
Serei mãe...vou dar conta?
Cris Haidar
06/05/2016 às 17h40 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05
A maternidade, por vezes, pode parecer uma grande aventura e vejam se não estou com a razão. O bebê chega ao mundo e, com ele, da noite para o dia, tudo vira de ponta cabeça. Não paramos de perguntar como um serzinho tão minúsculo tem a capacidade de bagunçar uma casa e seus moradores. Amamenta, troca a fralda, põe para dormir; não dorme, dá um banho gostoso, coloca para dormir novamente, não dorme, não dorme, não dorme, após muita luta com os paninhos no rostinho do bebê o sono chega, mas, para sua surpresa, já está na hora de fazer tudo de novo.

O tempo passa e a cada dia você aprende algo novo em relação aqueles olhinhos atentos, meigos e apaixonantes e começa a perceber que seu tempo já não é mais seu. Tudo aquilo que você sempre criticou nas outras mães descobre que está fazendo igualzinho. Mas ali está, perninhas que não param de mexer, pezinhos gorduchos, dobrinhas adoráveis e, de repente, você percebe que aqueles olhinhos atentos já te reconhecem. Que felicidade!
Como crescem rápido!
Logo que começam a falar inicia a fase dos "porquês". Todas as coisas novas que a criança vê são acompanhadas de inúmeras perguntas e todas ao mesmo tempo. Quando você vai responder a primeira delas, a boca já está preparada para dizer a palavrinha mágica “por quê?”. Você automaticamente vai buscar a resposta em sua mente e verbaliza para aquela linda criança. Quando pensa que ela irá se satisfazer com sua resposta vem a mesma pergunta novamente.

Com certeza, no meio de tantos questionamentos, você está atarefada com coisas da casa, do trabalho e do jantar, mas o pequeno não desiste. Lá vai a supermãe buscar em seus argumentos outra explicação e ao proferi-la, adivinhem? Mais um “por quê”. E mais outro, outro e outro... até que você, com um grande cansaço, diz: “Porque SIM! Assunto encerrado!
Adolescência! Socorro!
É um grande engano achar que a fase dos “porquês” passou. Apenas mudou o enfoque. Nesta fase, os filhos acham que sabem tudo. São únicos no universo, querem sair, descobrir a vida e você começa a enfrentar situações, caras e bocas e inúmeros questionamentos:
— Por que eu não posso ir?
— Porque não sei onde é com quem vai!
— Mas todos os meus amigos vão!
— Mas eu não vou ficar sossegada se você for.
— Mãe... Por que você precisa saber sempre de tudo?
— Porque eu zelo por você!
— Mãe, deixa eu ir! Por que isso?
— Por quê? Porque SIM! Assunto encerrado de novo!
Mas eles saem. E nós, mães, continuamos sem dormir. E é nesse momento que você sente saudade do tempo em que não dormia porque o bebê não conseguia conciliar o sono... que ironia, não é?
Da noite para o dia... adultos!
Pois é. Cresceram de vez. Agora entram e saem de casa sem você nem perceber. Faculdade, trabalho, autonomia, independência e estão sempre com pressa. Quando dá tempo ou quando querem, param para contar suas aventuras, descobertas. Trazem amigos, namoradas, novidades, viagens, contam o que fizeram no fim de semana, que passaram fora, e adivinhem? Você continua sem dormir, enquanto não recebe notícia de que estão bem, nem se for com um sinal de fumaça...
Sou mãe de dois lindos rapazes: um deles entrando para a fase adulta e o outro na adolescência e confesso que essa aventura ainda me tira o fôlego. Provavelmente no dia em que saírem de casa sentirei um misto de saudade e alegria. Saudade, pois terei a real noção de que grandes momentos ficaram para trás e alegria por estarem prontos para o mundo. Ufa! Missão cumprida! Será!?

Quando olho para trás e vejo o que passamos juntos, tudo que aprendi ao ensinar os meninos as coisas mais importantes da vida, vejo que fui abençoada com a tarefa de trazê-los ao mundo. Porque filho é assim: você os prepara para o mundo.
Certa vez ouvi esta frase em um filme: “Nós, mães, temos que deixar o passado, se engajar no presente e acreditar no futuro e ter a certeza de que sempre seremos mães e nossos filhos sempre serão filhos. A vida é um caminho de volta para casa”. Sim. Para mim, ser mãe é viver duas vezes, pois os filhos sempre voltam para casa.
E para você, o que é ser mãe? Mande-nos sua história!
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* Cris Haidar é colaboradora do Portal Boa Vontade