuberculose, mas às vezes não é. Agora, posso saber com um grau de certeza bem grande se aquilo que está no crescimento da cultura é realmente tuberculose ou não”, explicou.
De acordo com Bollela, a incidência da tuberculose no Brasil é de 90 mil casos por ano. Desses, entre 85% e 90% são do tipo pulmonar. Além disso, cerca de 4,5 mil pessoas morrem anualmente por causa da doença, que tem 100% de chance de cura quando tratada devidamente na primeira vez.