
Uso de cisternas favorece regiões do semiárido brasileiro
Wellington Carvalho
11/04/2014 às 19h02 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

Mesmo sendo um país de clima predominantemente tropical, o Brasil apresenta peculiaridades em cada região, afinal estamos falando do maior país da América Latina, com um território que ultrapassa oito milhões de quilômetros quadrados, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No caso do Nordeste, por exemplo, a região se destaca por enfrentar secas e estiagens.
Para se ter ideia, em 2013, os nordestinos enfrentaram o grande desafio de sobreviver em meio à maior seca dos últimos 50 anos, conforme apontou o relatório “Declaração sobre o Estado do Clima”, da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). Porém, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração Nacional, reconheceu, na última quinta-feira, 10, o estado de emergência em 236 cidades de 10 estados brasileiros, por falta ou excesso de chuva, sendo a maioria delas na região Nordeste. Em Pernambuco, por conta da estiagem que afetou o Estado recentemente, 68 cidades fazem parte do alerta.
Tendo em vista essa problemática, a implementação de cisternas no semiárido brasileiro é uma opção que favorece a qualidade de vida durante os períodos em que há poucas chuvas. De acordo com o diretor-presidente da Ação da Cidadania Comitê Betinho, José Roberto Vieira Barboza, “no Nordeste chove o suficiente para que se armazene água por um período de oito meses. Então tem a seca, mas há a chuva. Ter uma cisterna de placa com capacidade para 16 mil litros de água é suficiente para que uma família tenha água de qualidade para beber e cozinhar durante o período crítico da estiagem”, conforme explicou ao programa Sociedade Solidária*, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY).

Para a instalação dos reservatórios, Barboza explica que deve predominar o senso de urgência e solidariedade. No caso da Ação da Cidadania Comitê Betinho por exemplo, há um trabalho conjunto com outras ONG's. Estas avaliam as condições de sobrevivência das famílias de determinada região, beneficiando, logo de imediato, as mais vulneráveis às secas, como as mais numerosas e pobres, com idosos e crianças. Em seguida, essas pessoas recebem toda a orientação de como armazenar a água no equipamento.
“A cisterna cuida da saúde das pessoas pela possibilidade de armazenar água potável por muitos meses de estiagem. Os benefícios para a saúde e a diminuição da mortalidade infantil são fantásticos”, ressalta Barboza, também destacando que o recurso é inteligente, já que possui bomba externa que facilita utilizar a água sem contaminá-la com recipientes sujos. Além disso, enquanto chove, a água é armazenada na cisterna após o telhado e as calhas da casa forem limpas pela precipitação, podendo ser consumida tranquilamente.
Considerando os benefícios que o recurso pode oferecer, o presidente da Ação da Cidadania Comitê Betinho, José Roberto Vieira Barboza, salienta a necessidade de compartilharmos e empregarmos os elevados sentimentos pelo bem daqueles que mais necessitam: “Enquanto cidadãos, devemos arregaçar as mangas e abrir o nosso coração, lutando, também, pela implantação de políticas públicas. A luta por elas temperada com a ação da Solidariedade e da Fraternidade tem uma boa química, como nos ensinou Betinho" — fazendo referência ao professor e sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que, na década de 1990, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar campanha contra a fome.
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*O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), vai ao ar de segunda a sexta-feira às 18h30 e às 23h30, e aos domingos às 6h30 e às 20 horas. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).