Pesquisa aponta que, em 2013, quase 40% dos brasileiros apresentaram alguma doença crônica

Agência Brasil

10/12/2014 às 14h15 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Ingerir bebida alcoólica, fumar, não praticar exercícios físicos, assim como não se alimentar saudavelmente, são as principais causas.



A primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificou que 39,3% dos brasileiros adultos foram diagnosticados com pelo menos uma doença crônica não transmissível em 2013, como câncer, depressão, diabetes, asma, além de outras sete citadas no relatório. Juntas, essas doenças respondem por mais de 70% das mortes no País.

Os pesquisadores visitaram 80 mil casas em 1,6 mil municípios de todas as regiões, durante o segundo semestre do ano passado e expandiram os resultados obtidos para o universo de 146,3 milhões de adultos. A PNS estimou que o Brasil tem 31,3 milhões de hipertensos, 27 milhões com problemas na coluna e 2,2 milhões de pessoas que já sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Parte da população foi diagnosticada com colesterol alto, enquanto 6,2% têm diabetes e 4,2% apresentam alguma doença cardiovascular.

A região Sudeste liderou os diagnósticos de hipertensão, com 23,3%. A prevalência da doença entre as mulheres foi maior (24,2%) que entre os homens (18,3%). Em todo o Brasil, 69,7% dos hipertensos afirmaram receber assistência médica nos 12 meses anteriores à pesquisa.

No que se refere ao colesterol elevado, a proporção maior foi encontrada também nas mulheres (15,1%). Entre os homens, o percentual foi 9,7%, sendo que, para ambos os sexos, a principal recomendação médica para baixar a taxa de colesterol foi ter uma alimentação saudável (93,7% dos casos).

Em termos de depressão, a doença foi confirmada em 11,2 milhões de adultos, o que correspondeu a 7,6% de pessoas com 18 anos ou mais. A pesquisa destaca, entretanto, que desse total somente 46,6% tiveram assistência médica nos 12 meses anteriores à pesquisa. Em relação ao câncer, o diagnóstico foi positivo para 2,7 milhões de pessoas. Entre os homens, a incidência maior é o de próstata (36,9%) e, entre as mulheres, o de mama (39,1%) e o de colo de útero (11,8%). Nos dois sexos, o tipo de câncer mais comum é o de pele (16,2%).

A única região que apresentou proporção de casos de problema crônico de coluna superior à média nacional foi a Sul, com 23,3%. A maior prevalência no Brasil, em 2013, para esse tipo de doença foi encontrada também entre as mulheres (21,1%), enquanto nos homens o índice foi 15,5%.

PRINCIPAIS CAUSAS

A PNS identificou que 24% da população adulta costumavam ingerir bebida alcoólica pelo menos uma vez por semana, sendo que esse hábito é mais frequente entre os homens (36,3%) do que entre as mulheres (13%).

A gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, destacou que “quando se associa a bebida à direção, verifica-se que a proporção de homens (27,4%) supera a de mulheres (11,9%)”. Entre os brasileiros acima de 18 anos que dirigem veículos no trânsito, 24,3% admitiram ter dirigido automóvel ou motocicleta após ingerir bebida alcoólica.

Do total de adultos pesquisados no Brasil, 12,7% eram fumantes diários e 17,5%, ex-fumantes, em 2013. Entre os que fumavam todos os dias, os homens foram a maior parcela: 16,2%, contra 9,7% de mulheres. O cigarro industrializado foi o produto do tabaco mais consumido por 14,5% dos fumantes.

A PNS mostrou ainda que 46% dos adultos consultados não costumavam praticar atividades físicas em nível satisfatório tanto no lazer quanto no trabalho, em casa ou no deslocamento para o trabalho. No lazer, considerado mais importante pelos técnicos do IBGE, 27,1% dos homens acima de 18 anos praticavam o nível recomendado de atividades físicas em 2013. Entre as mulheres, o índice foi 18,4%.

Entre os adultos, 28,9% admitiram assistir televisão por um período acima de três horas por dia. Conjugado ao fato de não praticarem atividades físicas suficientes no tempo livre, principalmente, isso  amplia a possibilidade de se tornarem obesas e, em consequência, sujeitas a outras doenças, alerta a pesquisa.

Em 2013, 37,3% da população relataram seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) no que se refere ao consumo de frutas e hortaliças, que envolve a ingestão diária de, pelo menos, 400 gramas desses alimentos. São destaques as regiões Centro-Oeste e Sudeste, onde o consumo de frutas e hortaliças atingiu 43,9% e 42,8%, respectivamente. Maria Lúcia chamou a atenção, em contrapartida, para o fato de 37,2% dos brasileiros terem admitido consumir carne vermelha ou frango com excesso de gordura, principalmente na Região Centro-Oeste (45,7%). O consumo desses alimentos foi maior entre os homens (47,2%) do que entre as mulheres (28,3%).

A gerente da Pesquisa Nacional de Saúde, Maria Lúcia, ainda ponderou: “Sabemos que as mulheres frequentam mais os consultórios médicos, elas procuram mais que os homens, por isso têm mais diagnóstico. Além disso, elas atingem idades mais avançadas e essas doenças crônicas ocorrem em maior proporção conforme a idade aumenta. Essas seriam as justificativas para as mulheres terem uma prevalência maior dessas doenças”.