Infecções por HIV diminuem no mundo, mas crescem no Brasil; prevenir é melhor remédio

Wellington Carvalho

16/07/2014 às 17h07 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02

Unaids

Relatório divulgado nesta quarta-feira, 16, pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), indica que a quantidade de infecções pelo Vírus da Imunodeficiência Humana caiu, em todo o mundo, de 2,9 para 2,1 milhões entre 2005 e 2013. Em contrapartida, os brasileiros devem se atentar ainda mais aos cuidados para evitar o contágio, já que a quantidade de casos aumentou 11% durante o mesmo período no território nacional.

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Em 2013, o Brasil registrou 47% de todos os novos casos contabilizados na América Latina — que teve queda de 3% nos últimos oito anos. A estimativa do Unaids é que 1,6 milhão de pessoas vivem com HIV na região latino-americana. A maioria dos casos, o que equivale a 75%, se concentra em cinco países: Argentina, Brasil, Colômbia, México e Venezuela. Dentre as exceções, o México, por exemplo, registrou queda de 39% e o Peru, 26%.

O cálculo é que dez novas infecções por HIV são registradas a cada hora entre os latino-americanos, onde aproximadamente um terço das novas infecções ocorre entre jovens de 15 a 24 anos. Mas a América Latina continua tendo a maior cobertura antirretroviral do planeta — aproximadamente 45% dentre 1,6 milhão de pessoas com o vírus têm acesso à terapia. Brasil, Chile, El Salvador, México, Peru e Venezuela registram mais de 40% de cobertura.

Dentre os destaques, o Unaids ponderou que "populações mais vulneráveis enfrentam altos níveis de estigma, discriminação e violência, que criam obstáculos no acesso à prevenção da doença, ao tratamento, ao cuidado e aos serviços de apoio".

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* Com informações da Agência Brasil.

PREVENÇÃO É A MELHOR ALTERNATIVA

Para que a qualidade de vida dos indivíduos não seja comprometida, a prevenção contra o HIV é imprescindível e depende de nós mesmos, já que o vírus é transmitido por meio de sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno. Para evitar a aids, basta utilizar preservativos em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos cortantes com outras pessoas, como informa o Ministério da Saúde.

O acesso à informação sobre a doença é outro fator extremamente importante para evitar as novas infecções. Em seu artigo Aids — não esmorecer a luta, o jornalista, radialista e escritor Paiva Netto ressalta que o conhecimento precisa ser sempre transmitido e debatido com os jovens sobre o assunto, de forma que mesmo os mais novos saibam, desde cedo, da importância da prevenção.

Por isso, a Legião da Boa Vontade (LBV) sempre procura expandir o conhecimento sobre o malefício, como nas aulas de Convivência*, aplicadas nas unidades educacionais da LBV. Nessa matéria, os alunos desenvolvem pesquisas e debates fraternos em torno de assuntos da atualidade, a exemplo das discussões de prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e do combate à banalização do sexo.

Ainda que o tratamento da aids no Brasil seja reconhecido internacionalmente como um dos melhores em todo o mundo, prevenir a doença ainda é a melhor ferramenta de luta contra a doença. De acordo com a pedagoga Nair Brito, portadora do HIV há 21 anos, "os medicamentos não são nenhuma bala de doce. Eles provocam efeitos severos no organismo e no corpo. Continua sendo um desafio viver com aids". Ela ainda deixou um recado, destacando a necessidade da precaução: "Quem não está infectado com o HIV se proteja! Proteja-se mesmo, porque não é bom viver com vírus, mesmo tendo os medicamentos", declarou ao Portal Boa Vontade.

CONTRA O VÍRUS DO PRECONCEITO

Se promover a prevenção contra a aids é passo decisivo, prestar solidariedade aos portadores do HIV também é fundamental, visto que a discriminação é um dos principais fatores que prejudicam o acesso ao tratamento, de acordo com o Unaids. Para evitar esse problema, recentemente foi sancionada e já está em vigor lei que torna crime o preconceito contra soropositivos.

Com a norma, condutas como recusar ou impedir que o portador do HIV/Aids permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau — público ou privado — é crime punível com reclusão de um a quatro anos mais multa. Veja outras condutas discriminatórias que são punidas pela lei:

— Negar emprego ou trabalho;
— Exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
— Segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
— Recusar ou retardar atendimento de saúde.

Em 1º de dezembro de 1996, no Dia Internacional da Luta contra a Aids, personalidades se uniram à multidão que superlotou a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, RJ, para a mobilização da LBV em defesa da Vida.

Além disso, divulgar a condição do portador do HIV/Aids, no intuito de ofender-lhe a dignidade, e recusar ou retardar atendimento de saúde também caracterizam crime de discriminação e é cabível de multa e reclusão.

PIONEIRA CAMPANHA DA LBV

Vale ressaltar que, no combate ao preconceito contra os soropositivos, a LBV atua com a vanguardeira campanha "Aids — O vírus do preconceito agride mais que a doença", reflexão do dirigente da Instituição, José de Paiva Netto, lançada pioneiramente na década de 1990.

Essa campanha de prevenção da doença e valorização da Vida ganhou força em mobilizações pelo Brasil e exterior, a exemplo da marcha promovida pela LBV que reuniu 200 mil pessoas na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, RJ. Além disso, tem repercussão constante em organismos internacionais e veículos de comunicação. Reconhecendo o pioneirismo dessa iniciativa, a página oficial do Unaids no Brasil chegou a divulgar a atuação solidária da Entidade em 2012, especialmente no dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

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* Aulas de Convivência — A disciplina de Convivência, criada pelo educador Paiva Netto e ministrada nas redes de ensino da Legião da Boa Vontade em todo o País e no exterior, convida os alunos para atividades de pesquisa e discussão de assuntos importantes do cotidiano e das relações entre as pessoas em uma sociedade.