Dia do Índio: valorização da cultura é necessária durante todo o ano

Rafael Bruno Abrantes Ferro

18/04/2014 às 20h46 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

Imagine a seguinte cena: você está na sua casa, vivendo com a sua família, seus parentes... De repente, um desconhecido entra no seu lar e simplesmente diz que a casa não é mais sua, que você tem de sair dali. Esse forasteiro impõe a você e sua família um novo jeito de viver, menosprezando seus valores, seus costumes, sua história. O que Você faria?

Essa, infelizmente, não é uma história fictícia. Há pouco mais de 500 anos, os indígenas que viviam no Brasil se viram nessa situação, e o que puderam fazer não foi páreo para a opressão que sua cultura sofreu, levando em consideração a diminuição considerável da população indígena que vive hoje aqui, nas terras tupiniquins.

Vivian R. Ferreira

Segundo dados do Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, as 220 diferentes sociedades indígenas somam cerca de 817 mil pessoas.

Mas nem sempre é assim que se aprende nos bancos escolares. Do que Você se lembra sobre o Dia do Índio na escola? A Vanessa e o Eduardo tiveram experiências diferentes sobre a data.

Assim como no caso da Vanessa, não é incomum que as crianças nas primeiras séries aprendam que os indígenas vivem nas tabas e usam cocares e tangas. Mas geralmente é só isso. Porém, os seis anos de diferença entre Vanessa e Eduardo mostram que já houve algum avanço no ensino sobre as culturas indígenas, que são muito ricas para serem resumidas ao dia 19. "A visão do índio na escola sem dúvida tem melhorado bastante, mas ainda não o suficiente, porque na verdade ainda é muito preconceituosa, muito estigmatizada. [...] Porque o índio usa celular, relógio, não quer dizer que ele deixa de ser índio. [...] Nós usamos relógios importados da China, telefone importado dos Estados Unidos, e não deixamos de ser brasileiros por causa disso", destacou o diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho, antropólogo com especialização em línguas indígenas brasileiras.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
 

Há muitos anos, o jornalista, radialista e diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, destaca pioneiramente o Ecumenismo Irrestrito, que propaga a importância de se respeitar a pluralidade cultural, religiosa e étnica, criada por Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, visto que "todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez: Cristo Jesus" (Evangelho do Religioso Celeste, segundo João, 1:3). Em seu artigo Todo dia é dia de índio, Paiva Netto ressalta a contribuição valorosa e corajosa dos indígenas, que devem ser respeitados por todos.

+ Paiva Netto escreve: "A Carta do Chefe Seattle"

A doutora em Educação Rita Gomes do Nascimento, indígena do povo Potiguara, concorda com essa necessidade, destacando que o País tem trabalhado para mostrar a diversidade cultural dos povos indígenas. Coordenadora geral de Educação Escolar Indígena, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação, ela salienta que o Brasil "tem fomentado, dentro tanto das universidades quanto das escolas básicas, que trabalhem com a história das culturas dos povos indígenas, para que se diminua o preconceito com relação a eles, [...] para que de fato se tenha conhecimento de quem são os povos indígenas, onde estão, e da importância que esses povos têm para toda a sociedade brasileira".

ÍNDIOS COMEMORAM NO TEMPLO DA BOA VONTADE

O Templo da Boa Vontade, a Pirâmide das Almas Benditas e dos Espíritos Luminosos, é ecumênico por excelência. Abraçando pessoas de todas as crenças, filosofias de vida, classes sociais e etnias, o TBV, localizado na capital brasileira, anualmente faz homenagens aos primeiros habitantes da Terra Brasilis.

Vivian R. Ferreira

BRASÍLIA, DF — Índios das etnias Fulni-ô e Kariri-Xocó fazem dança sagrada da cultura indígena no Templo da Boa Vontade.

Sobre o fato de celebrar essa data no Monumento, Hawana, da etnia Pataxó, afirma: "Nós gostamos realmente de vir, apresentar, mostrar nossa cultura. É um local que nós nos sentimos bem! Estava conhecendo o espaço e deu para sentir um pouco da energia daqui, sinto a presença dos meus antepassados e é muito emocionante".

A etnia Kariri-Xocó sempre está presente nas comemorações do Dia do Índio no Templo da Paz. Representando a tribo, Tanoné ressaltou: "Tem mais de cinco anos que eu faço essa apresentação aqui e praticamente eu já me sinto aqui na minha casa, porque as pessoas são maravilhosas, e sempre lembram da gente. Que o Grande Espírito nos ilumine, tanto a nós, povos indígenas, como a todos vocês. Eu me sinto aqui dentro de uma casa de família indígena".

SÉRIE ESPECIAL

Em comemoração ao Dia do Índio, o Portal Boa Vontade apresentará, neste mês de abril, uma série de matérias abordando por exemplo, a representação do indígena nas artes, como o movimento conhecido como Indianismo; e como funcionam as ações afirmativas pela educação do indígena.