Como evitar que as crianças se tornem consumistas

Wellington Carvalho

03/05/2016 às 09h03 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h01

ora.hu
Os consumidores de 2 a 10 anos já representam o segundo maior público consumidor do Brasil.

Quem tem filhos sempre corre o risco de ouvir pedidos como “compra para mim, mãe?” ou “eu quero, pai!”. Com tantas propagandas veiculadas nos diversos meios de comunicação, o incentivo ao consumo fica cada vez mais aflorado. Porém, os pais devem estar atentos às vontades das crianças para não promover o consumismo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira com menos de 14 anos representa 28% do total de consumidores. Além disso, 22% do público composto por crianças de até 10 anos movimenta cerca de 50 bilhões de reais por ano. Essa faixa etária já representa o segundo maior público consumidor do Brasil.

A mestre em educação Tania Zagury afirmou ao programa Educação em Debate, da Super Rede Boa Vontade de Rádio, que “sem a orientação dos pais, o filho pode ser conduzido pelas mídias que têm interesse financeiro em ter um retorno efetivo com o seu anunciante”. Dessa forma, as crianças podem ser prejudicadas pelo estímulo do “compre para ser feliz”, isto é, quanto mais produtos melhor.

Por isso, a necessidade de toda a família saber manter padrões de consumo equilibrados, não fazendo das compras, um lazer. Aos pais, a educadora explica que “se os seus valores são consumistas, obviamente você os passará para seus filhos”. De acordo com Tania, “precisamos entender que a educação tem um poder fundamental para passar os valores que devem ser mais espirituais, mais humanistas, no sentido de se preocupar com o outro”.

Ao invés de permitir que a impulsividade por comprar ocorra, é preciso promover a consciência de que manter o equilíbrio nos gastos é necessário para afastar as crianças da prática consumista.

Por isso, unir "Cérebro e Coração”, ou seja, a Razão aos sentimentos, como propõe o educador Paiva Netto, é um imprescindível caminho para as crianças. Tal proposta, contida na Pedagogia do Afeto e na Pedagogia do Cidadão Ecumênicoaplicadas nas Escolas e Unidades Socioeducacionais da Legião da Boa Vontade (LBV), estimula a criticidade dos pequenos, de modo que saibam se posicionar eticamente diante de qualquer influência. 

“Como se evita que o filho se transforme em alguém comandado pelas necessidades de consumo? É preciso transformá-lo em um ser crítico, que seja capaz de refletir: ‘não vou fazer isso, pois estou sendo induzido para fazê-lo’”, destaca Tania Zagury.

É importante que os pais estabeleçam limites às crianças.

Além de passar mais tempo com os filhos, em momentos prazerosos de interação, em que eles não sejam influenciados pelo meios de comunicação, a especialista salienta a importância dos pais estabelecerem limites. “Eles devem mostrar aos filhos que nem sempre o ‘sim’ será possível. Com isso, se oferece raízes profundas à criança, no sentido que ela se tornará uma pessoa capaz de dizer ‘não’ também".

Faça como os pais da pequena Victória, de 11 anos, que tentam agradá-la sem perder a atenção com os exageros. “Não é sempre que eles me dão o que peço, porque antes de me darem alguma coisa, eles veem se eu realmente preciso”.

Acompanhe o programa Educação em Debate, pela Super Rede Boa Vontade de Rádio, aos sábados, às 2 horas e às 7 horas; com reapresentação especial aos domingos, às 7 horas, e às segundas, às 13 horas. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).