Biografia de Marie Curie

Madame Curie foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física e a lecionar na Sorbonne.

Irani Maria dos Santos

25/09/2018 às 15h04 - terça-feira | Atualizado em 16/10/2018 às 09h04

Reprodução BV
Madame Curie

Marya Sklodowska Curie, ou simplesmente Marie Curie, quinta filha de Wladyslaw Sklodowski, professor de Física e Matemática em Lublin, uma pequena vila de Varsóvia, Polônia, veio ao mundo em 7 de setembro de 1867. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física, a lecionar na Sorbonne, e a primeira personalidade a ganhar dois Prêmios Nobel: o de Física, em 1903, ao lado de seu esposo Pierre Curie (quando descobriu o elemento químico Polônio, nome em homenagem à sua terra natal, a Polônia), e o de Química, em 1911, por suas investigações sobre as propriedades do Rádio (elemento químico) e as características dos seus compostos.

A vida de Madame Curie não foi nada fácil. Aos 9 anos, sua irmã mais velha Sofia — a Zosia, apelido familiar que lhe deram seus pais e a quem tanto admirava — parte para o Mundo Espiritual, vitimada pelo tifo. Dois anos mais tarde, em 1876, é a vez de Marya se despedir de sua querida mãe, Mme. Sklodowski, que fora se juntar à Zosia, acometida por uma terrível tuberculose que a consumia há anos.

Numa Polônia cada vez mais atada ao jugo do poder russo, a vida de seu pai sofre uma contínua e irreversível reviravolta. À medida que os filhos crescem, vê-se em profundas dificuldades para equilibrar o parco orçamento caseiro, na manutenção da educação dos quatro filhos que lhe restou: Joseph, Helena, Bronislawa e a caçula Marie Curie. Com o ordenado que tem, apenas lhe resta custear o aluguel da casa e a comida para os filhos.

Outra saída não vê senão a de colocá-los na labuta diária para o sustento de cada um. Todos vão à luta, fazendo o que aprenderam com seu dedicado pai: ministrar aulas a quem delas necessitassem em Varsóvia. Marya, logo após concluir seus primeiros estudos, entrega-se ao trabalho abdicando-se de prosseguir nos bancos escolares.

Assim, trava conhecimento com as fadigas e humilhações comuns a esses modestos auxiliares do ensino. Longas eram as caminhadas, sob chuva intensa ou sob sol sufocante. Não uma nem duas vezes ficava a aguardar no lado de fora dos casarões por seus alunos, debaixo de uma nevasca incessante. E nem sempre todo esse sacrifício era recompensado à altura, pois apenas recebia alguns parcos rubros por horas a fio de dedicação.

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Dotada do espírito altruísta que lhe era peculiar, Marie Curie, mais tarde, aos dezessete anos, na mesma Varsóvia, ministrou aulas às humildes empregadas das fábricas de tecido, onde também fazia leitura de cartas às que não dispunham da ciência das letras. Aos poucos, com doações alheias, conseguiu formar uma pequena biblioteca para elas se aperfeiçoarem nos estudos.

Por viver tantas dificuldades e sofrimento, adoeceu e seu pai decidiu enviá-la à casa de parentes no interior da Polônia. Quando retornou, em meados de 1885, tentou ingressar na Universidade de Varsóvia, mas foi impedida pelo simples fato de ser mulher (nessa época, a instituição de ensino não admitia mulheres). Apesar disso, não desistiu de seus ideais e conseguiu uma vaga na Universidade Volante, uma unidade clandestina de educação superior que desafiava as autoridades russas, permitindo a entrada do sexo feminino.

Com seu espírito de generosidade, ao ver que sua irmã Bronislawa (que na ausência materna assumira os cuidados da casa) desejava arduamente concretizar seu sonho de infância, se formar em medicina em Paris, não se conteve e se inscreveu numa agência de colocações para tentar uma vaga de babá e governanta numa casa de família, e assim ajudar sua irmã. E conseguiu. Em 1886, aos dezoito anos, parte para o distrito de Plock, a cem quilômetros de Varsóvia, para trabalhar na casa dos Zorawski, uma família riquíssima, de muitas posses, deixando para trás, pela primeira vez, seu pai e irmãos, mas feliz por ajudar sua irmã.  Eis, então, que Marya deixará escrito na história uma das mais belas lições de renúncia e abnegação.

Ia o ano de 1886, e lecionava aulas às duas pequenas Zorawski. Era Natal, quando a família recebe de volta seus três filhos mais velhos em férias. Entre eles estava Casimir, que se apaixonara à primeira vista por Marie Curie, e veio, mais tarde, revelar o desejo de se casar com ela. O coração dela também correspondera ao seu afeto. Todavia, por ser uma “simples empregada”, no dizer da mãe de Casimir, este fora desestimulado por ela a esquecer sua paixão, sendo dissuadido pelos pais a abandonar seu amor por Marie, e regressar a Paris.

Marie Curie toma conhecimento de toda a trama arquitetada pela sra. Zorawski, o que aumenta sua profunda decepção e tristeza. Depara-se, então, com o dilema: como abandonar a casa dos Zorawski se sua irmã Bronia dependia do seu salário para realizar um sonho? Envolta em sofrimento atroz, permanece com os Zorawski até ao fim do contrato. Tolera o sacrifício em favor de sua irmã.

É esse espírito de generosidade que vemos impregnado naquela que mais tarde viera a ser uma das maiores cientistas da humanidade. Para abater o sofrimento que a dilacerara, Madame Curie mergulha nos livros, dedicando-se ao aprendizado de Química e Física por esforço próprio.

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Madame Curie com o esposo, Pierre Curie.

Em 1891, após ver seu sonho de noivado terminar, parte para Paris e se inscreve na Sorbone, onde alcança o primeiro lugar nos exames. Muda seu nome para melhor aceitação entre os franceses.  É lá que vai conhecer Pierre Curie, com quem se casará em 1895, tendo Eva e Irene como frutos dessa união. E vai proporcionar um dos maiores avanços da humanidade, ao descobrir o primeiro elemento químico radioativo – o Urânio – juntamente com seu esposo Pierre (1859 – 1906) e o químico Antoine Henri Becquerel (1852-1908). Mais tarde descobre o elemento químico Rádio, dois milhões de vezes mais radioativo que o Urânio, fato este que lhe custou a vida.

Visitou o Brasil em agosto de 1926, quando esteve no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, visitando os enfermos no Instituto do Radium, primeiro centro destinado à luta contra o câncer do nosso país. Marie desencarnou em 1934, vítima das radiações a que ficou exposta no trabalho.

Tem no seu curriculum três Prêmios Gener da Academia de Ciência de Paris; recebe a Medalha de Honra da cidade de Paris; a Medalha Davy, da Sociedade Real de Londres; Prêmio Osiris; Medalha Matteucci, da Sociedade Italiana de Ciências; Prêmio Actoniam, do Royal Institution of Great Britain; Grande Medalha de Ouro Kuhlmann, da Sociedade Industrial de Lille; Medalha de Ouro Elliot Gresson, do Instituto Franklin; Medalha Albert, da Royal Society of Arts de Londres; Grã-Cruz da Ordem Civil de Alfonso XII de Espanha; Prêmio de Pesquisa Ellen Richards; Medalha Benjamin Franklin, da American Philosophical Society of Philadelphia; Medalha John Scott; Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências Sociais de Nova York; Medalha William Gibbs, da American Chemical Society de Chicago; é eleita membro da Academia de Ciências de Paris; Medalha de Ouro da The Radiological Society of North America; Grande Prêmio do Marquês d’Argenteuil; Medalha do Bom Mérito da Primeira Classe do Governo Romeno; Medalha da New City Federation of Women’s Club; Prêmio Cameron da Universidade de Edimburgo; Medalha do American College of Radiology.

No livro Tesouros da Alma*¹, o escritor Paiva Netto faz transcrever este legado moral que Marie Curie deixa à posteridade:

"Jamais devemos sonhar em construir um mundo melhor sem o aperfeiçoamento dos indivíduos. Para esse fim, cada um de nós precisa trabalhar pelo próprio progresso e, ao mesmo tempo, compartilhar a responsabilidade geral por toda a humanidade."

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Abrimos, com essa página, a seção de biografias de grandes cientistas, dentro do Instituto de Estudo e Pesquisa da Ciência da Alma, enfatizando não só esses grandes expoentes da ciência, mas também suas vidas e obras que se traduziram em valorosas lições de vida para todos nós. São missionários destacados por Deus para elevar a ciência a novos patamares propiciando evolução nos mais diversos aspectos humanos e espirituais. E esta estratégia Divina do Cientista Celeste é verificada, inclusive, no Apocalipse de Jesus, conforme afirma o Educador Paiva Netto em seu artigo “Os 144 mil selados — o número-qualidade”. Vejamos:

“Cento e quarenta e quatro mil é o número daqueles que, de geração em geração, são destacados pelo Cristo para a grande tarefa missionária de levar a Sua Boa Nova ao mundo. Eles são o suprassumo espiritual da etnia humana, tendo em vista que há muito mais do que 144 mil atuando por Jesus no planeta. Os mais adiantados, os 144 mil, Ele distribui em todas as religiões, porque a mensagem não precisa ser flagrantemente Dele para que seja cristã. Jesus fala para todas as consciências, pois Sua linguagem é a da Fraternidade real. Quem não precisa dela? Eis por que sempre surgem na Humanidade verdadeiros luminares, impulsionando-a vigorosamente ao progresso. Foi o Cristo Planetário, o Verbo de Deus, quem mandou Moisés, Lutero, Santo Agostinho, Melanchton, Erasmo, Baha, Einstein, Beethoven, Edison, Tesla, Michelangelo, 
Zamenhof, Stravinski, Sócrates, Platão, Allan Kardec, Muhammad, Confúcio, Buda, Zarur, Spinoza, os Curie, Lao-tsé, São Francisco de Assis, Teresa d’Ávila, Gandhi, João XXIII, Madre Teresa de Calcutá, Antonio de Pádua, Anchieta, Jean de Bolais, Chico Xavier e tantos outros, até mesmo Marx, para sacudir o capitalismo selvagem e levá-lo, pelo temor do adversário ideológico, a humanizar-se. Na Terra, não há donos da Verdade. Não pensem que nosso planeta seja a casa da mãe joana. Há Homem ao leme: é Jesus!” .

Leia o artigo de Paiva Netto na íntegra.

Assim, ninguém melhor para iniciar esse artigo, do que a considerada pelos Leitores da revista BBC World History, em agosto de 2018, como a “Mulher mais influente da história do mundo”, a Prêmio Nobel de Física Marie Curie.

Agradeço de antemão a autora Irani Maria dos Santos, por esse belo texto de sua autoria.
Juliano Bento

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Bibliografia:

PAIVA NETTO, José de. Tesouros da alma. 2.ed. São Paulo: Elevação, 2017, p. 222.
CURIE, Eva. Madame Curie. Tradução de Monteiro Lobato. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, v.1, série 3, História. 1938. (Coleção Biblioteca do Espírito Moderno).
GIROUD, Françoise. Marie Curie. São Paulo: Martins Fontes, 1988. (Coleção Mulher).
GAROZZO, Filippo. Madame Curie. São Paulo: Editora Três, v.8, 1974. (Coleção Os Homens que Mudaram a Humanidade).

*¹ PAIVA NETTO, José de. Tesouros da alma. 2.ed. São Paulo: Elevação, 2017 p. 222.