Independência financeira contra a violência doméstica

Wellington Carvalho de Souza

04/03/2019 às 16h28 - segunda-feira | Atualizado em 08/03/2019 às 18h05

Jenny Mancilla

Graças à LBV da Bolívia, Dolores Choque (nome fictício), residente em La Paz, encontrou a chance de conquistar mais uma forma de garantir a subsistência familiar.

Além de buscar conscientizar diferentes gerações sobre o fato de que o público feminino deve desfrutar das mesmas oportunidades que o masculino, a LBV da Bolívia empenha-se em oferecer às atendidas condições de conquistar a autonomia financeira. Exemplo disso ocorre por intermédio do Centro de Capacitação Técnica, programa socioassistencial que a Entidade realiza em La Paz, capital política desse país. Por meio dessa iniciativa, são ministrados cursos de artesanato — entre estes os de confecção de macramé e de bijuterias — com a utilização de material reciclável, como sacos de náilon (na produção de bolsas).

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A formulação desse projeto teve base em um estudo socioeconômico feito com as famílias socialmente vulneráveis de crianças e adolescentes (faixa etária dos 6 aos 14 anos) atendidos pela Instituição na cidade de El Alto, por meio do programa Ronda da Caridade. Após analisar as informações dessa pesquisa, o Departamento de Assistência Social da LBV constatou que 85% das mães amparadas pela Entidade são chefes de família e que 70% delas não possuem mão de obra qualificada, sendo este o principal obstáculo que elas enfrentam para ter acesso a fontes de renda mais lucrativas.

Jenny Mancilla

Dolores Choque (nome fictício), de 52 anos, foi uma das 347 participantes do Centro de Capacitação Técnica em 2018. Graças a esse programa da LBV, encontrou a chance de conquistar mais uma forma de garantir a subsistência familiar, visto que é pouco o dinheiro que recebe lavando roupas para fora.

Jenny Mancilla

Antes de conhecer a LBV, Dolores dedicava-se somente a lavar roupas para famílias de sua vizinhança.

Essa valente senhora foi obrigada a assumir o sustento do lar após a separação do ex-parceiro, que a agredia verbalmente por ser analfabeta e por não ter salário, já que não podia trabalhar e ao mesmo tempo cuidar dos seis filhos do casal. “Muitas vezes, quando eu pedia dinheiro para alimentar as crianças, ele me humilhava, dizendo: ‘Você é inútil. Tenho vergonha de você. Por que não se vai?’ Sentia-me deprimida, com minha autoestima baixa. Pensei em abandonar meus filhos e ir embora. Chorava por me sentir impotente. Foi o amor dos meus meninos, que me abraçaram e me encheram de beijos, que me confortou. E, por eles, também decidi separar-me do pai deles”, revelou.

Hoje, com o apoio da Legião da Boa Vontade, ela confecciona bolsas e vestidos para bonecas e comercializa esses produtos — geralmente com resultado positivo — em frente a algumas escolas da região onde mora. “Foi muito bom participar dos cursos de reutilização de resíduos sólidos, porque não tenho que investir dinheiro para comprar os tecidos. Com sacos de náilon, faço as roupas e vendo-as. (...) É por isso que agradeço à LBV, que vem a estas áreas remotas e nos dá a oportunidade de aprender”, destacou.