Por que investir em tecnologia na educação

A tecnologia na educação não é mais vista como uma mera questão de modernidade. Hoje, é um fator de necessidade.

Nathan Rodrigues

02/04/2019 às 15h20 - terça-feira | Atualizado em 05/04/2019 às 10h10

O investimento em tecnologia na educação não é mais visto como uma mera questão de modernidade. Hoje, é um fator de necessidade.

Se usados de maneira correta, os dispositivos tecnológicos podem ser importantes aliados para o desenvolvimento pedagógico dos alunos, além de contribuir efetivamente para o trabalho dos professores.

homework.answers.com

A sua escola tem investido em tecnologia na educação?

"A tecnologia é excelente e necessária, precisamos desse recurso para a educação", afirma a professora Suelí Periotto, doutora e mestre em Educação pela Universidade Pontíficia Católica (PUC-SP).

Essa e as demais entrevistas aqui utilizadas foram concedidas ao programa Educação em Debate[*¹], veiculado pela Boa Vontade TV e pela Super Rede Boa Vontade de Rádio.

Por que investir em tecnologia na educação

Vivemos em uma Era de intensa evolução tecnológica. E ninguém está mais ambientado a esse universo digital do que as crianças e os jovens.

É só analisar a maneira como eles dominam um celular, computador ou qualquer outra ferramenta tecnológica.

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"Observamos o quanto os adultos precisam correr atrás para chegar perto do conhecimento que as crianças já têm, com tão pouca idade. Isso já é natural para elas", explica Suelí, que também é supervisora da linha educacional da Legião da Boa Vontade, formada pela Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico.

Por isso, as escolas e os professores precisam olhar com mais atenção para esses recursos, integrando a tecnologia na educação, e não a evitando.

Ao levar essas ferramentas para o ambiente escolar, os educadores conseguem tornar as aulas mais criativas e instigantes, fazendo que com os estudantes se sintam motivados a participar das discussões e estudar.

Em um mundo cada vez mais ligado à tecnologia, é muito difícil imaginar que a famosa Geração Z[*²], nascida e criada nesse cenário, imponha qualquer resistência à implementação de tecnologia na escola.

Nativos Digitais

Os alunos de hoje, como dissemos anteriormente, já nasceram nesse mundo tecnológico. Não à toa, também são conhecidos como nativos digitais, expressão criada no início do século 21 para definir os indivíduos que, por estarem imersos a essa cultura digital, usam de maneira intuitiva as ferramentas tecnológicas.

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Essa é, portanto, a primeira geração que cresceu rodeada de celulares, com acesso à internet e compartilhando arquivos.

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+ Arnaldo Niskier escreve: "Geração 4.0"

Os nativos digitais são mais tolerantes às diversidades, utilizando com maestria as tecnologias e utilizando a comunicação entre as tecnologias por meio da internet das coisas[*³].

Participação dos professores

O modo tradicional de ensino — caracterizado por aulas expositivas e uso de quadros negros e livros — já não parece tão atrativo para a Geração Z. E essa defasagem acontece justamente porque tal didática está 'desconectada' da vida dos alunos fora da escola.

Daí vem a necessidade de aplicar a tecnologia na educação.

"O desafio da Educação 3.0 é fazer com que o professor entenda que ele não é mais o centro do conteúdo, que está disponível online", destaca o engenheiro elétrico Márcio Okabe.

Vivian R. Ferreira
  

Ele ensina princípios da programação de computadores aplicados em projetos de interesse das próprias crianças. "O desafio é criar a educação a partir disso, para que os alunos corram atrás desse aprendizado", completa.

Dessa maneira, cabe à escola capacitar os professores para que eles indiquem novos caminhos para o ensino e aprendizagem, descobrindo estratégias inovadoras que vão além dos conteúdos da grade curricular tradicional.

"A escola precisa trazer esse conhecimento para o educador e diminuir o buraco que ficou entre essas gerações", analisa a pedagoga Aline Braga Trevisan, pós-graduada em Metodologia das Ciências Exatas.

Como implementar a tecnologia na educação

Destacamos, porém, que a adição da tecnologia em sala de aula deve atender aos objetivos pedagógicos, contribuindo para o aprendizado.

O uso da tecnologia na educação deve operar mudanças positivas na dinâmica das aulas, ou seja, trazer melhorias efetivas para a escola.

Nesse sentido, a escola deve ajudar seus profissionais a empregá-la da maneira correta, oferecendo capacitações e, caso seja necessário, até funcionários que auxiliem os professores no uso dos recursos.

"Os professores devem usar a tecnologia de modo que ela some ao conhecimento produzido, sem perder o convite à aprendizagem. A tecnologia traz a informação, mas a formação é feito nesse convívio em sala de aula", comenta Aline, que também é assistente de direção do Conjunto Educacional Boa Vontade, localizado na capital paulista.

Aproveitamos a oportunidade para apresentar o interessante trabalho realizado pelo Conjunto da LBV — formado pela Supercreche Jesus e pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto.

Laura Pedrotti

A Escola, assim como as demais unidades de atendimento da Entidade, apostou nessa proposta e incrementou seu aparato tecnológico, instalando equipamentos como projetores multimídia nas salas e oferecendo dispositivos móveis para que os professores insiram conteúdos multimídias às explicações dadas em aula.

Leia mais sobre como a LBV utiliza a tecnologia na educação.

Além disso, é papel da direção da escola acompanhar a relação de cada um com as tecnologias adotadas, diagnosticando problemas e recebendo feedbacks.

"O professor precisa buscar essa formação para ajudar a criança a compreender os conteúdos e passe a ser protagonista, como na gamificação", completa a pós-graduada em Metodologia das Ciências Exatas.

Mas o que é gamificação?

Fique tranquila(o), explicaremos a seguir.

Gamificação na educação

O termo gamificação — originado do inglês gamification — refere-se à aplicação de jogos em diversas áreas com o objetivo de aumentar o engajamento e despertar a curiosidade dos usuários, por intermédio dos desafios propostos nos jogos.

Essa prática tem ganhado muito espaço na sociedade, sendo inserida nos negócios, na saúde, na escola e até em aplicativos e livros.

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"A gamificação na educação tenta simplificar o complexo", define Hélio Sales, diretor de conteúdo da Aonde Educacional e líder da equipe de criação de jogos da Conecturmar.

Para o especialista, esse método "tem muito a ensinar", já que os alunos de hoje não cabem mais no modelo de escola de antigamente.

Arivaldo Oliveira
Natal,RN - Na LBV crianças aprendem na prática conceitos basicos sobre robótica.

"Enquanto a tecnologia anda a passos largos, evoluindo e se transformando rapidamente, a educação fica se segurando, as coisas demoram a acontecer, há muita resistência, os professores não recebem o treinamento adequado", atesta.

A Pesquisa Game Brasil 2018 indica que 75,5% dos brasileiros são adeptos aos jogos eletrônicos. Segundo o levantamento, as plataformas mais utilizadas são:
- celulares/smartphones (84%); 
- console (46%);
- e computador (45%).

É sempre bom lembrar que esses jogos devem ser bem escolhidos e o tempo de exposição deve ser bem monitorado. Caso contrário, pode-se desenvolver o vício em jogos eletrônicos, o que é um problemão para a saúde...

Envolvimento da família

A implementação da tecnologia na educação também deve contar com o envolvimento da família. Por meio de reuniões, a escola deve notificar pais e responsáveis quanto às mudanças a serem feitas em sala de aula.

Dessa maneira, os familiares compreendem a proposta e podem se tornar importantes apoiadores, aumentando o engajamento dos filhos e oferecer feedbacks enriquecedores.

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O Conjunto Educacional da LBV, inclusive, realiza encontros frequentes com pais e responsáveis, além de promover cursos de informática para os pais que não têm familiaridade com as ferramentas tecnológicas.

"É fundamental que nós contemos à família qual é o nosso planejamento. Nesses encontros, contamos o que está acontecendo em sala de aula e a LBV propicia, inclusive, cursos aos pais para que eles tenham acesso à tecnologia. Muitas vezes, eles sentem medo de dar ao filho um instrumento tecnológico porque eles não dominam", disse Suelí Periotto, mestre em Educação pela PUC-SP e supervisora da linha educacional da LBV.

Vivian R. Ferreira

Aline Braga Trevisan completa: "No momento dessa troca de informação, mostramos o quanto é importante a tecnologia na educação, além das formas de supervisão, do controle de conteúdos, para garantir a segurança de seus filhos à exposição desses recursos".

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+ Desafios da internet: por que não participar dessas 'brincadeiras'?

"É urgente reeducar!"

Capa do livro É urgente reeducar!, do educador Paiva Netto, lançado na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Para concluir, compartilhamos com você essa elucidação do jornalista, radialista e escritor José de Paiva Netto, constante em seu livro, “É urgente reeducar” — que ganhou, inclusive, uma versão em espanhol.

Ele escreve: “No ensino reside a grande meta a ser atingida, já! E vamos mais longe: “somente a Reeducação, até mesmo dos educadores”, como preconizava o jornalista, radialista, poeta, pregador religioso e político Alziro Zarur (1914-1979), é capaz de garantir-nos tempos de prosperidade e harmonia”.

A tecnologia na educação é uma forma de reeducar, afinal de contas. ;)

Você pode acompanhar outros textos acompanhando o Blog do Paiva Netto.
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*¹ O programa Educação em Debate foi criado pelo educador Paiva Netto para discussão assuntos ligados à educação, sob a ótica da Espiritualidade Ecumênica.

*² Geração Z é o termo sociológico para designar aqueles que nasceram entre 1992 e 2010, após o surgimento da internet, e que desde pequenos já são familiarizados com todas as possibilidades da Era tecnológica.

*³ A Internet das Coisas visa embutir sensores em objetos do cotidiano para coletar dados e tomar decisões baseadas nesses dados, por meio de uma rede.