Lazer com acessibilidade: uma proposta que vem ganhando força

Wellington Carvalho

31/03/2016 às 16h55 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h01

O Brasil ocupa papel de relevância no setor de turismo por conta de suas belezas naturais. Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), o País aparece em 6º lugar num ranking que leva em conta vários indicadores do setor, como a importância do turismo para o PIB (Produto Interno Bruto), geração de empregos, divisas geradas por turistas internacionais e investimentos públicos e privados.

De acordo com a Embratur, o crescimento do Brasil na área se deve à realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, o que gera uma visibilidade internacional. A entidade projeta ainda que, em 2024, o turismo será responsável por 10,3% do PIB (R$ 700 bilhões), empregando cerca de 10,6 milhões de pessoas.

No entanto, ainda é preciso oferecer opções de lazer que possam ser desfrutadas por todas as pessoas. Pensando nisso, o Ministério do Turismo lançou, recentemente, a versão portátil do Guia Turismo Acessível. A ferramenta digital oferece ao turista um banco de dados com mais de 350 mil estabelecimentos, permitindo que ele os avalie, via internet, de acordo com seu nível de acessibilidade. Assim, o internauta descobre se o local atende às suas necessidades antes de visitá-lo.

Muitos espaços de lazer, comerciais e públicos já estão se adaptando para atender as pessoas com deficiência, instalando rampas para cadeirantes, menus em braile, banheiros adaptados, piso tátil para deficientes visuais, entre outras mudanças. Um desses espaços é o Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC), localizado em Joinville, SC. Para melhorar o atendimento, o museu, um dos lugares mais visitados no Sul do Brasil, vem pautando suas ações pela acessibilidade universal.

"Quando pensamos um projeto da acessibilidade para o MNIC, não estávamos buscando realizar apenas uma ação pontual ou adaptações de nosso espaço expositivo, mas buscando ampliar o acesso ao nosso bem patrimonial, universalizando o acesso e a possibilidade de usufruir do Museu”, explicou ao Portal Boa Vontade a educadora do espaço, Elaine Machado.

A instituição tem realizado várias adaptações para melhor receber os visitantes com mobilidade reduzida e com visão ou audição afetadas. O pátio foi adequado para a locomoção de cadeirantes. As pessoas com deficiência visual contam com sinalizações em braille durante o percurso por cada ambiente, bem como de um áudio-guia para se localizarem dentro do Museu. Para as pessoas com deficiência auditiva, um vídeo institucional com janela na Língua Brasileira dos Sinais (LIBRAS) dá o suporte para apreciar todo o acervo histórico.

E a promoção da acessibilidade continua fora do espaço físico do Museu. Elaine conta que são realizadas “visitas técnicas a outras instituições que possuem iniciativas ou políticas voltadas à acessibilidade; problematização do tema e visibilização de experiências, por meio de seminários e palestras abertas à sociedade civil, assim como a formação contínua da equipe técnica que recebe as pessoas com deficiência.”

Contudo, ela ressalta que ainda há muito a ser feito. Mais que mudanças no espaço físico, é preciso conscientizar os cidadãos. Por isso, o museu trabalha na “produção de um kit didático, na forma de material itinerante, para circular entre as escolas, associação de moradores e outros espaços de memória. Ele contará com textos em braille e objetos que estimulam a sensorialidade daqueles que participam da experiência de conhecer o universo ao qual o Museu se dedica.”

André Fernandes
o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, a sede administrativa, e o Templo da Boa Vontade, que formam o Conjunto Ecumênico da LBV na capital brasileira.

TEMPLO DO ECUMENISMO DIVINO

Vale ressaltar que em Brasília, DF, todos podem desfrutar de um espaço que eleva a Espiritualidade, além de promover cultura e conhecimento: o Templo da Boa Vontade (TBV)*, monumento mais visitado da capital federal. 

O cuidado do TBV em acolher a todas as pessoas sempre esteve presente. Tanto é que, no momento de sua inauguração, o diretor-presidente da Legião da Boa Vontade disse: “Como as crianças representam o que há de mais puro neste mundo, elas vão entrar primeiro (...)”. O Irmão Francisco Camilo de Oliveira (1928-1999), na sua cadeira de rodas, representando simbolicamente àqueles que têm limitações físicas, por convocação fraterna de Paiva Netto, seguiu com os pequenos, evidenciando o respeito da LBV à sagrada pessoa humana.

Rui Lopes
Na inauguração do Templo da Paz, em 1989, o Irmão Francisco Camilo de Oliveira (1928-1999), na sua cadeira de rodas, acompanhou as crianças que adentraram o monumento, representando simbolicamente àqueles que têm limitações físicas.

A bela arquitetura do monumento, considerado uma das Sete Maravilhas de Brasília, foi idealizada para receber com conforto e segurança a todos os peregrinos, inclusive aqueles que possuem mobilidade reduzida. Por isso, elevadores e rampas dão acesso aos ambientes místicos e ecumênicos do Templo da Paz.

Essa preocupação vai ao encontro da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada por unanimidade pela Organização das Nações Unidas, em 2007. Esse tratado reafirmou alguns dos direitos das pessoas com deficiência, como o de participar da vida cultural da comunidade, apontando as medidas a serem tomadas para que essa população tenha acesso a materiais, atividades e serviços culturais.

E a Pirâmide das Almas Benditas e dos Espíritos Luminosos segue à risca esse direito. A Galeria de Arte, por exemplo, em seus 570 m², recebe exposições, recitais e diversas formas de expressão artística, que são apreciadas também por pessoas com mobilidade reduzida, rampas, elevador e sinalizações que facilitam o acesso. É a cultura ao alcance de todos!

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*Em Brasília, DF, o Templo da Boa Vontade está localizado no SGAS 915 — Lotes 75/76. Para outras informações, ligue: (61) 3114-1070.

Com informações da Embratur.