Existe favoritismo no esporte. Surpresas também

Rafael Araújo

18/04/2023 às 11h16 - terça-feira | Atualizado em 18/04/2023 às 16h00

Quem acompanhou a Maratona de Boston na última segunda-feira, 17, não acreditou no resultado final. O homem mais rápido do mundo na prova dos 42 quilômetros, o queniano Eliud Kipchoge, chegou na prova com o rótulo de favorito e muito por conta dos últimos feitos do atleta. Até então, das últimas 17 maratonas, Kip havia vencido 15 e com uma certa folga. Mas o esporte surpreende e isso pode ser maravilhoso também. O sonho de vencer em Boston, ficou para próxima. Na chegada, foi o compatriota, Evans Chebet que comemorou o primeiro lugar no pódio. Gabriel Geay, da Tanzânia, ficou em segundo e Benson Kipruto, do Quênia, fechou em terceiro. Kipchoge foi o sexto, com 02:09:23 e chamou atenção do mundo da corrida. Um resultado inesperado e que abriu uma pauta: favoritismo X surpresas.

Divulgação

 Evans Chebet 



Pois bem! Quem tem propriedade para julgar a derrota de um atleta que trabalha duro todos os dias? E quem tem a capacidade técnica de achar que o coadjuvante não pode roubar a cena e virar protagonista? No esporte e falando da corrida de rua, tudo é possível. Em Boston, nos Estados Unidos, nem a principal estrela teve controle da sua própria performance. Kip é uma espécie de herói do asfalto. O mundo estava ali para vê-lo no lugar mais alto do pódio. Mas não aconteceu! E agora? Bom, os fãs parecem perdidos. Mas o próprio Eliud Kipchoge fez uma postagem na rede social que parecia até mesmo um alento para o seu enorme público: "Hoje foi um dia difícil para mim. Esforcei tudo que pude, mas as vezes, temos de aceitar que hoje não foi o dia de empurrar a barreira para uma altura maior. Quero parabenizar os meus concorrentes e a todos em Boston", disse Kipchoge, com um nível de lucidez digno de aplausos, logo após uma derrota. 

E para todos os apaixonados pelo esporte, e nesse caso pela corrida, fica a mensagem; não é possível ser o corredor mais rápido do mundo em todos os desafios. Os dias ruins acontecem, mas ensinam. Aprendemos na prática do esporte e na condição de um mero expectador, que perder também é da vida e que ninguém é menor por isso. Vivemos realmente de altos e baixos. De vitórias e derrotas. De lutas e de glórias. 

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Eliud Kipchoge



Uma coisa é certa: o mês de abril de 2023, será lembrado no mundo dos maratonistas,  corredores de rua de todas as distâncias e esportistas, que Eliud Kipchoge nos ensinou e muito com algo que ele não conquistou. Perder é do ser humano, assim como ganhar. Kip é inspiração até para os adversários. Aliás, é dessa inspiração que nasce cada surpresa. Até mesmo a surpresa que o derrotou nesta última segunda-feira em Boston. Mérito para o vencedor e compatriota Evans Chebet que viu o dia brilhar na linha de chegada. Para quem não venceu, fica a mensagem que é possível seguir de cabeça erguida em dias de tempestade.