Selfiemaníacos: será que você é um?

Fazer uma selfie até que é legal, desde que feita com equilíbrio.

Karine Salles

09/03/2018 às 11h23 - sexta-feira | Atualizado em 09/03/2018 às 14h47

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Graças ao avanço da tecnologia, com poucos movimentos, podemos registrar os momentos e expô-los aos nossos amigos e ao mundo inteiro pelas redes sociais. Um avanço e tanto, levando em conta que até meados de 1999 as pessoas precisavam de uma câmera e um filme – de 12, 24 ou 36 poses - para registrar algum momento. Se você viveu essa experiência, deve se lembrar da trabalheira que era para tirar fotos e depois era preciso revelar para ver como tinham saído. Algumas cortadas, outras embaçadas... 

Atualmente, por conta da facilidade de tirar fotos e mostrá-las a todos, diariamente somos ‘inundados’ com uma enxurrada de selfies. São aqueles autorretratos que vêm acompanhados de frases bonitinhas. Outras vezes, servem para mostrar onde estamos, ~ostentando~ algo que é legal ou que parece bom a quem posta. 

[E aí lançamos uma reflexão a você: será que não estamos nos expondo demais?] 

Ao Portal Boa Vontade, o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, que trabalha junto ao Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, explicou que a medida em que essas fotos são feitas, “vão substituindo o contato que tínhamos antes. Se hoje um jovem encontra uma celebridade o mais importante que colher o autografo é tirar uma foto ao lado da pessoa”, exemplificou.

Fazer uma selfie até que é legal, desde que feita com equilíbrio. Com certeza você tem aquele amigo que não para de encher a sua timeline com fotos. E esse exagero já o denominado como selfiemaníaco. Dados da pesquisa Selfiecity, feita em algumas cidades de continentes diferentes, revelaram que as mulheres são as que mais se fotografam; as brasileiras se destacam por maior exposição nas imagens.

Sobre esse exagero, Nabuco salienta que esse é o perfil daquela pessoa que de uma maneira contínua e ininterrupta fica se autofotografando com o objetivo de poder mostrar para os outros aquilo que vive. Ou pior: criar uma imagem que talvez nem seja real. 

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Segundo ele, “uma selfie retrata aquilo que você não é para aquelas pessoas que não gostam de você. Já que ela vai ser colocada nas redes sociais, onde sabemos que grande parte dos ‘seguidores’ são pessoas que tem grande afeição, grande admiração. É uma maneira rápida de se obter algum grau de destaque social, de valorização”.

Só que essa busca incansável de destaque é classificada como ‘inconveniente’ por muitos. E quem muito posta acaba sendo ~julgado~ pelos outros como metido, carente ou o que mais a criatividade humana permitir. Aí, o efeito de querer likes e autoafirmação acaba sendo reverso, de acordo com o psicólogo. E o que acontece com o selfiemaníaco? Uma “exclusão social, exatamente pela falta de equilíbrio do comportamento. Elas acabam, sem perceber, gerando esse tipo de consequência”, explica Nabuco.

Esse comportamento atrai, inclusive, os olhares de pessoas mal-intencionadas, os criminosos virtuais. E o nobre Doutor Bezerra de Menezes (Espírito), dentro da Revolução Mundial dos Espíritos de Luz, a Quarta Revelação, a Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, alerta que: "Todos têm a oportunidade de corrigir os excessos, as exposições pessoais. Sejam mais comedidos, caríssimos Irmãos e Irmãs, menos expostos. Cuidado! A Humanidade se encarrega de destruir aqueles que se expõem demais quando por conta de assuntos particulares! (...) Falo-lhes da necessária reserva quanto à exposição pessoal, particular! Não queiram agradar ao mundo, porque podem perder suas Almas."

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Ainda sob o ponto de vista clínico, Cristiano Nabuco reforça que essa atividade gera dependência das redes sociais e a pessoa pode apresentar depressão, transtorno bipolar do humor ou fobia social.  “Sabe-se que indivíduos que fazem o uso excessivo dessas tecnologias estariam, de uma maneira de outra, na vida virtual, ‘compensando’ dificuldades que eles apresentariam na vida real, por isso que então que a vida virtual se torna tão atrativa”. Sabe aquele seu amigo que não desgruda do celular? Então, até a dependência do celular já tem nome: nomofobia.

Além disso, segundo um estudo feito no Maudsley NHS Trust and The Priory Hospital, dois terços das pessoas que tiram muitas selfies possuem o transtorno dismórfico corporal, que é um problema de saúde mental relacionados à imagem corporal, em que um indivíduo tem uma preocupação com um ou mais defeitos percebidos em sua aparência. Por isso, que os ‘filtros’ são usados também com frequência. 

Sabemos que tem muita coisa boa no mundo virtual. Não estamos dizendo para você parar de tirar fotos, mas é preciso tomar alguns cuidados com os excessos. Por isso, utilize os canais para compartilhar boas notícias e informações que sejam relevantes para ajudar a construir um mundo melhor. Aliás, já conhece o Facebook do Portal Boa Vontade? Lá sempre tem boas notícias para você compartilhar com seus amigos =)