Epilepsia: o que fazer durante as crises; conheça também a dieta cetogênica

Thayna D. Reis dos Santos

25/07/2016 às 11h33 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

A epilepsia é uma doença crônica que pode durar anos ou a vida inteira. É caracterizada por uma atividade excessiva do cérebro e se inicia com uma descarga elétrica entre neurônios mais duradoura que o normal. A doença pode ser genética ou adquirida por um trauma como uma pancada forte na cabeça ou um derrame.

A neurologista infantil, dra. Letícia Sampaio, em entrevista ao programa Viver é Melhor!, da  Boa Vontade TV (canal 196 da NET e da Claro TV e 212 da Oi TV), explicou que o nosso cérebro funciona como uma grande rede elétrica e, quando as crises epiléticas ocorrem, é como se houvesse um curto circuito. No entanto, quando essas crises começam a se repetir, denomina-se epilepsia. O quadro costuma ser mais frequente em crianças e em idosos.

Mas qual é a causa?

Diversos fatores podem estar relacionados ao desenvolvimento dela, sobretudo, as lesões cerebrais ocorridas antes ou depois do nascimento. São causas frequentes também a falta de oxigenação no cérebro ao nascer, a origem genética e a má formação do sistema nervoso central. Há casos, ainda, em que a origem da doença cerebral não é identificada pelos médicos. Existem também as síndromes epiléticas nas quais os médicos enquadram a pessoa em um grupo que associa o desenvolvimento da doença a uma certa alteração na atividade cerebral. “Ao classificarmos a síndrome, nós conseguimos avaliar como este determinado grupo evolui e isso ajuda na hora de dar um prognóstico melhor”, afirma a especialista.

No caso dos recém-nascidos, a crise epilética pode não estar associada à epilepsia e, sim, a um distúrbio metabólico, como uma alteração da glicose no sangue. “Se o bebê tem uma alteração cerebral por hipoglicemia não significa que ele irá ter epilepsia depois”, esclarece a dra. Letícia. Nesse caso, o que pode ter ocorrido é um uma crise sintomática aguda, que pode não mais se repetir. 

Qual é o tratamento para epilepsia?

Quando uma pessoa estiver em uma crise, o ideal é esperar a pessoa retornar, não se apavorarando e tentando protegê-la para evitar que ela se machuque. Você também deve colocá-la de lado para que, caso ela chegue a vomitar, não prejudique o pulmão.  A neurologista diz: “ A crise dura em média de 1 a 2 minutos e o ideal é esperar que ela passe”.

Atenção: Na hora de proteger a pessoa, não se deve ficar segurando a cabeça ou os membros. Você pode apoiar a cabeça dela em uma almofada ou colocar um casaco embaixo, mas o ideal é deixar a pessoa ali e aguardar que ela volte.

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Devemos sempre procurar um pronto-socorro?

A especialista afirma que nem sempre há a necessidade de procurar um médico. O ideal é entender o motivo pelo qual a crise está ocorrendo. “Se for uma pessoa que sabe que tem epilepsia e já faz um tratamento, não há a necessidade de ir todas vezes para o hospital, basta informar o seu médico que houve uma crise de escape e monitorar o que aconteceu.”

Ao levar o paciente ao pronto-socorro, normalmente, é realizado uma série de procedimentos importantes, mas que nesse momento poderão ser denecessários. Por isso, o ideal é acompanhar a doença com um médico fixo.

Devo segurar a língua da pessoa na hora da crise?

“Na verdade não se deve fazer nada “, aconselha a dra. Letícia. É quase impossível alguém conseguir enrolar a língua. O que acontece é que no momento da crise há uma contração muscular forte, que pode deixar a língua um pouco roxa, pois a pessoa pode parar de respirar rapidamente, mas ela volta. E, ao colocar a mão na boca da pessoa, você pode se machucar.

Alimentação como aliada para tratar epilepsia

A nutricionista Marcela Gregório explicou durante o programa a respeito da dieta cetogênica, uma forte aliada no tratamento da epilepsia. Ela é mais indicada nos casos de pacientes refratários aos medicamentos ou até quando o enfermo fez uso de duas ou mais medicações e não respondeu adequadamente ao tratamento. “A dieta cetogênica possui diversos mecanismos no cérebro a fim de reduzir o linear convulsivo desse paciente”, afirma a dra. Marcela. Ela tem como principal função diminuir a intensidade das descargas elétricas e, por consequência, reduzir as crises.

Como funciona a dieta cetogênia?

Há um aumento na ingestão de alimentos com fontes de gordura e redução de itens que possuam fonte de carboidratos. Com isso, o organismo do paciente entra em estado de cetose. Desse modo, o corpo tem outra fonte de energia que não seja a glicose produzida pelos carboidratos. O motivo é que quando a glicose chega ao cérebro de um paciente com epilepsia refratária, ela acaba super estimulando o cérebro e hiper excitando os neurônios. Isso favorece nos pacientes o desenvolvimento de crises epiléticas.

O mecanismo da dieta cetogênica é fazer com que haja um aumento de corpos cetônicos para que eles, ao atingirem o cérebro, possam fornecer energia assim como a glicose. Dessa maneira, o corpo consegue ter as substâncias necessárias para funcionar normalmente, reduzindo as possibilidades de crises. 

Para conferir a entrevista na íntegra, dê o play no vídeo abaixo 

 

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