Surto de H1N1 antecipa vacinação extra no noroeste de São Paulo

Agência Brasil

28/03/2016 às 15h44 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

Após detectar o surgimento de casos de gripe H1N1 na região de São José do Rio Preto, no noroeste paulista, a Secretaria da Saúde de São Paulo decidiu iniciar, na última semana, a vacinação antecipada contra o vírus em 67 cidades da região, objetivando imunizar 323,7 mil pessoas.

O público-alvo é o mesmo de campanhas anteriores do Ministério da Saúde: idosos, gestantes, profissionais de saúde, puérperas, crianças de 6 meses a 4 anos e pessoas com doenças crônicas. De um total de 388,5 mil pessoas inseridas nesse grupo de vulnerabilidade à infecção, o governo paulista espera vacinar 80% até o dia 8 de abril.


Entre as mais de seis dezenas de cidades listadas como parte do surto de H1N1 estão, além de São José do Rio Preto, Mirassol, Bálsamo, Adolfo, Cardoso, Monte Aprazível , Catanduva, Ibirá, Nova aliança, Santa Adélia e Votuporanga.

Por meio de nota, a diretora de imunização da Secretaria, Helena Sato, destacou que “que quem tomar a vacina agora não estará desobrigado de também tomá-la durante a campanha nacional, que terá início em 30 de abril, uma vez que se tratam de vacinas diferentes, isto é, a composição que será utilizada durante a Campanha Nacional será diferente, uma vez que a composição pode mudar por causa dos vírus circulantes em cada ano”.

O comunicado esclareceu ainda que a vacina a ser utilizada nessa campanha extra é a mesma da campanha de 2015: composta pelos vírus A/California (H1N1), A/South Australia (H3N2) e B (Puket). Já na vacinação que ocorrerá no período da campanha nacional e que deverá proteger a população contra infecções mais comuns no inverno são relacionadas aos vírus A/California (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane.

De acordo com a nota, em cumprimento determinado pelo Ministério da Saúde são de notificação obrigatória no país apenas casos de gripe grave, caracterizados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), independentemente do tipo.


Infecção por H1N1

De janeiro até 14 de março, ocorreram em São Paulo 191 casos de SRAG, dos quais 157 referiam-se ao vírus Influenza à variante do tipo A (H1N1). Do total de doentes, 27 acabaram morrendo, sendo 23 desses óbitos relacionados à contaminação pelo pelos H1N1.

Só na região de São José do Rio Preto foram notificados 82 infecções pelo H1N1, configurando-se o surto epidêmico, conforme afirmou, por meio de nota, o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde, Marcos Boulos. O infectologista justificou que a vacinação extra ocorrerá apenas na região pela grande concentração de notificações. “Dez dos 23 óbitos registrados também são da região”, afirmou Boulos.

Para o infectologista Max Igor Lopes, do Hospital Santa Catarina, houve uma antecipação de casos mais transmitidos no período entre maio e começo de junho, quando, normalmente, há uma queda maior na temperatura. Ele lembrou que, no frio, as pessoas tendem a ficar mais agrupadas em locais fechados e isso favorece as transmissões. Segundo ele, este mesmo comportamento pode ter ocorrido nesse começo do ano, por causa do tempo mais chuvoso.

O médico esclareceu que o H1N1 é uma das duas variantes do vírus Influenza tipo A. Conforme o especialista, existem três tipos desse vírus (A,  B e C) e que na categoria do A podem ocorrer a infecção pelo H3N2 ou H1N1, sendo este último o que tem prevalecido. Com a característica de se desenvolver entre os vários tipos de animais, a doença ocorre, por exemplo, em aves, focas e porcos, “daí sua denominação de gripe suína”, acrescentou Max Igor Lopes.

Para Lopes, a dificuldade em combatê-la é que esse vírus tem grande capacidade de mutação genética e isso exige que o organismo da pessoa infectada se defenda com a criação de novos anticorpos. De acordo com o infectologista, os sintomas apresentados pelo doente com H1N1 são bem parecidos com os que ocorrem em casos de dengue ou da gripe comum. O que difere são as dores intensas no corpo, cabeça e garganta, além da coriza. O diagnóstico preciso é feito por meio de sorologia ou análise laboratorial de secreções. “O grande problema é o risco de uma evolução para pneumonia”, concluiu o médico.